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Coluna | Fábio Bergamo

Enfim, Cíbridos

O que vivemos nas últimas semanas no Brasil fez com que o mês de junho de 2013 entrasse para a história do nosso país. Manifestações nos quatro cantos, o povo na rua,querendo mudanças. Sinceramente, acho bonito quando, sem violência, pessoas se unem...


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O que vivemos nas últimas semanas no Brasil fez com que o mês de junho de 2013 entrasse para a história do nosso país. Manifestações nos quatro cantos, o povo na rua,querendo mudanças. Sinceramente, acho bonito quando, sem violência, pessoas se unem para mostrar um ideal no qual acredito.

Este poder de mobilização, até décadas atrás, era pequeno. As causas podiam ser as mais relevantes, mas dificilmente as manifestações reuniam simpatizantes na casa das milhares de pessoas.Tanto que,quando estas aconteciam, ficavam marcadas na história. No Brasil, temos os exemplos do “Diretas Já” (1984) e dos Cara-Pintadas (1991). O que estes, e vários outros ao redor do mundo tiveram em comum foi que o movimento partiu da indignação popular, ou mesmo de interesses em comum, de pessoas em comum, caso do Woodstock (1969). Porém, sempre mediada por meios que não estavam no controle desta própria população.

Com a internet, aconteceu o que chamo da mais recente grande mudança cultural da humanidade: o advento da cultura digital ou cibercultura. A gênese do poder se altera, saindo da mão da mídia de massa e partindo para o próprio usuário. A sociedade agora se coloca em rede, tendo as ubíquas mídias sociais como a mola mestra que faz praticamente tudo funcionar.

Com o tempo, o homem tornou-se um ser “cíbrido”. O cibridismo é o rótulo dado para a posição atual do ser humano em estar entre redes, o tempo todo. Portanto, ao mesmo tempo, nos encontramos tanto na rede real, quanto na rede virtual, com a mesma intensidade e com o mesmo interesse (alguns até mais pela rede virtual). Em resumo, somos seres que estão online e offline, compartilhando nossas experiências ao transitarmos entre estas duas dimensões. Nossos apetrechos tecnológicos de Informação e Computação (tablets, notebooks, smartphones, entre outros), nos permite viver o cibridismo no nível mais alto.

Um dos legados do cibridismo é o poder de criação e da interação com o conteúdo. Além disso, o poder de criação de causas e a interação com os que inflamam estas causas. A internet (leia-se, mídias sociais) são movidas por causas, que são “curtidas e compartilhadas” pelos usuários. O que não se tinha notado ainda, é que o cibridismo não é uma via única, do real para o virtual, mas também o inverso, do virtual para o real. Começamos a ver os movimentos fomentados pelas pessoas na internet, desde os mais inofensivos (como as discussões de um reality show, por exemplo), até os mais fortes (como a Primavera Árabe).

O Brasil experimentou em Junho de 2013 o poder dos seres cíbridos. Uma enxurrada de mensagens, convocações, arregimentações nas mídias sociais fizeram com que o povo transformasse o #vemprarua em uma realidade. Pela primeira vez vimos, tão pertinho de nós, um movimento que partiu do virtual e foi pro real. Creio que podemos literalmente chamar de “revolução”, não pelo que vemos nas ruas, mas pelo preâmbulo mediado pelas tecnologias sociais.

O que nos diz este movimento, como cristãos? Muito se pensa e, consequentemente, se gasta para encontrarmos métodos de levarmos o evangelho para as pessoas de forma eficaz. Parece que os atuais acontecimentos estão nos passando uma mensagem clara para todos nós: os meios digitais não podem ser mais apenas complemento na divulgação da mensagem, mas sim uma das prioridades. Não se pode relevar, de forma alguma, o potencial destes novos meios.

Somos uma sociedade em rede, feita de seres cíbridos, isso é inegável. Também inegável é que temos que aproveitar este potencial. Louvo a Deus que, como igreja, estamos entendendo o cenário. O GAiN (Global Adventist Internet Network) é um órgão que vem pensando, cada vez mais, sobre o que podemos fazer para incrementar as ações evangelísticas neste meio. Na nossa Divisão temos programas de muita relevância e sucesso, como o “Reavivados Por Sua Palavra”, por exemplo.

Finalizo reiterando a face mais enriquecedora da cultura digital: o colaboracionismo. Todos podem participar. Todos tem poder. Todos podem ter relevância. E por isso, o nosso papel em “curtir e compartilhar” a mensagem por meio digital é tão importante. Se antes você já era parte fundamental no processo, agora, como um ser cíbrido, seu papel ainda é mais prepoderante e poderoso. Não perca tempo! Conecte-se nesta ideia!

PARA VER, LER OU OUVIR MAIS

Vídeo “A Revolução das Mídias Sociais” – Criado por Erik Qualman, autor do livro “SocialNomics”, mostra o poder das mídias sociais, através de números impressionantes. http://www.youtube.com

Livro “Sociedade em Rede” – Talvez o maior filósofo e sociólogo do mundo cibercultural, Manuel Castells escreveu esta grande obra, que nos faz entender e refletir sobre o poder da sociedade em rede. Pra quem se interessa no assunto, vale muito a pena fazer esta leitura. Editora “Paz e Terra”. http://www.pazeterra.com.br

Fábio Bergamo

Fábio Bergamo

Marcas & Marcas

Marketing, Comunicação, Cultura e Religião

Doutor em Administração pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), lecionou em diversas instituições. Atualmente é docente na área de Marketing, Estratégia e Tecnologia no Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp). Foi considerado um dos 100 professores de marketing mais influentes do Twitter pela SMM Magazine. @bergamomkt