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Coluna | Heron Santana

Centro de influência para terceira idade

Cinco ideias para transformar nossas igrejas em centros de influência para a terceira idade.


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condominio-terceira-idadeTornou-se comum a expressão centro de influência para descrever igrejas capazes de atrair o interesse da alta classe média do país pelo evangelho. O termo tem uma perspectiva econômica. Os centros de influência se destinam, quase sempre, a adaptações estruturais que minimizem preconceitos dos ricos contra o ambiente das igrejas e os estimulem ao estilo cristão de vida em comunidade. Pessoalmente, considero uma iniciativa válida. A evangelização, de caráter tão abrangente, precisa de ideias dinâmicas, inovadoras e criativas para cumprir com seu propósito de alcançar a “todas as pessoas em todo o mundo” (Mateus 24:14).

Mas imagino que a adoção de centros de influência ganhariam ainda mais relevância se não se limitasse a conceitos econômicos. As igrejas despertariam ainda mais o interesse de segmentos variados da população brasileira se adquirissem o status de centros de influência preparados para atender necessidades e desejos de estratos sociais específicos, como é o caso da terceira idade.

A população brasileira está envelhecendo cada vez mais. Estimativas do IBGE apontam que nos próximos 20 anos o número de brasileiros acima de 60 anos vai triplicar, passando de 22,9 milhões (11,34% da população) para 88,6 milhões (39,2%). . Essa longevidade é uma dádiva, mas traz desafios, declara o médico Alexandre Kalache, presidente do Centro Internacional de Longevidade.

O Centro Internacional de Longevidade é uma organização independente, que faz parte de um consórcio de instituições de 17 países preocupadas com estudos e práticas sociais em favor da terceira idade. A missão é promover a pesquisa, o intercâmbio de conhecimentos, a recomendação de políticas baseadas em evidências, mobilização social e o networking internacional para atender a este anseio. Nos estudos e discussões, analisam o impacto dessa longevidade e até mesmo a fragilidade e despreparo das famílias no cuidado com os idosos. O representante no país, o médico Alexandre Kalache, em entrevista ao portal da revista Exame, disse que o Brasil vive uma revolução da longevidade, mas que nem mesmo os profissionais de saúde estão preparados para atender a este boom de idosos. “Estamos formando médicos para o século 20 e não para o século 21”, declarou.

As igrejas adventistas, por exemplo, podem sair na frente na preparação para esse novo cenário. Os templos e congregações adventistas brasileiros podem se transformar, em um médio espaço de tempo, em centros de influência para atrair e conservar os idosos, atendendo suas necessidades e desejos. Podem ser o ambiente ideal para preparar as famílias a lidarem com este momento.

Ao preparar nossas igrejas para servirem como centros de influência para a terceira idade, os adventistas estariam contextualizados com um dos maiores desafios modernos, especialmente em países em desenvolvimento, que cresceram economicamente mas não se prepararam adequadamente para os desafios sociais. Isso inclui despertar as famílias para esse momento. A escritora norte-americana e uma das fundadoras da Igreja Adventista, Ellen White, escreveu: “os idosos necessitam da auxiliadora influência das famílias. Na casa de irmãos e irmãs em Cristo, é mais fácil haver para eles como que uma compensação da perda de seu próprio lar. Se animados a partilhar dos interesses e ocupações domésticos, isto os ajudará a sentir que não deixaram de ser úteis. Fazei-os sentir que seu auxílio é apreciado, que há ainda alguma coisa para fazerem em servir a outros, e isso lhes dará ânimo ao coração, ao mesmo tempo que comunicará interesse a sua vida”. (Beneficência Social, página 237)

Aqui vão cinco ideias que poderiam transformar nossas igrejas em centros de influência para a terceira idade.

  1. Classes de idioma para a terceira idade. Diferente do perfil transformado em clichê pela sociedade, idosos acima de 60 anos estão cada vez mais ativos, do ponto de vista social e econômico, e interessados em viajar e conhecer o mundo. Uma das formas que as igrejas poderiam chamar a atenção dessa camada social seria oferecer grupos de estudo da Bíblia que usassem o aprendizado do inglês como forma de atração.

 

  1. Programas semanais de exercício. Com a ajuda de educadores físicos, as igrejas poderiam oferecer orientações sobre como os idosos poderiam praticar atividades físicas com segurança e conforto. Manter uma rotina de vida dinâmica, longe do sedentarismo, é uma maneira de dar qualidade ao processo do envelhecimento.

 

  1. Encontros de família. Segundo os especialistas, as famílias estão pouco preparadas para esta revolução da longevidade. A adoção de fóruns e encontros familiares com orientações específicas para a atenção e o convívio com o idoso é uma maneira bem interessante de adaptar nossos templos para esta nova realidade.

 

  1. Atividades culinárias. As restrições alimentares são uma rotina neste segmento da população. Uma maneira de atrair os idosos seria oferecer cursos nutricionais, com oficinas e preparação de receitas saudáveis e saborosas, que atendessem as necessidades impostas pela restrição a certos nutrientes, algo comum no processo de envelhecimento.

 

  1. Projetos de educação e conhecimento. Tanto as igrejas quanto as escolas adventistas poderiam oferecer cursos com turmas específicas para a terceira idade, espaços onde pudessem voltar a estudar e ampliassem o conhecimento.

 

Estas são apenas algumas ideias que poderiam ser interessantes, atraentes e socialmente relevantes para a inclusão dos idosos nos projetos e planos de evangelização. E você, tem alguma ideia ou sugestão que poderia levar nossos templos a se preparar para atender e incluir a terceira idade?

Heron Santana

Heron Santana

Igreja Relevante

Estudos e ações inovadoras que promovem transformações sociais e ajudam a Igreja a ampliar seu relacionamento e interação com a sociedade.

Jornalista, trabalhou na Rádio CBN Recife e na sucursal do Jornal do Commercio. Foi diretor da Rádio Novo Tempo de Nova Odessa, no interior de São Paulo, e hoje está à frente do departamento de Comunicação da Igreja Adventista para os Estados da Bahia e Sergipe.