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Coluna | Fábio Bergamo

Benefícios da identidade

A Copa do Mundo da FIFA está, como era de se esperar, mexendo com o mundo. Explosão de emoção nos estádios, turistas do mundo inteiro, jogos interessantes. Isto leva a mais de 90% dos noticiários serem voltados para o assunto. Então qualquer mínima h...


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A Copa do Mundo da FIFA está, como era de se esperar, mexendo com o mundo. Explosão de emoção nos estádios, turistas do mundo inteiro, jogos interessantes. Isto leva a mais de 90% dos noticiários serem voltados para o assunto. Então qualquer mínima história relacionada ao evento se torna uma grande pauta para diversas reportagens.

Um desses assuntos foi a vergonhosa falta dos hinos nacionais no jogo entre França e Honduras, realizado no Estádio Beira-Rio em Porto Alegre. Uma coisa que passaria facilmente despercebida em qualquer outro momento, na Copa do Mundo foi uma falta indesculpável. Só pra ficar no lado dos franceses, jornais locais de expressão mundial, como L’Equipe, Le Figaro e Le Monde, chamaram o acontecimento de insólito. Um deles colocou que a organização do jogo “privou os azuis da Marselhesa”.

O que é um hino nacional? Assim como a bandeira do país, são símbolos que identificam um grupo de pessoas ante a sua pátria. É uma das traduções de um povo. Ao privarem franceses e hondurenhos de cantar os respectivos hinos numa partida internacional no mais importante torneio esportivo, na verdade tiraram dos 22 jogadores o direito de demonstrar o seu apreço pela pátria, de viver a sua identidade.

As mais modernas empresas e organizações buscam não simplesmente realizar vendas ou agregar , mas também criar um grupo de consumidores tão próximos à elas, que estes passam a ter um senso de pertencimento a um grupo especial. Este tipo de benefício, essencialmente relacional, chama-se benefício de identidade e está ligado ao vínculo, em grande parte emocional e afetivo, que o público tem com uma empresa/marca/produto. O investimento de marketing está claramente se alterando de mera comunicação (publicidade e propaganda) para a construção de benefícios relacionais, como o benefício de identidade. E para isso, símbolos são criados, como logos, jingles, slogans, uso de cores, garotos-propagandas, entre outros.

Pessoas com alto nível de senso de pertencimento a um grupo são altamente defensoras dos ideais representados pelo mesmo e da identidade que este representa. E os símbolos acabam por ser a representação desta identidade e destes ideais. Assim como é um hino pátrio ou as cores de uma bandeira. Da bandeira, aliás, saem inúmeras variações de materiais, como as próprias camisas das seleções, por exemplo.

O que poucos de nós percebemos é que a primeira vez que se têm notícia de um grupo utilizando bandeiras para demonstrar o senso de pertencimento e identidade foi o povo de Israel. Recém-saído de 400 anos de escravidão no Egito, o próprio Deus ordenou que não só o povo se organizasse, mas que se desenhassem bandeiras para cada tribo. O Senhor deixou claro que era imprescindível o uso do símbolo para que, além de mera identificação, eles significassem unidade e foco daquele grupo. “E os filhos de Israel fizeram conforme a tudo o que o Senhor ordenara a Moisés; assim armaram o arraial segundo as suas bandeiras, e assim marcharam, cada qual segundo as suas gerações, segundo a casa de seus pais” - Números 2:34.

Imagino qual não deveria ser a sensação de um bom orgulho ante à bandeira de uma tribo. Deveria ser muito similar ao que vemos hoje nos gramados da Copa do Mundo. Mais ainda pois eles tinham a certeza de ser o povo escolhido por Deus para levar à sua mensagem de salvação para todos os povos do mundo. Deus, em sua infinita sabedoria, sabia que, para que o povo realizasse o Seu serviço, necessitava que estivessem bem organizados e com um alto nível de senso de pertencimento. Só tendo certeza da sua identidade, construída nos anos do deserto e no início da nação, o povo se sustentaria na vida espiritual. Quando este senso de pertencimento acabou, a nação também se foi.

Como estamos, como a “Israel Moderna”? Temos certeza da nossa identidade? Os nossos símbolos (o Sábado, a Bíblia, o Espírito de Profecia, entre outros), aquilo que mostra para o mundo quem somos, está arraigado no nosso ser e no nosso estilo de vida? Lembremo-nos do Israel Bíblico. Sem identidade, sem senso de pertencimento: sem nação!

 

PARA LER, VER E OUVIR MAIS

Bandeiras e Organização do Povo de Israel – Para quem quer conhecer um pouco sobre as bandeiras das tribos de Israel, este site lista diversas informações interessantes, baseadas na Bíblia e na Mishnah - http://www.betemunah.org/tribes.html

Fábio Bergamo

Fábio Bergamo

Marcas & Marcas

Marketing, Comunicação, Cultura e Religião

Doutor em Administração pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), lecionou em diversas instituições. Atualmente é docente na área de Marketing, Estratégia e Tecnologia no Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp). Foi considerado um dos 100 professores de marketing mais influentes do Twitter pela SMM Magazine. @bergamomkt