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Coluna | Jorge Rampogna

Sobre Chile, Bolívia, Venezuela, Argentina, Inglaterra e um ponto final para o caos

O caos político e social de várias nações da América do Sul precisa nos fazer pensar e refletir sobre questões espirituais.


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Cena no Chile que mostra conflitos armados recentes expondo transtornos sociais na América do Sul. (Foto: Exame)

Políticos e economistas, sociólogos e analistas de todas as áreas, assim como os meios de comunicação estão confusos.

A América Latina queima. O Equador, com revoltas e protestas generalizadas que causam confrontos. O Peru, imerso em uma crise institucional sem precedentes que também levou os cidadãos às ruas. México, mais violenta que nunca. Assusta o que aconteceu nas últimas semanas, onde a vida das pessoas é pouco menos que nada.

Posso continuar. A Bolívia, com eleições presidenciais que geram expectativa, dúvida e tensão. Argentina, em uma crise econômica que leva a uma tensão social e à incerteza sobre o que virá após as eleições presidenciais. A Venezuela. Infelizmente, parece que estamos nos acostumando com a situação. Mas a situação não deixa de ser gravíssima. Um povo dividido. Crise migratória e refugiados.

E o que dizer sobre o Chile? País que surpreendeu todos nós, com uma onda de protestos sociais violentos, que não eram vistos neste país há várias décadas. Protestos, saques, violência, confrontos, caos…

Quer mais? A Europa não é deixada de fora. A Espanha e uma revolução da independência que está pondo em jogo a estabilidade social e a unidade de um país. A França e os protestos dos coletes amarelos que também produzem confrontos. E a Inglaterra, que está à beira de uma grande crise com a Irlanda.

Não fiz uma lista exaustiva de países em crise. Eu não pretendia fazer isso. Pode ser que eu tenha me esquecido de seu país na minha contagem de problemas e você esteja sofrendo. Que fique claro. Não sou analista político nem sociólogo. Não pretendo entrar nessas áreas. Sou apenas um pastor observando o que está acontecendo. Sou um pastor que lê e que tenta ter um pensamento o mais objetivo possível. Por outro lado, sou uma pessoa que lê e estudo a Bíblia tentando encontrar respostas.

Por onde começar?

Não quero discutir ideologias. Menos ainda sobre sistemas governamentais ou políticas de estados. A discussão nunca terminaria. Estou apenas colocando meus pensamentos em ordem. Ao mesmo tempo, estou querendo pensar com você a partir de uma perspectiva cristã, minha perspectiva.

Uma coisa é certa. O mundo está convulsionado. Parece que nossos sistemas de governo têm uma data de validade. Não importa se é monarquia ou democracia, socialismo ou comunismo. Todos os “ismos” parecem estar entrando em colapso. Não encontram respostas para as causas iniciadoras das crises nem parecem encontrar soluções para o que está por vir.

Alguém disse por aí, não me lembro onde nem tenho certeza se concordo completamente, que “…estamos vendo à frente o que poderia se tornar quase um anarquismo tecnológico”. Uma sociedade que está se “reorganizando” através das novas tecnologias para avançar em ondas de reivindicações que podem ser justas ou não. Sem líderes visíveis e que ao mesmo tempo têm muitos líderes anônimos. Sem filtros. Tudo pode ser verdade e ao mesmo tempo tudo pode ser mentira.

Em nome da liberdade, é publicado. Porém, ao mesmo tempo, é censurado. Quem não pensa igual é “inimigo”. A indignação mobiliza. A violência toma o controle. Defendem-se “verdades” fragmentadas que as redes transformam em verdades “absolutas” e causas mobilizadoras contra qualquer sistema.

Intervenção de Deus

Vou ao ponto. Tenho que ser muito claro com você. Isso é o que eu penso. Eu não peço que você acredite. Peço que você pense sobre isso. Deus intervirá nesse caos. A história bíblica tem exemplos de intervenções diretas de Deus na história.

Em primeiro lugar, no livro de Gênesis, a partir do capítulo 6, a preocupação de Deus pela situação da raça humana é registrada. O alto nível de imoralidade, o anarquismo social e a violência generalizada. A intervenção tornou-se necessária. Deus enviou um dilúvio universal, um corte. Apenas oito pessoas dentro de uma arca e um reinício radical. Posso dar outros exemplos, mas não vou entrar em detalhes: Torre de Babel, libertação de Israel do Egito, destruição de Sodoma e Gomorra, etc.

Agora, Deus tem o poder de prever o futuro. No livro de Amós, é-nos dito: “Certamente o Senhor DEUS não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas” (Amós 3:7).

No Novo Testamento, Jesus toma a história de Noé e do dilúvio como referência para ilustrar o futuro. Ele disse:

“E, como foi nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do homem. Porquanto, assim como, nos dias anteriores ao dilúvio, comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca” (Mateus 24:37-38).

Vamos pensar nos pontos essenciais do que Jesus diz:

-Nos dias de Noé, havia uma sociedade com valores e interesses deturpados.

-Deus teve que intervir.

-Eles foram surpreendidos.

-Nos últimos dias da história humana, Deus intervirá novamente.

