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Coluna | Isaac Malheiros

O reino tem rei

Deus, o regente do universo, oferece Sua graça ao pecador


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Seguir o rei significa aceitá-lo e fazer Sua vontade (Foto: Shutterstock)

O tema do reino de Deus tem se tornado popular entre jovens cristãos como uma mensagem de aceitação, tolerância e prática de obras de misericórdia. No entanto, há uma notável tendência de retratar o reino com tons hostis à lei, à obediência, à doutrina bíblica e até à Igreja, como se o reino não tivesse um rei.

Primeiramente, não há motivos para colocar em extremos opostos o grande mandamento e a grande comissão. Jesus ordenou as duas coisas: amar e doutrinar. Além disso, Ele não veio apenas nos mostrar como amar, Ele veio para nos resgatar. A humanidade não precisa apenas de um bom exemplo: ela precisa de um Salvador.

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O reino tem rei, e ele dá as ordens: “Arrependei-vos porque é chegado o reino de Deus” (Mateus 4:17; cf. 3:2). Como posso anunciar a chegada do reino sem mencionar o arrependimento? O próprio rei disse que “aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” e que “aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus” (João 3:3-6). Quem sou eu, um mero súdito, para omitir essas condições em meus discursos sobre o reino dEle?

Buscar o reino significa ter consciência de que o rei manda e súditos obedecem, pois a graça traz o desejo de obedecer a Deus (Romanos 6:17). Sim, há condições: “Não se deixem enganar: nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem homossexuais passivos ou ativos, nem ladrões, nem avarentos, nem alcoólatras, nem caluniadores, nem trapaceiros herdarão o Reino de Deus” (1Coríntios 6:9-10).

Dinâmica do reino

O reino não nos fala apenas de aceitação à mesa, mas também de submissão. Os filhos do reino são intimados a ser perfeitos, reconhecer seus pecados, se arrepender deles e pedir perdão (Mateus 5:48; 6:12-15). Quando usamos a metáfora da “mesa”, precisamos nos lembrar que há duas mesas: “não podeis ser participantes da mesa do Senhor e da mesa dos demônios” (1 Coríntios 10:21). Não é graça dizer ao pecador que seu pecado não é pecado. A graça não nega que o pecado existe, mas mostra que o pecador precisa de um Salvador.

A “mesa” não se trata apenas de um ambiente acolhedor, um safe-space para o ser humano expressar sua natureza pecaminosa tranquilamente. A graça fustiga o nosso ego. Não tem a ver com discursos de autoafirmação e autoestima que apenas nos empurram para um lago narcisista. O convite da graça nos diz quem éramos sem Cristo e o que somos em Cristo, gerando uma vida cristocêntrica na qual o que vale é a vontade do rei.

No reino, a graça não é transformada em libertinagem (Judas 4), pois fomos salvos para boas obras (Efésios 2:10). A promessa da Nova Aliança não era que a lei de Deus deixaria de existir, mas que nossos desejos seriam alinhados à lei (Jeremias 31:33). No reino, a obediência é motivada por amor e gratidão, e um coração cheio de favor imerecido transborda favores imerecidos (boas obras).

A vinda do reino está ligada ao cumprimento da vontade de Deus entre os homens (“venha o teu Reino, seja feita a tua vontade”; Mateus 6:10). O evangelho do reino é o evangelho da graça, e quem derrama a graça que liberta é quem dita as regras. Quem tira escravos do Egito é o mesmo rei-libertador que dá os mandamentos a um povo livre e o guia à terra prometida.

Isaac Malheiros

Isaac Malheiros

Intertexto

Respostas teológicas para a caminhada espiritual.

Pastor, é casado com a professora Vanessa Meira e pai da pequena Nina Meira. Desde 2005, tem atuado como pastor na área educacional, como capelão e professor, e ama ensinar a ler e interpretar a Bíblia. Atualmente, é pastor de universitários e professor do Instituto Adventista Paranaense (IAP). É doutor em teologia (Novo Testamento), mestre em teologia (Estudos de texto e contexto bíblicos), e especialista em Ensino Religioso e Teologia Comparada.