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Coluna | Felipe Lemos

Falta de leitura e o prejuízo religioso individual

A falta de leitura ou a leitura de má qualidade pode afetar, inclusive, o tipo de cristianismo que se tem e o tipo de cristãos que são formados


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Foto: Shutterstock

Um relatório do Banco Mundial, divulgado há alguns dias, traz um dado curioso. Aliás, preocupante. Diz o relatório World Development Report que o Brasil vai demorar 260 anos para alcançar o nível educacional de países desenvolvidos em leitura. Em Matemática, a estimativa é que demoremos (os brasileiros) até 75 anos. A avaliação aqui foi feita com dados relacionados ao Brasil, mas serve tranquilamente para qualquer outro país que tenha índices tão ruins quanto.

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Bem, o relatório obviamente não trata apenas de leitura, mas dos rumos da educação em geral. Os dados que compõem esse cálculo foram apresentados com base no desempenho dos estudantes brasileiros nas edições do Pisa, uma avaliação internacional de nível educacional.

Mas e o que isso tem a ver com a vida religiosa das pessoas? Bem, pode ter muita relação. Se olharmos por um determinado ângulo a questão, poderemos compreender que a falta de leitura ou leitura de má qualidade (típica do analfabetismo funcional) é um fator altamente prejudicial à religiosidade individual em certos aspectos. Cria, na minha concepção, preguiçosos mentais e cristãos superficiais. Vamos a alguns problemas, ao diagnóstico:

Pouca leitura em geral pode significar pouca leitura da Bíblia

A baixa leitura dos brasileiros é um indicativo de que possa haver, também, pouca leitura da Bíblia, um livro com dezenas de autores diferentes, centenas de temas e uma linguagem por vezes difícil para alguns. Além disso, a Bíblia, que é uma verdadeira coleção de livros inspirados, exige uma leitura mais cuidadosa, minuciosa, detalhada, de onde seja possível extrair aplicações espirituais práticas para a vida. Se não há leitura do livro, ou se ocorre a leitura superficial, as conclusões e as aplicações, ou não vão acontecer, ou serão igualmente superficiais. Para refletir sobre a mensagem da Bíblia, Deus indica a leitura do livro, a assimilação dos conceitos, não apenas o hábito de ouvir outros falando acerca da Bíblia. Há pessoas que, por um hábito preguiçoso, optam por tentar aprender apenas ouvindo o que outros falam acerca de um tema bíblico. Seria muito mais proveitoso se fizessem elas mesmas a leitura e a meditação no texto (Josué 1:8).

Pouca leitura, em média, pode significar pouca compreensão do texto lido

A falta de hábito de leitura, ou a falta de estímulo à leitura, em países como o Brasil (segundo essa e outras pesquisas), pode levar, também, a um comportamento em que as pessoas passam a ler e não compreender o pouco que leem. E isso tem reflexos na leitura da Bíblia. Profecias dos livros como Apocalipse e Daniel, por exemplo, são interpretadas especialmente, também, a partir do entendimento de textos de outros livros da Bíblia, sobretudo no Antigo Testamento. É preciso fazer comparação, análise dos textos lidos, relação entre um contexto e outro, enfim, estudo, para se compreender melhor o que a Bíblia quer ensinar. E isso definitivamente não vai acontecer com leitura rasa, superficial, onde as pessoas pouco conseguem explicar o que acabaram de ler (ou passar os olhos). Essa prática de se ler muito mal a Bíblia ocasiona esdrúxulas interpretações totalmente descontextualizadas e que dão margem a opiniões pessoais, especulações ou mera reprodução do que sempre ouviram e nunca checaram.

O que fazer?

Desenvolva o hábito da leitura de um trecho curto da Bíblia por dia. Evite ler vários capítulos se você não está acostumado a sequer ler um livro de 80 a 100 páginas regularmente. Comece com um capítulo de um livro que lhe chame mais a atenção na Palavra de Deus. E gaste tempo para refletir sobre o que acabou de ler.

Experimente escrever um pequeno resumo sobre o que você acabou de ler. Faça uma aplicação prática para sua vida. Isso fortalece a ideia de leitura um pouco mais profunda. E conecta a leitura com o seu cotidiano.

Adquira bons comentários e livros de apoio ao estudo da Bíblia. Isso sempre contribui para aumentar o nível de informação acerca do tema estudado.

E o mais importante: ore enquanto lê e estuda. A Bíblia declara que as palavras de Cristo “são a verdade” (João 17:17) e que, portanto, quem dá o entendimento não é o homem, mas o Espírito Santo que sempre nos conduz pela verdade (João 16:13).

Que Deus nos permita ser bons leitores, ávidos e humildes estudantes da Bíblia e menos preguiçosos mentais.

Felipe Lemos

Felipe Lemos

Comunicação estratégica

Ideias para uma melhor comunicação pessoal e organizacional.

Jornalista, especialista em marketing, comunicação corporativa e mestre na linha de Comunicação nas Organizações. Autor de crônicas e artigos diversos. Gerencia a Assessoria de Comunicação da sede sul-americana adventista, localizada em Brasília. @felipelemos29