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Coluna | Felipe Lemos

A comunicação que promove educação

Está mais do que na hora de as organizações compreenderem que é possível promover a educação dos seus públicos por meio da comunicação estratégica.


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O ensino pode ser muito bem difundido por qualquer tipo de organização por meio de estratégia comunicacional. Vai muito além de informar. (Foto: Shutterstock)

O título pode até soar um pouco clichê, mas é essencialmente verdadeiro. A relação entre comunicação estratégica e educação é mais óbvia do que pensamos. Susana Goerck trata disso em um artigo que apresenta a comunicação das organizações em seu caráter educativo. Ela ressalta, com base em vários estudos, que a comunicação das organizações e a comunicação educativa apresentam as mesmas características.

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Comunicação é efetiva quando há uma interação entre receptor e emissor de uma mensagem. É o caso de uma organização e seus públicos. Neste ambiente de relacionamento, o processo comunicacional estabelecido permite que as pessoas compreendam corretamente essa mensagem. E que não apenas recebam informações, mas aprendam o que aquilo significa. Para Susana, “o estabelecimento da comunicação se dá mediante o feedback do receptor, ou seja, a sua resposta em forma de conhecimento, participação ou envolvimento em relação à informação comunicada”.

Realidade de uma igreja

Educação e comunicação estão unidas, conceitualmente, com o propósito de fazer as pessoas aprenderem algo. Comunicar bem é, portanto, neste aspecto, uma forma de ensinar. E o processo adquire mais importância, ainda, quando se trata de uma organização religiosa, como uma igreja.

Na Bíblia Sagrada, livro-base do cristianismo, a missão divina é a de educar as pessoas. Desde o início, como lemos no livro de Gênesis, no Éden, Adão e Eva dialogavam com o Criador na viração do dia. Aprenderam por meio de um processo comunicacional eficiente o que deveriam fazer. Mas romperam este ciclo virtuoso com a desobediência.

Mais tarde, o povo do Israel antigo se encontrou escravizado em território egípcio. A educação religiosa se perdeu em mais de quatro séculos de aculturação. Deus, mais uma vez, comunicou para educar o povo na caminhada rumo à Canaã pelo deserto. Isso pode ser visto nos livros de Êxodo, Levítico e Números. O Senhor sistematizou leis de saúde, retomou a lei moral dos mandamentos e estabeleceu o serviço do santuário para este educá-los sobre o papel de redenção por meio de Jesus Cristo.

Como a comunicação pode educar?

Vamos à prática. Como a comunicação de organizações ou de indivíduos que se comportam como marcas (a exemplo de influenciadores) pode realmente ajudar no ensino? Veja possíveis ideias.

  1. Comunicação educa quando enfatiza o que a organização faz de forma positiva. Parece óbvio, mas o ensino se dá quando uma pessoa ou uma organização trabalham para, de uma forma coerente, didática e permanente, tornar evidente a seus públicos o que faz. O foco da sua comunicação não está na crítica pública ao que outras organizações deixam de fazer ou realizam de forma equivocada. A comunicação madura de uma igreja, de uma empresa, de um influencer, vai além da discussão em ambientes digitais que mais se assemelha a uma arena de esportes violentos. É uma estratégia comunicacional concentrada e pensada para mostrar a relevância desta organização ou desta marca (que pode até ser uma pessoa). Os públicos precisam ver sentido na mensagem desta organização. É mais do que um apelo para que sejam comprados produtos, contratados serviços ou consumidos um programa ou evento. Consiste em fazer com que os públicos assimilem uma ideia e “comprem” uma mensagem.
  1. Estratégia comunicacional que educa é aquela que constrói ideias a partir do exemplo para uma sociedade melhor Toda forma de culto desenvolvida por Deus para o povo hebreu tinha a intenção, também, de construir um conceito sobre a divindade para as nações vizinhas. Deus não só deixou palavras e ideias para os antigos israelitas, porém orientações sobre higiene, saúde, educação, meio ambiente, escravidão, crimes, entre outros temas para que a grande nação israelita fosse um modelo a servir de ensino. A comunicação divina, mesmo no período que os hebreus estiveram sob cativeiro de impérios como Assíria, Babilônia ou Roma, tinha a intenção de ensinar quem estivesse próximo do povo separado por Deus. Profetas apresentaram mensagens que tinham, muitas vezes, uma aplicação para a realidade da sua época. O Senhor construiu ideias para uma vida melhor em sociedade, apontando para a eternidade também. Propor saídas e soluções ou sugerir a fim de estabelecer novas realidades é um ato educacional apropriado para uma organização, uma marca, uma pessoa influente que espera contribuir.
  1. A comunicação educacional eficiente leva em conta o que pensam os públicos, pois seu interesse é ensiná-los e não criar barreiras para eles. A mensagem de uma organização ou de uma marca precisa, muitas vezes, ser adaptada para ser compreendida. Isso não significa descaracterizar ou reduzir a força desta mensagem, mas torná-la compreensível. É equivocado imaginar que qualquer abordagem, qualquer método, ou apenas um único método idolatrado como o melhor sempre surtirá efeito junto a públicos tão variados como os que existem atualmente. Ensino tem muito a ver com metodologia e disso a comunicação organizacional não pode abrir mão.

Impacto educacional

Este tema está longe de ser exaustivo, até porque a discussão é bem abrangente e profunda. Mas, em resumo, uma organização ou um nfluenciador precisam entender seus esforços comunicacionais como importantes para um impacto educacional.

É preciso ir além do conteúdo meramente informativo ou simplesmente polêmico para chamar a atenção. E mesmo aquele que é essencialmente combativo. A preocupação de comunicadores com vontade de ensinar (da forma como se constata no princípio bíblico) deveria ser com o ensino, com a possibilidade de ajudar muitos a realmente compreender aquilo que se deseja comunicar.


Referência

GOERCK, Susana. Comunicação e educação: relações na gestão educacional. Revista Educação do Cogeime. Ano 11 – n021 – Dezembro/2002.

Felipe Lemos

Felipe Lemos

Comunicação estratégica

Ideias para uma melhor comunicação pessoal e organizacional.

Jornalista, especialista em marketing, comunicação corporativa e mestre na linha de Comunicação nas Organizações. Autor de crônicas e artigos diversos. Gerencia a Assessoria de Comunicação da sede sul-americana adventista, localizada em Brasília. @felipelemos29