Fazendo apenas o que é humanamente capaz
Uma reflexão sobre os tempos de imensas e múltiplas tarefas, especialmente para as mulheres, e o que realmente é humanamente possível fazer.
Há três meses tenho vivido a aventura de ter um bebê em casa. Ben nasceu e muita coisa mudou desde então. Na verdade, muita coisa mudou para que ele nascesse e continua mudando até hoje. E uma das mudanças que ocorreu foi que eu deixei de ser dona da minha agenda.
Meus horários agora são feitos em função das necessidades do Ben. E necessidade é o que não falta aos bebês, já que são completamente dependentes de nós.
Contudo, sou uma mulher comum, que tem roupa para lavar e passar, comida para fazer, casa para arrumar, e como autônoma, ainda preciso encontrar tempo para trabalhar (ainda que tenha encerrado quase todas as minhas atividades profissionais em função da maternidade).
Meu marido, meus pais e meu irmão procuram me ajudar naquilo que é possível. Mas existem coisas que só a mãe, a dona de casa e a profissional que existem em mim podem fazer.
Pensei sobre isso quando percebi que o prazo para enviar este texto que você está lendo já tinha acabado. E o prazo vencido, junto a esta minha nova realidade me fez pensar em algo que eu havia aprendido de uma forma bem dolorosa há alguns anos atrás: eu só posso fazer aquilo que sou humanamente capaz.
Há quase nove anos, eu desenvolvi uma doença psicossomática devido ao estresse. Eu era o tipo de pessoa que acumulava muitas responsabilidades ao invés de as distribuir e, em muitos momentos, procurava ir além dos limites da minha mente e do meu corpo. Isto levou tanto minha mente quanto o meu corpo a uma condição de adoecimento. Na época, eu estudava Psicologia ainda e consegui perceber o que estava acontecendo a tempo de reverter o estrago causado. Há oito anos eu não convivo mais com a doença desenvolvida (graças a Deus!), ainda que para a Medicina isso não fosse esperado.
Compreensão dos limites
Atribuo o sucesso de minha recuperação física e mental, entre outras coisas, à compreensão de que eu só posso fazer aquilo que sou humanamente capaz. Esta compreensão gerou em mim uma nova forma de agir, que incluía dividir tarefas, confiar em outras pessoas e confiar mais em Deus. Confesso que foi doloroso.
Com o nascimento do Ben, percebo como este aprendizado no passado foi importante para me proteger atualmente do estresse. E, ao vê-lo tão pequenino e dependente, sou lembrada constantemente de que em cada fase da vida só podemos fazer aquilo que somos humanamente capazes.
A palavra de Deus nos ensina que, tudo quanto fizermos, devemos fazer como se fosse para Deus e não para os homens (Colossenses 3:23). Não há mal nenhum em querermos fazer o nosso melhor em cada tarefa, e em sermos responsáveis em cumprir com cada compromisso assumido. Na verdade, este é nosso dever. Mas a palavra de Deus nos ensina também que tudo tem seu tempo (Eclesiastes 3:1), e acredito que há tempo de reconhecer que precisamos de ajuda, de solicitar que outro faça algumas tarefas por nós.
Se você tem sofrido com algum sintoma do estresse, pare um instante e pense sobre quão sobrecarregado você está. Que coisas você deve priorizar? O que você pode delegar? Com quem você pode dividir a sua carga?
Não somos autossuficientes e nem temos super poderes. Em um mundo que sofre tanto com doenças físicas e emocionais, fazemos muito bem em reconhecermos que somos humanos, limitados, e que precisamos da ajuda de alguém!
Um pouco mais sobre o assunto é possível ver nesse link.