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Coluna | Josanan Alves

Depondo as armas

Quando Deus ensina como adorar, ele dá a oportunidade de escolha a Seus filhos


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adoração
O livro de Levítico aponta o caminho para a adoração que agrada a Deus (Foto: Shutterstock)

Nos textos anteriores você encontrará artigos de uma série com base em meu livro, Herdeiros do Reino, lançado pela Casa Publicadora Brasileira (CPB)Baseado no livro bíblico de Daniel, apresento lições que extraí dele para minha vida. Abaixo, compartilho com você uma versão resumida do quinto capítulo. Caso ainda não tenha lido os demais, acompanhe-os aqui.


“Adoramos tudo o que é agradável, tudo o que é confortável, tudo o que é material. Adoramos ‘coisas” (Alexander Solzhenitsyn).

A Bíblia nos apresenta cada aspecto da verdadeira adoração. Conhecer esses princípios nos dará a segurança de estarmos sendo verdadeiros adoradores. De acordo com Cristo, “está chegando a hora e, de fato, já chegou o momento em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade. O Pai procura pessoas que O adorem desse modo” (João 4:23).

Todos os livros da Bíblia apresentam algum princípio de adoração, mas um deles foi escrito com o principal objetivo de ensinar como adorar. Trata-se de Levítico. Com a saída do povo de Israel do Egito, essa instrução era necessária. Durante muito tempo, eles haviam sido escravos. Por esse motivo, sua adoração a Deus havia sido ridicularizada, diluída nos costumes egípcios ou impedida.

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Deus então envia Moisés para resgatá-los e, logo após o resgate, o Senhor apresenta a seguinte orientação: “Instrua os israelitas a construírem para Mim um santuário, para que Eu viva no meio deles” (Êxodo 25:8). Deus não queria libertá-los do Egito para que eles vivessem como quisessem. Ele planejava estar próximo do povo. Como sabemos, aproximar-se de Deus só é possível por meio da verdadeira adoração.

No último capítulo do livro de Êxodo, temos a seguinte afirmação: “Moisés finalmente terminou o trabalho. Então a nuvem cobriu a tenda do encontro, e a glória do Senhor encheu o tabernáculo. Moisés não podia mais entrar na tenda do encontro, pois a nuvem estava sobre ela, e a glória do Senhor a enchia” (Êxodo 40:33-35).

Como adorar?

O santuário estava finalizado, mas ninguém podia entrar nele. Para ir à presença de Deus, primeiramente, o povo deveria aprender a adorá-Lo. Nesse ponto, tem início o livro de Levítico, que “ensina ao povo falho de Deus como adorar e viver com seu Redentor em estreita proximidade enquanto Ele habita entre eles. O livro revela o caráter divino em relação à natureza humana e o plano do Senhor de perdoar e limpar os pecadores por meio do sacrifício para que assim possamos adorá-Lo”.[1]

Enquanto o livro de Êxodo apresenta o ser humano sendo redimido, Levítico apresenta o ser humano adorando o Deus que o redimiu. Em Êxodo, a ênfase é Deus Se aproximando para salvar; em Levítico, a ênfase é o ser humano se aproximando para adorar o Deus que o salvou. Por isso, se queremos entender a verdadeira adoração, devemos começar pelo livro bíblico da adoração, que é Levítico. Sabe o que temos em comum com os israelitas que receberam o livro de Levítico? Temos a necessidade de adorar. Somos criaturas espirituais, e o impulso para a adoração é uma das necessidades humanas básicas que Deus projetou em nosso coração.

Uma das orientações do livro de Levítico acerca da adoração correta está no capítulo 19. Lá Deus orienta Seu povo sobre como adorá-Lo por meio da obediência. Se você ler esse texto com atenção, vai perceber que 15 vezes se repete a expressão: “Eu Sou o Senhor” (v. 2, 3, 4, 10, 12, 14, 16, 18, 25, 28, 30, 31, 32, 34, 36, 37).

Existe um motivo para tantas repetições. Na literatura judaica, esse recurso tem a função de enfatizar o que está sendo dito. Isso é visto ao longo de toda a Bíblia. Então, quando Moisés escreve 15 vezes a frase “Eu Sou o Senhor”, ele não o fez por estar sobrando tinta na caneta, e sim para dar ênfase ao texto. Por meio de Moisés, Deus está́ querendo nos ensinar que, para adorá- Lo, precisamos, em primeiro lugar, decidir quem é o senhor da nossa vida. Deus está dizendo: “Eu Sou o Senhor do Universo e de tudo o que existe, mas você tem que decidir se Eu serei o Senhor de sua vida.” Precisamos entender que nos tornamos servos daquilo que adoramos, e que todos adoramos alguém ou alguma coisa. O problema é que, muitas vezes, estamos adorando seres ou coisas erradas.

A vontade do eu ou de Deus

Na prática, essa decisão de decidir quem é o senhor de nossa adoração acontece da seguinte maneira: quando acordamos e não vamos à presença de Deus para buscá-Lo por meio da devoção pessoal ou familiar, não estamos apenas deixando de ter um momento na presença de Deus, também estamos afirmando que somos senhores de nosso tempo, pois fazemos com ele o que queremos e não o que Deus quer. Quando decidimos ingerir alimentos ou substâncias que sabemos que destroem nosso corpo, a consequência imediata não é o prejuízo da saúde, e sim a afirmação de que somos senhores de nosso corpo e fazemos com ele o que bem entendemos. Quando, ao final de um mês de trabalho, decidimos que não iremos devolver os dízimos e as ofertas, não estamos simplesmente deixando de levar dinheiro à igreja, estamos decidindo que somos senhores dos recursos financeiros.

Então, se queremos adorar verdadeiramente, devemos decidir quem é o senhor em nossa vida. Quem irá nos governar: nossa vontade ou o Senhor Deus?


Referências:

[1] Roy Gane, Commentary on Leviticus, p. 11.

Josanan Alves

Josanan Alves

Primeiro Deus

Histórias e provas de fidelidade a Deus em todos os momentos e circunstâncias da vida.

Josanan Alves de Barros Júnior é formado em Teologia. É o atual diretor do departamento de Mordomia Cristã da sede sul-americana da Igreja Adventista. @JosananAlves