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Coluna | Fábio Bergamo

Carta a um pessimista digital

O que o pessimista digital precisa entender sobre as novas oportunidades da cibercultura


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Foto: Shutterstock

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Caro irmão Pessimista Digital,

 

Entendo o desafio que é ter vivido em um paradigma social extremamente diferente daquele que se avoluma cada vez mais em tempos atuais. Também vivi isso.

Sou de uma época deliciosa, que me traz nostalgia ao lembrar da felicidade que tinha ao brincar, conversar, conhecer pessoas, entre outras coisas, utilizando-me da simples socialização, do falar e do ouvir. Você me entende. Quão importante era a capacidade de comunicação e expressão para as pessoas, o escrever bem, o prestar atenção em coisas importantes e, principalmente, entendê-las.

Sei da sua preocupação com os “novos tempos” e com a “modernidade”. A molecada (e os crescidos também) parecem só querer olhar para o celular e esquecem do “mundo real. E, pasme, inclusive na igreja! Que estranho isso é pra nós, que nascemos há décadas, ainda no século... milênio passado! No mínimo, chamaríamos de... desrespeitoso.

Contudo, amado irmão, as coisas estão mudando. Estamos vivendo em um mundo onde a cultura digital, também chamada de cibercultura, vem mudando a forma do ser humano se portar. Sim, um novo paradigma, diferente daquele no qual nós nascemos, nós nos desenvolvemos e aprendemos. De fato, desde a prensa de Gutenberg (que também era tida como abominável aquela época), a tecnologia vem moldando a cultura. Graças a Gutemberg, Lutero foi o primeiro ‘viral’ da história da humanidade. Com a tecnologia inovadora, mais pessoas foram alcançadas e isso foi ótimo. Estamos aqui conversando por causa disto. E vem sendo assim com cada nova tecnologia de comunicação e informação inventada: o Rádio, a TV, e agora a internet.

E a internet, como qualquer outra tecnologia disruptiva, realmente moldou a humanidade. Em princípio, parece uma coisa horrenda, não? Mas temos alguns pontos a considerar:

 

- A internet democratizou o acesso livre à informação. Pessoas podem agora buscar/passar por escrutínio qualquer ideia ou ideologia. Podem até ir de um interesse esporádico por um estudo profundo, simplesmente por tudo estar a um clique ou um toque de distância. Isso nos traz a mais alta responsabilidade, em prover material para que o escrutínio tenha um resultado correto.

 

- A internet favorece a interação social. Parece estranho, mas o número de interações sociais feitas por um ser humano nos dias de hoje é infinitamente maior do que o de antes. Se, em um dia, uma pessoa interagia com 5, 8 pessoas, hoje este número pode chegar a algumas dezenas. Não lhe parece interessante?

 

- A internet escancarou a era do colaboracionismo. Por meio de plataformas digitais, as pessoas estão cada vez mais se ajudando e participando de campanhas que efetivamente estão mudando o mundo. E não precisam ser projetos no mesmo espaço geográfico, o que é excepcional, não?

 

- A internet está repaginando certos dons evangelísticos. Sem dúvida, a igreja está carecendo de lideranças neste aspecto. No entanto, a internet está fazendo com que as pessoas (principalmente os jovens) se lancem na produção de conteúdo, na liderança de movimentos, na realização de eventos, que viralizam nas redes sociais e alcançam outros jovens que talvez nunca iriam a uma igreja. Não é para se comemorar?

 

Poderia falar muito, querido irmão, sobre as mudanças que a internet causou na sociedade e vem causando na igreja. Nenhuma dela seria mais forte do que pessoas conhecendo a Cristo e mudando suas vidas por contatos on-line feitos com irmãos que não apenas vem se utilizando desta “ferramenta”, mas vivendo esta nova realidade. Mas esta missiva não é direcionada para eles, e sim pra você. Deus deu ao homem a capacidade de inovar, de criar o novo, de recriar e fazer diferente. E, lógico, que no princípio tudo causa estranheza. Mas entender e apoiar seu uso é tão importante quanto, de fato, usa-lo!

Claro que há disfunções. Estamos falando, meu amigo, de tecnologias sendo utilizadas no seio da nossa igreja. E o inimigo não gostaria nunca de ver o nosso trabalho avançando. E, assim como todo tipo de arte e movimento social, ele desvirtuou muito das benesses trazidas por tais tecnologias. Mas é nosso dever entender que, mesmo com tudo de ruim que a internet possa ter trazido ao mundo, suas possibilidades positivas devem ser estudadas, entendidas e postas em práticas a favor da “missão”. E também a favor do crescimento espiritual do nosso povo!

Meu irmão. Espero que uma luz possa ter acendido em seu coração. Que tal ajudar o nosso povo a entender a tecnologia digital como uma parceira, e não uma inimiga? Por que não aproveitar o potencial de uma plataforma onde metade da população mundial se encontra e dedica quase metade de seus dias para interagir por ela? Creio que podemos fazer isso juntos. E juntos apressar o cumprimento da nossa missão e ver Cristo voltar. E dessa vez, sem internet... vendo ao vivo!

 

“Descobrir-se-ão meios para alcançar os corações. Alguns dos métodos usados nesta obra serão diferentes dos que foram usados na mesma no passado. (...)
Devemos utilizar todos os meios possíveis para levar a luz diante do povo”. – Ellen G. White

Com afeto cristão,
Fabio Bergamo

Feliz 2017!!!

Fábio Bergamo

Fábio Bergamo

Marcas & Marcas

Marketing, Comunicação, Cultura e Religião

Doutor em Administração pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), lecionou em diversas instituições. Atualmente é docente na área de Marketing, Estratégia e Tecnologia no Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp). Foi considerado um dos 100 professores de marketing mais influentes do Twitter pela SMM Magazine. @bergamomkt