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Coluna | Hildemar Santos

Não roubarás

Negligenciar o cuidado com a saúde também é uma forma de roubar a si mesmo


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O roubo nem sempre diz respeito aos itens subtraídos por outros (Imagem: Shutterstock)

Estava pensando em minha experiência com ladrões. Não como ladrão, é claro! Os bandidos já me roubaram muitas coisas no passado, incluindo bicicletas, dinheiro, roupas e carros. E quem ainda não foi roubado? Você não vai acreditar, mas a coisa mais estranha que alguém me roubou foi uma colmeia. Sim, comecei a cuidar de abelhas quando trabalhava no Brasil, na Clínica Adventista de São Roque, a 80 quilômetros de São Paulo, e os ladrões roubaram minhas abelhas.

Eu era apicultor amador e tinha duas caixas de abelhas naquele local. Os ladrões chegaram à noite, cortaram a cerca de arame farpado e levaram tudo. Eles eram profissionais – ladrões e apicultores profissionais –, pois ninguém sem essa habilidade roubaria uma colmeia.

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Mas a vida é assim, e algumas pessoas têm a ideia de que se querem algo e não podem pagar, simplesmente vão e roubam aquilo de outras pessoas. Mas quando fazem isso, estão quebrando um mandamento do céu e dos seres humanos, pois nenhuma civilização que se considera civilizada tolera que pessoas roubem umas às outras. Porém, mesmo que a polícia ou a justiça humana não os condene aqui, um dia terão que enfrentar o tribunal de Deus.

Em uma ocasião, há muitos anos, eu e minha família chegamos em casa à tardinha, depois de trazer as crianças da escola. Assim que entramos na garagem, percebemos que faltava uma de nossas bicicletas. Naquela época morávamos no campo e havia chovido naquele dia. Chamei meus dois filhos, talvez com 4 e 6 anos, e fomos rastrear as “pegadas” da bicicleta. Com nossos binóculos em mãos, saímos para procurar.

Por causa da chuva, foi fácil rastrear as marcas dos pneus e descobrimos a direção em que ela foi levada. Quando avistamos uma casa ao longe, verificamos com nossos binóculos e... adivinha? Vimos a bicicleta na varanda da frente. Nos aproximamos da casa. Naquele momento, cerca de três crianças e um senhor apareceram. Mencionei a bicicleta e ele disse: “Desculpe, talvez as crianças a tenham pegado, mas você pode ficar com ela, se for sua!”

Pegamos a bicicleta de volta, mas enquanto voltávamos para casa, meu filho disse: “Ei, pai, eles não têm bicicleta; por que não damos esta a eles? Nós podemos comprar outra!” Cumprimentei-o por seu bom comportamento, mas lhe disse-lhe que assim aquelas crianças não aprenderiam a lição de que não é certo roubar. Seus pais não fizeram nada diante de suas ações, então pensei que a única lição que poderiam aprender seria devolver a bicicleta aos proprietários. Mas isso me incomodou por um tempo; talvez meu filho André estivesse certo!

Roubo invisível

Mas além desse tipo de roubo, há outro que muita gente faz e nem percebe: o de si mesmo. O quê? Sim, se você segue um estilo de vida não saudável, você está roubando de si mesmo. Por exemplo, há alguns anos, tínhamos programas para parar de fumar em Loma Linda, na Califórnia, nos Estados Unidos. Como incentivo, calculávamos os benefícios de poupar dinheiro em vez de comprar cigarros e utilizar esse dinheiro para outra coisa.

Naquela época, talvez em 2015 ou 2016, um carro Nissan Versa novo poderia ser comprado por cerca de US$ 10 mil nos Estados Unidos (aproximadamente R$ 50 mil). Era o carro mais barato do país. Então, em minhas discussões com os fumantes, eu calculava quanto tempo levaria, se eles parassem de fumar, para economizar dinheiro para comprar aquele carro. A contagem era assim: um maço de cigarros custava cerca de US$ 5 dólares; se fumassem dois maços por dia, seriam US$ 10 por dia e US$ 300 por mês, e US$ 3.600 por ano. Portanto, parar de fumar durante três anos lhes permitiria comprar um carro novo. Isso era um ótimo negócio!

Não sei se motivei alguém com isso, mas às vezes ampliava o cálculo para mencionar o que eles haviam perdido: alguém que fumou dois maços por dia durante 21 anos havia roubado sete carros Nissan. Ele era, com certeza, um ladrão de carros e roubou US$ 70 mil... de si mesmo.

Portanto, se você não cuidar da sua saúde, roubará energia, tempo e dinheiro de você e aumentará o risco de doenças e morte prematura. Portanto, é hora de parar de “roubar a si mesmo” e adotar comportamentos saudáveis. Isso beneficiará você e sua família.

“Quem roubou não deve mais roubar, mas deve trabalhar, fazendo algo útil com as próprias mãos, para que tenha algo para compartilhar” (Efésios 4:28).

Hildemar Santos

Hildemar Santos

Saúde e Espiritualidade

Como prevenir doenças e ter uma vida saudável.

Médico e professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de Loma Linda, nos Estados Unidos