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Coluna | Hildemar Santos

Blue Zones (Zonas Azuis) I

Que hábitos são adotados pelas comunidades mais longevas do planeta?


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Zona Azul de Loma Linda, com o Drayson Center (academia de ginástica) embaixo e as montanhas de São Bernardino ao fundo.

Você já deve ter ouvido falar nas “Blue Zones” (Zonas Azuis). São locais ao redor do mundo onde pessoas vivem noventa anos, cem ou até mais, e de forma independente, ou seja, mantêm suas funções normais sem precisar de auxílio de cuidadores ou de medicamentos. Nos dias 2 e 3 de março de 2017 tivemos o primeiro simpósio internacional das Zonas Azuis em Loma Linda. Investigadores do mundo inteiro estiveram presente descrevendo suas descobertas sobre os centenários que vivem nestas áreas de longevidade.

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Segundo um dos mais famosos especialistas em longevidade, o doutor Michel Poulain, muitas comunidades afirmam que suas vilas têm realmente pessoas com idades avançadas e alta incidência de centenários. Porém, quando esta incidência é posta à prova, principalmente com o certificado de nascimento, elas não passam no teste. Para comprovar as zonas azuis, Poulain e seu time requisitavam o certificado de nascimento oficial e comparavam com o certificado de batismo da igreja local. Com estes dados eles conseguiram identificar 5 zonas azuis: Okinawa (Japão), Sardenha (Itália), Ikaria (Grécia), Nicóia (Costa Rica) e Loma Linda (Estados Unidos, e que possui uma significativa população adventista).

No simpósio foram apresentados vários estudos científicos tentando identificar os fatores de longevidade nestas zonas. Dan Buettner, repórter da revista National Geographic, juntamente com Poulain, descobriu as zonas azuis. Buettner escreveu em seu livro, “Blue Zones, ” oito* fatores comuns a todos esses locais. Veja abaixo, com alguns comentários extras de minha autoria:

  1. Dieta baseada em plantas - não totalmente vegetariana, mas com pouco alimento de origem animal. Entre os grupos das Zonas Azuis, somente os adventistas promovem o vegetarianismo ou uma dieta ovo-lacto-vegetariana, mas a carne é um produto raro em todas elas. Os longevos da Sardenha não consomem peixe o qual e consumido, em pouca quantidade, em Okinawa. Em quase todas as Zonas se consome leite e derivados, como o queijo e o iogurte, porém, produzidos com leite de cabra.
  2. Exercício moderado e natural – na maioria das Zonas Azuis, o principal exercício é caminhar, trabalhar na agricultura, ou ter uma vida fisicamente ativa durante o dia. Os longevos de Okinawa costumam ter uma horta em seu pátio, de onde tiram a maioria dos vegetais que consomem. Os que vivem nas zonas de Ikaria, Sardenha e Nicóia estão acostumados ao trabalho na agricultura ou pecuária, e continuam com suas atividades mesmo apesar da idade avançada.
  3. Propósito na vida – mesmo os centenários têm suas funções e são respeitados em suas sociedades. Os adventistas, que enfocam a Bíblia, são enfáticos em seu propósito ao crerem na segunda vinda de Jesus Cristo e na vida eterna para todos aqueles que O aceitarem.
  4. Apoio social – é muito comum ver centenários tomando conta de outros idosos, muitas vezes, bem mais novos. Quando Dan Buettner visitou Loma Linda, entrevistou a centenária Margie Jetton, que estava indo ao centro de idosos da cidade onde era voluntária. Os adventistas, como Margie, são famosos pelo seu pot luck semanal, que é realizado nas mais de 40 congregações ao redor da cidade aos sábados, depois do serviço religioso. Pot luck é um almoço do qual todos os membros participam trazendo um prato especial.
  5. Apoio familiar – na Sardenha é comum o almoço familiar semanal com quatro gerações sentadas à mesa. Todos os membros da família são respeitados, e mesmo os mais idosos são importantes. Em geral, os idosos vivem com as famílias e não são deixados a viver em lares de idosos.
  6. Habilidade de enfrentar o stress – todas as Zonas Azuis têm alguma forma especial de relaxamento, como a oração, meditação, etc. O sábado dos Adventistas é considerado fundamental para o controle do stress. A própria religião e a filosofia de uma vida mais natural e simples constituem um dos melhores métodos de lidar com o stress.
  7. Pertencer a um grupo religioso - apenas 4 entre os 263 centenários entrevistados não professavam uma fé religiosa. Porém, a Zona Azul de Loma Linda tem um conceito religioso mais profundo. O segredo dos adventistas é o enfoque bíblico, sendo uma das religiões cristãs que mais se aproximam daquela professada pelos apóstolos logo após a ascensão de Jesus ao céu.
  8. Regra dos 80% - comer até estar 80% satisfeito em cada refeição, significa terminar uma refeição sem estar com o estômago totalmente cheio. Este hábito é apenas um dos vários que a Zona Azul de Loma Linda promove em suas tradições alimentares relativos à mecânica da alimentação. O grupo também incentiva mais tempo de mastigação, apenas duas ou três refeições ao dia, jantar leve à noite, não ingerir líquidos nas refeições, etc.

Verso para Meditação:

“O vinho é escarnecedor, e a bebida forte, alvoroçadora. Quem por eles é vencido não é sábio" (Provérbios 20:1) Uma pessoa sábia ou qualquer uma que tenha bom senso irá ficar longe da bebida alcoólica. Só o fato de ela ser responsável por 3 milhões de mortes anuais no mundo seria suficiente para combater qualquer argumento em favor do álcool.

 

*Na verdade, são nove fatores. Porém, o nono fator não é comum a todas as Zonas Azuis, muito menos um fator que deveria ser promovido devido aos seus riscos. Refiro-me ao uso moderado de vinho, que é comum somente nas Zonas de Ikaria e Sardenha, na Europa. Os Adventistas não apenas dão preferência ao suco de uva como são ativistas contra a bebida alcoólica. O álcool está entre os quatro principais fatores que causam doenças e consequentes mortes no planeta, juntamente com o fumo, a falta de exercício e a dieta inadequada. A Organização Mundial de Saúde estima que aproximadamente 3 milhões de pessoas morrem a cada ano vítimas do álcool.

Hildemar Santos

Hildemar Santos

Saúde e Espiritualidade

Como prevenir doenças e ter uma vida saudável.

Médico e professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de Loma Linda, nos Estados Unidos