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Coluna | Karyne Correia

Vamos falar sobre relacionamentos?

As amizades e os relacionamentos estão mais consistentes ou menos atualmente?


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Foto: Shutterstock

Fomos criados para nos relacionar. Deus fez o homem e viu que não era bom que ele estivesse só. O próprio Deus se importa, desde o início da nossa existência, em se relacionar conosco. Relacionamentos são dinâmicos e modelados pelo tempo e a cultura. As formas como nos relacionamos podem variar, e variaram ao longo da história. O que continua o mesmo é o fato de que, tanto no passado quanto hoje, relacionamentos são importantes!

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Durante o mestrado, tive a oportunidade de me aprofundar no estudo do impacto psicológico de uma doença dermatológica (o vitiligo) na vida de seus portadores. Analisando os relatos dos participantes de minha pesquisa, identifiquei que a área de suas vidas mais afetada pela doença era a social, e o sofrimento que isso lhes gerava era tremendo. Alguns dos participantes já haviam tido pensamentos suicidas, outros viviam num padrão de comportamentos de esquiva devido a forma como eram vistos e tratados pelas pessoas.

Relacionar-se com outras pessoas, pertencer a um grupo, ser amado e querido, é algo que desejamos. E quando alguma coisa afeta nossos relacionamentos, nossa vida social, isso gera dor emocional e, algumas vezes, dor física também.

Como eu citei no início deste texto, a forma como nos relacionamos é influenciada pela época em que vivemos. Houve um tempo em que para estar com os amigos as pessoas precisavam sair de casa, andar um trajeto a pé ou a cavalo, para então chegar à casa daquele com quem desejavam conversar. Com o avanço tecnológico, chegou um tempo em que o telefone encurtava as distâncias. Muitos casais de namorados (gente que está viva, o que mostra que não faz tanto tempo assim) se comunicaram por meio de cartas, uma vez que não podiam estar próximos. O fato é que, ao longo dos séculos, encontramos diferentes meios de nos relacionar, e esses meios afetaram nossos relacionamentos de muitas maneiras.

Chegamos então à era das redes sociais online. Podemos estar sozinhos em casa e, ao mesmo tempo, estarmos com a "casa cheia", simplesmente realizando uma ligação pelo FaceTime ou outro tipo de dispositivo para falar com a família que mora em outro estado ou país. Acordamos e dormimos nos comunicando com gente conhecida e desconhecida que entra em contato conosco por meio dessas redes. Curiosamente, quando nos encontramos pessoalmente parecemos preferir continuar o relacionamento virtual, haja visto quão comum é que em mesas de restaurantes, bares, e até mesmo no lar, as pessoas conseguem estar juntas fisicamente enquanto estão distantes por estarem cada uma em um universo social diferente através da internet. Há, também, os que estão à distância de um cômodo em casa, e preferem se falar via WhatsApp, até mesmo para mandar beijos. (Alguns, talvez, nem se lembrem como é bom beijar alguém de fato).

Além da tecnologia, nossa visão sobre o humano, o prazer e as relações chegou a um nível tão doentio em nossa sociedade, que a superficialidade dos relacionamentos tem se tornado o padrão. Cônjuges não estão mais dispostos a lidar com as diferenças e os defeitos e com poucas semanas de casados se divorciam. Adolescentes possuem centenas e até milhares de amigos em suas redes sociais, mas sentem-se como se não tivessem ninguém com quem pudesse realmente contar. Milhares de pessoas compartilham sua intimidade com desconhecidos, postando nossas fotos e detalhes do seu dia a dia na internet, mas têm dificuldade em desenvolver intimidade com qualquer pessoa fora do ambiente virtual. Alguns posts são verdadeiros pedidos  do tipo “por favor, alguém olhe para mim e me ame como um humano e não como mais um contato” disfarçados de fotos e frases de efeito. Talvez, sejamos a geração que mais se comunica diariamente e, ao mesmo tempo, a geração mais solitária, devido a tantas relações vazias. Esta é a realidade que encontro nos e-mails de pessoas que pedem aconselhamento e ajuda profissional, ou durante sessões de orientação psicológica.

Eu tenho certeza de que este nunca foi o plano de Deus. Deus nos criou para nos relacionarmos e Ele mesmo busca ter um relacionamento conosco. Um relacionamento íntimo, de confiança, de amor, de intimidade. Não sabemos como estarão as relações humanas na próxima década. Mas podemos aprender com o nosso Criador como nos relacionarmos verdadeiramente, de forma profunda, com o amor que Ele nos ordena que tenhamos uns pelos outros.

Karyne Correia

Karyne Correia

Mente Saudável

Os cuidados para se ter uma vida mentalmente saudável.

Psicóloga e mestre em Psicologia, atua na área clínica e realiza atendimento psicológico online. É palestrante e administradora do Instagram @atendimentopsi