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Coluna | Hildemar Santos

Viciado em esportes?

A importância do equilíbrio na apreciação do esporte, e do bom senso ao hierarquizar as esferas da vida


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shutterstock_561691540Basicamente, existem dois tipos de viciados em esportes: aqueles que assistem e torcem pelo seu time favorito e aqueles que praticam o esporte. Eu prefiro os que praticam. Por que? Evidentemente, pelo esforço físico.

Ficar sentado por horas assistindo a um grupo de pessoas jogando não traz nenhum benefício, a priori. Traz, talvez, uma satisfação psicológica por causa dos neurônios de espelho (mirror neurons). Estas células do cérebro são especializadas em produzir a sensação de estar, de fato, praticando a ação que se está vendo. É como se, ao assistir ao seu ídolo esportivo, a pessoa tivesse a sensação de ela mesma estar jogando. Sabendo da existência deste efeito, muitos treinadores têm usado uma nova técnica para melhorar a performance de seus atletas: simplesmente assistindo a vídeos de outros jogadores e depois partindo para a prática.

Voltando ao assunto principal, você deve concordar comigo que praticar um esporte é bem melhor para a saúde do que simplesmente assisti-lo. Vivemos uma época de muito sedentarismo. Pessoas passam várias horas em frente a um computador, no trabalho, e outras tantas horas vendo televisão, sem atividade corporal.

Este comportamento sedentário tem relação com várias enfermidades. Uma delas, a diabetes, é causada, principalmente, pela resistência à ação da insulina nas células musculares. Entre os fatores responsáveis por esta resistência estão: uma dieta rica em gordura e a falta de exercício. O exercício ativa a ação da insulina e diminui seu bloqueio. Logo, o indivíduo que permanece sentado por horas, mesmo assistindo ao seu esporte favorito, tem uma grande desvantagem em relação ao seu colega que pratica aquele esporte.

Não me leve a mal, não é meu objetivo criticar ou julgar aqueles que gostam de esportes, mas ressaltar a importância do equilíbrio. Se o seu hábito, quer seja de praticar ou de assistir a um esporte, ou mesmo ambos, tem prioridade na sua vida, então você tem um problema. Ou seja, se você dá a ele a supremacia sobre Deus, sobre sua família, ou se este hábito tem um controle sobre sua vida semelhante a uma dependência de drogas, isto demonstra, claramente, que o hábito virou vício e está sendo prejudicial.

Quando era jovem, um dos meus esportes favoritos era o vôlei. Tínhamos um time bem estruturado em nossa igreja, e realmente apreciava jogar. Porém, a dedicação ao esporte, às vezes, acabava tendo prioridade sobre outras atividades. Lembro-me de estar na igreja no sábado pela manhã com outros colegas planejando o jogo, fazendo a escala do time e esquematizando as estratégias que iríamos usar à noite para combater o time adversário. Tudo isto durante o sermão e a escola sabatina. Não é necessário explicar que tínhamos um problema com o esporte.

Muitos dos meus amigos e compatriotas podem estar discordando da minha posição, afinal, como brasileiros, de alguma forma amamos o futebol. Eu, por exemplo, sempre gostei, e torcia pelo meu time e pela seleção em campeonatos e copas. Posso dizer que fui fanático. Entretanto, o fato de estar “adorando” um grupo de seres humanos, os quais nem sempre eram pessoas exemplares, me fez mudar. Além disso, torcer por um time que nem sempre está na liderança era uma tortura. Ninguém vence sempre, basta ver o desempenho da nossa equipe nacional de futebol. Ninguém é perfeito, então, por que gastar tempo e energia com expectativas em um grupo tão falho, prestando total dedicação a um time acima de tantas coisas mais importantes que há na vida?

Em 2006 eu trabalhei em Hong Kong como missionário. Eu liderava o programa de saúde comunitária dos dois hospitais adventistas na cidade. Era período de copa do mundo na Alemanha. Como bom brasileiro fã de futebol, fiz planos para assistir a todos os jogos de que o Brasil participaria. Isto me obrigava a passar noites sem dormir, e me forçava a ir a lugares não muito apropriados (já que não tinha TV a cabo em casa) para assistir aos jogos. Todo este esforço e dedicação para ver meu time perder para a França e ser desclassificado. Decepção total. Mas uma lição total! Que exemplo estava dando um missionário da Igreja Adventista assistindo a um jogo de futebol às duas da manhã em um bar no bairro de Wanchai, viciado em esporte (e viciado apenas em assistir, pois nesta época já não praticava mais futebol)? Aprendi que O único que sempre vence é Jesus, portanto, Ele merece nossa atenção total.

Verso para meditação:

“Concluindo, caros irmãos, absolutamente tudo o que for verdadeiro, tudo o que for honesto, tudo o que for justo, tudo o que for puro, tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo de excelente ou digno de louvor, nisso pensai.” Filipenses 4:8

Hildemar Santos

Hildemar Santos

Saúde e Espiritualidade

Como prevenir doenças e ter uma vida saudável.

Médico e professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de Loma Linda, nos Estados Unidos