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Coluna | Leonardo Godinho Nunes

Propósito da profecia apocalíptica - Parte II

Jesus explica a verdadeira razão que deve impulsionar o estudo dos eventos proféticos


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Frente às dúvidas dos discípulos, Jesus mostrou o que mais importa observar e fazer. O mesmo vale para os cristãos hoje (Foto: Shutterstock)

No artigo anterior, algumas perguntas levantadas permaneceram sem resposta. Neste texto, essas questões serão retomadas e esclarecidas.

Mateus 24:35-36 marca uma mudança importante no discurso de Jesus: “Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão. Mas a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão o Pai.” Essas palavras demonstram a ênfase de Jesus sobre o estudo dos eventos proféticos.

Profecia não foi dada para matar a curiosidade das pessoas quanto ao futuro. Profecias bíblicas não são adivinhadoras do futuro. Os discípulos queriam saber “quando.” Jesus responde: “Mas a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão o Pai.” É como se Ele estivesse dizendo: “Se nem Eu sei, você quer saber?”

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A profecia é dada para sabermos que o que Deus promete, Ele cumpre, e que as palavras dEle são plenas de certeza e segurança. Deus é fiel, e Suas palavras não passarão jamais. Deus controla a história do universo, e, portanto, cuida de nós. O final da história é a vitória de Deus e Seu povo. A dor e sofrimento desse mundo terão fim. Tenha certeza de Jesus vai voltar. Os eventos proféticos são descritos para que quando virmos os eventos se cumprindo, nossa fé em Deus seja aprofundada. Esse pensamento pode ser resumido nas palavras de Jesus em João 14:29: “Disse-vos agora, antes que aconteça, para que, quando acontecer, vós creiais.”

A partir de Mateus 24:37, a maior porção do discurso, Jesus manifesta Sua preocupação na relação dos discípulos com a segunda vinda. Ele diz que Sua vinda poderá pegar a todos despercebidos, mas seus discípulos não podem estar despreparados (vv. 37-44). Dois imperativos nesse texto resumem o cuidado de Jesus com respeito à Sua volta: “vigiai” (v. 42) e “estai preparados” (v. 44). Os discípulos estavam preocupados em saber quando Jesus voltaria, mas a Sua ênfase está em vigiar e estar preparado.

A didática de Cristo

Jesus conta, então, quatro parábolas para explicar melhor como vigiar e estar preparado (Mateus 24:45-25:46). Na primeira parábola (Mateus 24:45-51), o bom servo é aquele que cuida dos conservos, obedecendo o Mestre. O mau servo é aquele que diz: “Meu senhor demora-se” (v. 48), e passa a maltratar os conservos. O bom servo, portanto, sempre tem em perspectiva que Jesus está voltando em breve.

Na segunda parábola (Mateus 25:1-13), as virgens que estão preparadas para a chegada do noivo e entram na sua festa de casamento são as que tem óleo de reserva. Na terceira (Mateus 25:14-30), dos talentos, os bons servos são os que usam e multiplicam os talentos recebidos, enquanto o que não usa é excluído da presença do seu senhor quando este regressa. A última parábola, o grande julgamento (Mateus 25:31-46), fala do momento do regresso do Filho do Homem em majestade e glória para julgar os povos. Os justos são aqueles que cuidam dos necessitados por princípio e não por interesses meritórios. Essa parábola retoma o tema da primeira e expande em detalhes o tema do julgamento.

Aplicação

O bom servo vigia e se prepara ao ter sempre em mente que Jesus está voltando logo. Ele tem óleo de reserva, trabalha e multiplica para o seu Senhor, e faz tudo isso com intenções puras. A maneira de vigiar e se preparar para a volta de Jesus não é estando fascinado pelas notícias dos jornais, mas considerando constantemente que Jesus está voltando, cuidando dos irmãos, aprofundando a experiência com Deus e trabalhando para Ele como uma resposta de gratidão.

Em Atos 1:6 os discípulos fazem a mesma pergunta, preocupados com o tempo: “Senhor, será este o tempo em que restaures o reino a Israel?” Jesus responde da mesma forma que em Mateus 24-25, só que de forma concisa:

“Respondeu-lhes: Não vos compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou pela sua exclusiva autoridade; mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra” (Atos 1:7-8).

Não nos compete saber tempos ou épocas. Nos compete receber o Espírito Santo (como as virgens prudentes) e testemunhar (como os bons servos) até os confins da Terra, até que Jesus venha.

A profecia apocalíptica não foi dada para satisfazer a curiosidade do ser humano quanto ao futuro e esperar para se preparar quando as coisas acontecerem. Profecia apocalíptica foi dada para aprofundar nossa fé ao saber que a Palavra de Deus se cumpre, e que a vitória final é certa. Nas palavras de Cristo: “Disse-vos agora, antes que aconteça, para que, quando acontecer, vós creiais” (João 14:29).

Leonardo Godinho Nunes

Leonardo Godinho Nunes

Conexão Profética II

Profecias, no seu contexto, explicadas para quem quer entender o tempo em que vive.

Doutor em Teologia Bíblica pela Universidade Andrews, é pastor há mais de 25 anos e professor de Teologia. Atualmente trabalha como coordenador do Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia da Faculdade Adventista do Paraná. É casado com Beverly S. M. Nunes e pai de Larissa e Eduardo.