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Coluna | Fábio Bergamo

Sobre hackers, crackers e o cósmico

O que as invasões e ataques de hackers nos ensinam sobre assuntos de marca.


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Quando ainda fazia graduação em administração, no fim dos anos 90, o mundo da informática era um fascínio só. A internet (discada) chegando ao grande público no Brasil, computadores ficando mais impressionantes, aulas com data-show. Enfim, era um admirável novo mundo e lembro de ficarmos “viajando”, pensando no futuro da sociedade e de nós mesmos ante a tecnologia. Mas, como toda novidade, uma das coisas que também nos fascinava eram as formas não ortodoxas de se conviver com a mesma.

O mundo hacker era o principal deles. Histórias de pessoas que invadiam computadores, ativistas digitais, entre outros, com certeza pululavam em nossas histórias fantasiosas. O hackerismo começou como uma espécie de Robin Hood da rede, pessoas que invadiam sistemas para demonstrar suas falhas ou para realizar certo tipo de ativismo. O professor André Lemos, doutor em cibercultura e professor da UFBA, indica que os “hackers são os outsiders da informática que, através do comportamento lúdico e criativo, tomam os computadores não como uma simples ferramenta de cálculo, mas como um meio de comunicação”. Enfim, por muito tempo, os hackers se mostraram o antagônico da sociedade tecnocrática, fazendo, por muitas vezes, o bem.

John Markoff, no entanto, disse a seguinte frase escatológica: “Qualquer tecnologia, não importa o quão avançada, quase imediatamente desce ao nível das ruas”. O que o famoso jornalista e escritor da cultura digital indica é que sempre haverá algo de podre na utilização de qualquer tecnologia. O hackerismo se desvirtualizou e apareceram os crackers: hackers do mal, tidos como versão “radical, violenta e anárquica” dos hackers, pelo Prof. André Lemos. Agora se invadia por prazer, se disseminava vírus e outros malwares por puro desejo de ver o mal sendo feito.

Na última semana (fim do mês de julho) nos deparamos com os crackers. Desta vez, pertinho da gente. Contas institucionais da Igreja Adventista foram invadidas no Facebook. E vemos que não há nada de mítico ou romântico em ter suas contas retiradas, senhas trocadas e ver uma coisa que você cuida tão bem sendo deliberadamente envenenada por temas que você é completamente antagônico. O prejuízo, em comunicação e brand equity, com certeza foi grande. Até grandes mídias do país reportaram o ocorrido.

Você pode pensar em teorias da conspiração, problemas de segurança ou o que quer que seja. Mas é mais uma prova de que há algo maior que nós. Sim, amigos, o grande conflito está em todos os lugares. Depois de alguns dias, foi tudo resolvido, graças a Deus! Fizemos a nossa parte orando, o pessoal da web da Divisão fez um ótimo trabalho, o Facebook devolveu as páginas de forma correta segundo suas normas internas. Porém não há dúvida de que este foi mais um episódio onde vemos forças maiores atuando. E é nesta hora que, mais uma vez devemos nos perguntar: de que lado estamos?

Para ler, ver e ouvir mais:

Ética Hacker e Educação – Blog interessante sobre a relação entre o hackerismo e a educação. https://blog.ufba.br/eticahacker

O mundo hacker – Documentário em inglês - http://www.youtube.com/watch?v=9JyWGMv7ROo

Fábio Bergamo

Fábio Bergamo

Marcas & Marcas

Marketing, Comunicação, Cultura e Religião

Doutor em Administração pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), lecionou em diversas instituições. Atualmente é docente na área de Marketing, Estratégia e Tecnologia no Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp). Foi considerado um dos 100 professores de marketing mais influentes do Twitter pela SMM Magazine. @bergamomkt