Movidos por princípios: a distribuição dos recursos
Entenda como o modelo de administração financeira adotado pelo povo de Israel se reflete nas práticas da Igreja Adventista do Sétimo Dia.
No artigo anterior, compreendemos que a Igreja Adventista possui uma forte base bíblica quanto aos dízimos e ofertas. Nele, deixamos em aberto questões como: de que maneira esses recursos deveriam ser recolhidos? Como seria o processo de pagamento dos pastores? Cada templo deveria pagar o seu próprio pastor? Veja.
Nem todos faziam a mesma coisa, mas todos ganhavam com a mesma base
Se você estudar os detalhes do trabalho dos levitas na Bíblia, descobrirá que essa tribo era dividida por famílias e que cada uma delas tinha uma atividade específica. Havia uma família que sua única atribuição era dirigir o louvor no templo; outra era responsável pela zeladoria do tabernáculo; outra se ocupava em montar e desmontar o acampamento. A mais conhecida era a de Arão, responsável por dirigir todo o ritual do sacrifício. O princípio aqui é o seguinte: nem todos os levitas faziam as mesmas coisas, mas todos ganhavam com a mesma base salarial.
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Isso está descrito em II Crônicas 31:15: “Debaixo das suas ordens estavam Éden, Miniamim, Jesua, Semaías, Amarias e Secanias, nas cidades dos sacerdotes, para com fidelidade pagarem as porções aos seus irmãos, segundo os seus turnos, tanto a pequenos como a grandes”. O termo “tanto a pequenos como a grandes” mostra que todos os sacerdotes, quer fosse o sumo sacerdote ou o levita que zelava pelo tabernáculo, ganhavam com a mesma base salarial.
Esse princípio também foi adotado pela Igreja Adventista. Todos os seus pastores recebem a mesma base salarial. A denominação adota um fator percentual para remunerar a cada um deles, independentemente de onde trabalhem ou qual função exerçam. Quer seja em um templo, em um cargo administrativo ou ao dirigir algum departamento, todos têm o mesmo salário, assim como acontecia com os levitas.
Isso se aplica ao salário, pois algumas funções pastorais preveem atendimento a um território maior que outros, exigindo assim um reembolso diferente de um cargo para outro. Por exemplo: a geografia de atuação de um pastor distrital com oito templos não é a mesma que a de um diretor de departamento de uma sede administrativa responsável por um ou mais Estados (Uniões), o qual atende 200 igrejas. Então, o salário de ambos tem a mesma base, mas logicamente as despesas de viajem não podem ser as mesmas. Isso é chamado de reembolso e não faz parte da base salarial do pastor por se tratar de despesas operacionais do trabalho.
Recolhimento e distribuição de recursos
Veja que descoberta bíblica maravilhosa: quando o povo de Israel entrou na terra de Canaã, Josué a dividiu para as tribos. Cada uma ficou com uma porção. Apenas uma tribo não recebeu território: a de Levi. Deus então orienta Josué a separar 48 cidades ao longo do país onde os levitas iriam morar (Números 35:7-8). Poderíamos chamar esse modelo de distritos pastorais dos levitas.
E como eles deveriam ser pagos? O mais fácil e lógico era que cada tribo pagasse os seus próprios levitas. Mas Deus orientou que não deveria ser assim. Os dízimos deveriam ser recolhidos em todas as tribos e levados para um único lugar, em Jerusalém, e depois deveria ser distribuído aos levitas.
Imagine a complicação disso: não existia banco e nem transferência bancária. E por que Deus fez assim? Aqui está a beleza da sabedoria divina.
Imagine que você fosse levita em uma cidade próxima à região do deserto de Sim, na tribo de Judá, e um outro levita conhecido seu trabalhasse nos vales férteis da tribo de Naftali. Imagine agora que houvesse uma seca muito grande na região de Sim e os habitantes não tivessem recursos para devolver os dízimos e pagar os levitas da sua região, enquanto os habitantes da tribo de Naftali tivessem uma colheita extraordinária, elevando o valor do dízimo às alturas.
Provavelmente você pensaria: “Não quero mais ser levita aqui em Judá. Quero me mudar para a região de Naftali para poder manter minha família.” Esse não era o plano de Deus. Por isso, todo o dízimo de Israel era reunido em um único lugar, Jerusalém. Feito isso, levitas designados percorriam todas as 48 cidades para pagar cada um daqueles que nelas atuava (II Crônicas 31:11-15). Essa era a maneira de Deus fazer com que um levita não invejasse aquele que estava em outro lugar ou que um levita fosse rico enquanto outro passava necessidades. É exatamente assim que a Igreja Adventista procede com seus pastores.
Ao devolver o dízimo, o membro não remunera seu pastor, mas o envia para a sede administrativa mais próxima (Associação/Missão), que recolhe o dízimo de todas as igrejas e paga os pastores com a mesma base salarial. Nenhum ministro adventista precisa se preocupar quanto a atender a um templo com mais recursos financeiros, pois todos eles recebem a mesma base salarial. Esses princípios descobertos na Bíblia pelos pioneiros da Igreja Adventista são o alicerce do modelo utilizado até hoje.
No entanto, uma questão mais necessita ser respondida: o povo de Israel sempre agiu assim em relação aos dízimos e ofertas? É o que você descobrirá no próximo artigo.