Comunicação relevante e o serviço ao próximo
Serviço ao próximo e ações de voluntariado marcaram o Together, um evento que ilustra bem a força do impacto social e uma comunicação eficiente.
Não é de hoje que as organizações do mundo inteiro compreenderam que as pessoas apreciam causas. Identificaram que cresce o número de consumidores que lutam, financiam e apoiam as mais diferentes iniciativas de cunho social. Uma pesquisa chamada Edelman’s 2018 Earned Brand Study, que trata de marcas, exemplifica isso. O relatório afirma que 64% dos consumidores no mundo escolhem, trocam, evitam ou boicotam uma marca com base em sua posição em questões sociais.
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O que o mercado chama de causa nós podemos, no contexto religioso, chamar de missão. E isso envolve o voluntariado e o serviço ao próximo. Ellen White, muito antes de qualquer pesquisa de branding, já pedia que “não fechemos os olhos à miséria ao nosso redor nem os ouvidos aos clamores de angústia que ascendem continuamente. Cristo, o maior missionário que o mundo já conheceu. Ele veio para levantar e dar alegria aos tristes e atribulados, e nesta obra devemos cooperar com Ele”.[1]
Temos, portanto, dois elementos conectados. A boa disposição geral das pessoas em relação a causas e o princípio, de origem bíblica, para que as pessoas ajudem quem sofre e cooperem com Deus. As empresas normalmente transformam tudo isso em uma grande estratégia de marketing para criar simpatia com os consumidores e vender mais.
Serviço com genuína motivação
Recentemente, participei de um evento muito interessante organizado pela Igreja Adventista do Sétimo Dia chamado Together. Basicamente reuniu milhares de jovens de várias partes do Brasil e do mundo para viver uma experiência de serviço ao próximo no contexto do voluntariado.
O que ouvi e vi da parte de muitos jovens neste evento vai além do fato de simplesmente se ter uma causa pela qual lutar. Eu percebi que os jovens buscam um sentido mais amplo para sua vida. E grande parte o faz porque tem uma motivação ligada à sua relação com Deus. Eles pintaram escolas, ensinaram crianças, serviram marmitas ou deram abraços em desconhecidos, porque entendem que isso é importante para eles. E a origem deste serviço está nos conceitos extraídos da Bíblia.
Comunicação e impacto social
E em que todo este movimento resultou? Para a maioria dos jovens e adolescentes que participaram, não tenho dúvidas de que foi produzida uma percepção mais clara daquilo que Cristo viveu e foi relatado nos evangelhos. Servir ao próximo não é uma ação de marketing. Nem uma estratégia para melhorar imagem corporativa ou fortalecer branding. É viver a religião e, portanto, pregar o evangelho.
E a comunicação disso tudo? É aí que eu fiquei pensativo. Dezenas de inserções, veiculações e publicações em diferentes sites, portais, emissoras de TV, jornais, rádios ocorreram em quatro dias de evento. Foi muito bom? Claro que sim! Mas foi melhor ainda porque jornalistas entrevistaram jovens totalmente motivados e conscientes de seu papel como voluntários cristãos dispostos a servir.
A comunicação seguiu o impacto social e espiritual que o Together proporcionou. É isso que desejo destacar. Não foi um evento para atrair mídia, alimentar perfis em redes sociais ou promover influencers digitais. Foi realmente uma experiência de consolidação da missão bíblica de servir ao próximo apresentada a milhares de jovens. A comunicação impactante, portanto, soou como uma consequência de todo este processo. E não como um fim em si mesma.
É justamente, por isso, que considero esta uma comunicação efetivamente relevante. Tem pertinência na vida das pessoas. E ajuda a mudar conceitos. Comunicação ultrapassa a mera divulgação. Ou o mero desejo de capturar contatos para comercialização. Torna-se instrumento de formação e transformação. No caso do Together, transformação espiritual.
Referência:
[1] WHITE, Ellen. Beneficência Social, página 89.