O poder dos retratos
Em tempos do reinado dos vídeos, a fotografia ainda mantém o seu (grande) valor
Eventos como os Jogos Olímpicos são aqueles momentos em que os profissionais de mídia se sentem no paraíso. Uma competição esportiva como essa é a garantia de um fornecimento inesgotável de imagens icônicas. Quem não se lembra da vitória de Jessie Owens, em Berlim (1936), desafiando a doutrina ariana defronte à Hitler; ou da maratona em Los Angeles (1984), com a suíça Gabriela Andersen-Schiess recusando a ajuda médica e ultrapassando a linha de chegada no último resquício de suas forças; ou do “choro” do urso Misha, mascote dos jogos de Moscou (1980).
Na França, terra dos irmãos Lumiére, não poderia se esperar menos. Já na polêmica abertura dos jogos de Paris (2024), o mundo parou mais uma vez para acompanhar essa que, até o presente, é a Olimpíada com transmissão mais intensa de todos os tempos. E em altíssima resolução, com transmissão em 8K pioneira, e que exigiu uma robusta rede tecnológica de transmissão. Coisa nunca vista antes!
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Nós amamos vídeo. E estamos na era em que ele comanda tudo. São os Reels, as lives nas mais variadas redes sociais; o TikTok arrebatando bilhões de pessoas; YouTube se tornando cada vez mais parte da cultura; a inundação dos podcasts em vídeo; as chamadas via WhatsApp e Telegram, entre outras tantas plataformas. São a demonstração de que esse amor só tem crescido. E a tendência é de crescimento ainda maior.
No entanto, algo destoou no meio deste cenário. Vindo do longínquo Taiti, na famosa praia de Teahupoo, uma imagem estática, uma foto tomou as telas dos celulares, computadores e TVs de todo o mundo. Após ganhar uma nota 9,9, o surfista brasileiro Gabriel Medina comemorou saindo do seu tubo perfeito e comemorou em pleno ar com sua prancha. E o fotógrafo Jerome Brouillet, da Agence France-Presse, registrou o momento mágico que é até impossível de descrever. A foto se tornou um fenômeno, sendo divulgada na grande mídia do mundo com a mesma voracidade que ela foi retuitada e compartilhada nos grupos de conversa nos smartphones globo afora.
A foto de Medina tirada por Brouillet comprova que ainda há espaço para essa velha conhecida e amada mídia: a fotografia. Gerações registraram seus principais momentos através das fotografias e dos retratos. Parece que a fotografia perdia cada vez mais seu valor com o protagonismo do Instagram e do TikTok, que são avassaladores consumidores de tempo e atenção na vida humana atual. As mídias têm seus focos abertamente colocados no compartilhamento de vídeos. O próprio Instagram, que iniciou suas atividades como rede social de compartilhamento de fotos, mudou suas estratégias para agora focar em Reels, Stories em vídeo e lives.
Além do tempo e das mídias
Mesmo com o protagonismo do vídeo em movimento, as fotos ainda têm muito seu valor. Fotos também contam histórias. Fotos também registram momentos. E com as fotos, tudo fica mais sublime! Fica mais nostálgico! E, paradoxalmente, as fotos nos fazem humanos. Com as fotos, conseguimos refletir mais. Ficamos imaginando o contexto, os bastidores. Diferente do vídeo, que entrega tudo mastigado, sem muito espaço para pensarmos para além do que é demonstrado.
A inteligência artificial mais avançada em criação de vídeos ainda nos deixa assustados, pois ainda fica com cara de sombrio, de estranho. Mas quando a IA trabalha em fotos, a gente se deixa levar muito mais. E ficamos imaginando e nos surpreendendo.
Você que gosta de comunicação ou que atua na área, profissionalmente ou como voluntário, não pode deixar de lado a ferramenta fotográfica. Quer seja um evento de maior porte, quer seja algo mais intimista ou voltado ao registro pessoal, por favor, não considere só os vídeos. É muito importante ter transmissão, gravar o que está acontecendo, fazer os takes em movimento para a posteridade. Mas não esqueça de registrar as fotos também! Valorize as fotos. Elas continuam valendo “mais que mil palavras”. Treine sua visão, seu bom gosto.
Busque referências. Inclusive, dentro da igreja. Eu adoro o trabalho do meu grande amigo Naassom Azevedo, gestor da área de Marketing e Comunicação na Faculdade Adventista de Minas Gerais (Fadminas) e excepcional fotógrafo. Um vídeo de um evento nunca vai contar tão bem a história do que aconteceu ali como as fotos tiradas pelo Naassom. Fotos também contam a história!
Podemos acompanhar nas publicações do Centro de Memória do UNASP São Paulo, liderado pela Emily Bertazzo. Aquelas fotos digitalizadas contam a história da Educação Adventista. Registros que aquecem o coração.
Aqui vos fala alguém que em casa tinha monóculos, fotos em preto e branco e que tem enormes registros fotográficos de sua vida, tanto digitais quanto analógicos. Mas falo sem nenhum pingo de nostalgia cega: a fotografia não pode ser esquecida. Ela é uma mídia fortíssima e pode encantar e levar pessoas à emoção, à satisfação e à plenitude. Não deixe de lado essa ferramenta poderosíssima!
Para ver, ler e ouvir mais
Perfil no Instagram do Naassom Azevedo - instagram.com/naassomz1
Perfil do Centro de Memória do UNASP São Paulo - instagram.com/memoriaunaspsp