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Coluna | Emanuelle Sales

Cristão no Tinder?

Os apps de relacionamentos trazem algum perigo à autoestima e ao comportamento? Entenda


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A autopromoção e gerenciamento de impressões piora os níveis de auto-objetificação, depreciação corporal e menor autoestima. (Foto: Shutterstock)

Minha avó conheceu meu avô em encontros de família. Minha mãe conheceu meu pai na igreja. Eu conheci meu marido na faculdade. Porém, atualmente, na geração second life (segunda vida, em referência ao ambiente virtual), a forma popular de se procurar parceiros é na internet. “Encontrar um grande amor” agora parece uma expressão um tanto retrô. E se o objetivo é “pescar” alguém, o lugar mais propício para isso parece ser a rede.

“Dar match” é a forma moderna de iniciar um relacionamento — sério ou casual. Realmente, as coisas mudaram. De repente, eu, com apenas 28 anos, flagrei-me pesquisando no Google o que era esse tal de “match”. A palavra, do inglês, significa algo como “combinar”, “corresponder”. Ok, mas o que isso tem a ver com o que estamos falando? Tudo começa no popular aplicativo de relacionamentos Tinder. Funciona assim: se você curtir a foto de alguém e essa pessoa demonstrar interesse pela sua, DÁ MATCH. A partir daí, o aplicativo abre um chat para vocês conversarem e marcarem um encontro.

Já que o objetivo é chamar a atenção através de fotos, obviamente, os usuários do app não hesitam em postar cliques sensuais para parecerem mais atraentes. Para muitos, a ideia do aplicativo parece interessante, para outros, perigosa ou até desgastante. Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade do Norte do Texas, nos Estados Unidos, associou aplicativos de relacionamento a insegurança e baixa autoestima. Os resultados da pesquisa, publicados recentemente no periódico científico Body Image, revelaram que o ato de ser julgado por sua foto com um simples deslizar de dedos (para esquerda, rejeição; para a direita, aprovação) danifica a forma como a pessoa se enxerga, tornando-a insegura e extremamente insatisfeita com a aparência.

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De acordo com a matéria publicada na Veja, “o novo estudo mostrou que pessoas que utilizam o Tinder estavam mais infelizes com sua aparência, se preocupam mais com o fato de serem atraentes e tendiam a se comparar mais com outras pessoas”. Para a surpresa dos pesquisadores, os homens revelaram menor autoestima do que as mulheres. Já as pessoas que preferem se relacionar fora da web costumam se preocupar menos com sua aparência física porque não se sentem expostas a uma avaliação.

E essas conclusões do estudo não deveriam espantar. Reflita um pouco no propósito inicial dos apps de encontros: estranhos decidem se gostam de você ou se te rejeitam através da avaliação da sua imagem. Perceba que sites de relacionamento dão pouco espaço para que as pessoas escrevam sobre si, o que faz com que elas sejam julgadas, principalmente, por suas fotos. E numa sociedade que prega tanto a ideologia de não julgar pela aparência, isso soa um tanto incoerente, não é?

“Os usuários de sites de redes sociais se concentram em si mesmos e tentam apresentar uma imagem, através de suas fotos publicadas, que se aproxima dos ideais de beleza da sociedade e acentua sua aparência. Com o passar do tempo, essa autopromoção e gerenciamento de impressões, particularmente quando são rejeitados, só piora os níveis de auto-objetificação, depreciação corporal e menor autoestima”, disse Jessica Strubel, principal autora da pesquisa. “Nossos resultados sugerem que o Tinder representa um meio contemporâneo para as pressões de aparência e seu uso está associado a uma variedade de percepções negativas sobre corpo e si mesmo”, continua.

Nas palestras que dou para solteiros, sempre surge a pergunta: “Como encontrar um bom partido para namorar e casar?” Minha resposta sempre é a mesma: “Guarda seu coração no coração de Deus, porque se ele estiver lá, estará rodeado de outros corações que também se guardaram no mesmo lugar.” Ao fazer isso, você se privará de relacionamentos baseados em julgamentos e estereótipos.

Emanuelle Sales

Emanuelle Sales

Imagem & Semelhança

Beleza e vestuário analisados segundo os critérios da Bíblia Sagrada em uma linguagem mais informal.

Jornalista, é criadora do blog Bonita Adventista e autora dos livros Espelho, espelho meu... agora o espelho é Deus; Imagem & Semelhança e Filha de Rei. Viaja pelo Brasil para palestrar sobre imagem cristã, autoestima e valorização pessoal.