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Coluna | Felipe Lemos

O cristão é um cidadão?

Como deve ser sua relação com a política diante do compromisso com a cidadania?


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A resposta para essa pergunta, objetivamente, conforme a Bíblia, é sim. O cristão, nesse sentido, tem pelo menos duas cidadanias. Uma neste mundo, por conviver aqui com outras pessoas na chamada sociedade. E outra, que é a chamada cidadania celestial, bem descrita em textos como o de Filipenses 3:20, em que Paulo diz que “nossa pátria está nos céus, de onde esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo.”

A última cidadania tem muito a ver com a grande esperança eterna de um cristão que se vale da Bíblia como regra exclusiva de fé. Ou seja, o cristão não se conforma em viver apenas nessa realidade, mas olha para o futuro com alegria, quando o pecado e suas consequências tiverem fim por ocasião da volta gloriosa de Jesus Cristo. É com isso em mente que vive diariamente o cristão bíblico.

Mas e enquanto isso? Como passar os dias por aqui em uma sociedade corrupta, mas que necessita de bons exemplos, de boas referências, de algum tipo de inspiração até para conhecer melhor a mensagem de Cristo?

Evidentemente, o cristão bíblico deve ser missionário e, em meio a essa tarefa, está a de ser um bom exemplo para os seus amigos, vizinhos e parentes. E isso inclui respeitar as autoridades constituídas (Romanos 13:1-7), cumprir com as leis definidas por essas autoridades quando elas não se chocam ou contradizem as leis divinas (Mateus 22:17-22) e agir em favor da sociedade em que se vive, principalmente no que diz respeito a uma educação melhor, saúde preventiva, preservação do meio ambiente como criação divina, entre outras tarefas.

Contribuição para a sociedade

É claro que personagens bíblicos como José, Daniel e Ester foram excelentes exemplos de pessoas que, valendo-se de suas funções públicas, ajudaram a tornar melhor o ambiente em que viviam. José se envolveu com a organização do governo e das finanças egípcias; Ester colaborou para o livramento de um povo ameaçado por uma legislação injusta que proibia a liberdade religiosa, e Daniel empreendeu uma administração honesta e confiável a ponto de se tornar superior em diferentes impérios.

Obviamente, não tiveram de se submeter a uma candidatura, nem eleições como hoje ocorrem nos países democráticos. Foram colocados ali por uma intervenção divina direta e clara. Hoje, em países como o Brasil e outros considerados os campeões da corrupção na administração pública, as disputas eleitorais são sempre colocadas sob suspeita por seu perfil menos honesto e compatível com o modo de vida orientado pela Bíblia. É por isso que a Igreja Adventista na América do Sul elaborou um documento para nortear um pouco mais as relações a respeito do tema.

Voto, ação e candidaturas

Mas isso isenta o cristão de votar adequadamente em candidatos com propostas que sejam aceitáveis sob o ponto de vista mais amplo dos ensinamentos bíblicos? Penso que não. Ele deve votar conscientemente e mais do que isso: deve ser um cristão exemplar em seus negócios sem se envolver com compra de votos, desonestidade, sonegação de impostos ou outros artifícios para se ter vantagem sobre os demais. Isso é bíblico também! (veja o mandamento que proíbe a mentira em Êxodo 20). Deve ajudar em causas humanitárias, em projetos educacionais, em ações de prevenção de saúde, de melhorias da infraestrutura urbana e rural, enfim, precisa mostrar que é uma bênção nos dias atuais a quem o rodeia.

É sábia a decisão de denominações como a Igreja Adventista, por exemplo, de não estimular candidaturas políticas. A organização sabe que os bastidores de uma campanha são complicadíssimos para os que se dizem seguidores fiéis de Cristo. No entanto, ao mesmo tempo, respeita a liberdade individual dos que desejam se candidatar. Ela dá normas para quem se aventura por essa área sem impedir ninguém de fazer isso.

As eleições presidenciais para o Brasil estão começando e os cristãos não devem ficar alienados desse processo. A confiança total é posta sobre Deus, que está acima de países, reinos e administradores. Mas há uma parte a fazer. E essa não se pode ignorar. Somos cidadãos também com um papel muito relevante. Claro que precisamos agir com prudência e cuidado nessa área política. Se nos omitirmos, deixaremos de fazer nossa parte. Se nos tornarmos apaixonados pelo partidarismo político, também cairemos em outro desequilíbrio com prejuízos previsíveis.

Equilíbrio é a meta!

 

Felipe Lemos

Felipe Lemos

Comunicação estratégica

Ideias para uma melhor comunicação pessoal e organizacional.

Jornalista, especialista em marketing, comunicação corporativa e mestre na linha de Comunicação nas Organizações. Autor de crônicas e artigos diversos. Gerencia a Assessoria de Comunicação da sede sul-americana adventista, localizada em Brasília. @felipelemos29