Vamos um pouco mais longe. A intervenção divina será clara:

-Jesus voltará pela segunda vez (João 14:1-3).

-Antes de Jesus voltar, a situação moral, social, política e religiosa estará completamente decadente (2 Timóteo 3:1-7).

-A vinda de Jesus será uma interrupção da ordem natural conhecida (Mateus 24:27, 30).

-O retorno triunfal de Jesus marcará o início de uma nova etapa (Apocalipse 1:7; 22:7, 12, 20).

-A partir da segunda vinda de Jesus, começarão os mil anos, durante os quais os justos estarão no Céu. E no final desses mil anos, o planeta Terra será restaurado e sem pecado.

A raça humana viverá eternamente nessa nova Terra (Apocalipse 20).

Então, surge uma pergunta: sabendo o que a Bíblia diz e, ao mesmo tempo, no contexto em que estamos, qual deveria ser nossa posição, e qual é nossa responsabilidade como cristãos?

Vou listar alguns pontos que, na mina opinião, são importantes.

Ativismo social bíblico. Jesus nos chama a ser socialmente ativos, mas da maneira correta. Em Mateus 25:35, é-nos dito: “Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me”. Fomos chamados para ajudar os necessitados, não para lutar nas ruas.

Pacifismo ativo. A paz de Jesus em nossas vidas nos torna pacíficos. Como consequência, buscamos a paz, não o conformismo (ver Mateus 14:27-28). Cristianismos e revoltas violentas, armadas ou de qualquer outra natureza, não são parte do plano de Deus para o ser humano. Devemos trabalhar no poder da intercessão. Precisamos, urgentemente, abrir nossas igrejas e nossas casas para interceder unidos em oração. Em tempos de crise, a igreja se levanta com uma bandeira de esperança (ver 2 Crônicas 7:14).

Não demos lugar nem participemos de atos violentos. “Põe a tua espada na bainha”, disse Jesus a Pedro quando tentou defendê-lo dos soldados romanos (ver João 18:10-11). A violência nunca é a solução. As armas e a revolução não são o caminho. Repito, fomos chamados para uma contracultura: dar a outra face (ver Lucas 6:29).

A causa do cristianismo não é uma nova sociedade; é um novo reino. Buscar o reino é nossa responsabilidade (Mateus 6:33), e esse reino não é deste mundo. Será instituído pela mão de Deus (Daniel 2), e não pela mão de seres humanos.

Nossa missão é que mais pessoas pertençam a esse reino. Só poderão fazer isso se aceitarem a Jesus como Salvador pessoal (ver Mateus 28:19-20). É hora de pregar ainda mais para alcançar o maior número de pessoas. Isso é essencial para que Cristo venha em breve! (Mateus 24:14). Pregar a tempo e fora do tempo (2 Timóteo 4:1, 2). Falar de Cristo para sua família, seus colegas de trabalho, de escola e de faculdade, no ponto de ônibus, no metrô, etc.

Lutar pelo reino. Primeiro, é lutar para permitir que Jesus seja o chefe supremo de nossas vidas. Nossa luta não é contra outros seres humanos. Nas palavras do apóstolo Paulo: “não temos que lutar contra a carne e o sangue (seres humanos), mas, sim, contra... os príncipes das trevas deste século” (Efésios 6:12).

O único sistema de governo que dará uma solução definitiva para o problema da raça humana será estabelecido muito em breve. A teocracia será restaurada. Tudo será renovado (Apocalipse 22).

Nossa responsabilidade como cristãos

Quero terminar dizendo que, como cristãos, precisamos ter uma posição clara. A verdadeira revolução não ocorre nas ruas. Nem mesmo com manifestos sociais. A revolução é produzida por Deus no coração, transformando nossas vidas para ser participantes do reino eterno, que em breve será estabelecido quando Jesus voltar a esta Terra em glória e majestade.

Nossa responsabilidade é dizer o que pensamos com respeito e sem medo; defendendo a Bíblia, e não atacando pessoas; sendo socialmente relevantes; ajudando os fracos e necessitados; trabalhando duro para que mais pessoas conheçam ao Deus que governa o universo. Hoje, mais do que nunca, precisamos estar ativos.

Cuidado! Não sou ingênuo nem simplista. Sou alguém que crê. Eu acredito em um Deus Criador e Sustentador. Em minha opinião, é Deus que está no controle. Não estamos à deriva. Ele logo intervirá na história da humanidade pondo fim a todo o sistema humano para colocar ordem no caos. Eu simplesmente escolho acreditar. O tempo dirá se, ao crer, eu estou do lado certo da história ou não.

E você? O que escolhe?

Jorge Rampogna

Jorge Rampogna

Bíblia 360

Pensando na vida desde o ponto de vista dAquele que tudo vê.

Graduado em Teologia pela Universidad Adventista del Plata, Argentina. Pós-graduado em Comunicação Corporativa pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp). Trabalhou na Rede Novo Tempo de Comunicação como diretor associado para a área hispânica, diretor da TV Nuevo Tiempo para espanhol e português, e diretor da TV Novo Tempo para o português e espanhol. Atualmente é o diretor de Comunicação da sede sul-americana adventista.