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Coluna | Emanuelle Sales

O que aprendi com a “mulher mais feia do mundo”

Não veja seus problemas apenas como problemas. Eles podem ser oportunidades


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Uma pessoa não é - e não deve ser - definida pela imagem refletida em um espelho (Foto: Shutterstock)

Lizzie Velasquez nasceu. Certamente, seus pais idealizaram grandes conquistas para sua vida enquanto a aguardavam. Porém, o que não esperavam é que um dos títulos que ela “conquistaria” em sua juventude era o de mulher mais feia do mundo. Lizzie foi diagnosticada com uma síndrome rara chamada Marfan — somente duas pessoas no mundo sofrem desse mal — e lipodistrofia, que causa uma aparência envelhecida e ainda impede o ganho de peso. Hoje, com 28 anos, ela mede 1,57 e pesa cerca de 27kg. Além disso, Lizzie é cega de um olho.

Suas dificuldades foram aliviadas com a dedicação e o amor de seus pais. Eles nunca a trataram como alguém inferior ou, muito menos, feia. Desde que souberam de sua doença, falaram aos médicos que a amariam e criariam com o melhor de suas capacidades. Lizzie foi criada como uma pessoa totalmente normal, tanto que só percebeu que tinha uma aparência incomum quando iniciou os estudos. No novo ambiente, ela se tornou alvo de piadas e agressões, e demorou para entender o motivo, pois se considerava uma criança como todas as outras. Mas enquanto ela sorria gentilmente para as pessoas, recebia de volta olhares enojados, como se fosse um monstro. Infelizmente, o bullying se intensificava a cada ano.

Quando tinha 17 anos, Lizzie foi vítima de bullying virtual. Postaram um vídeo na internet declarando que ela era a mulher mais feia do mundo. Os milhões de views abriram portas para uma enxurrada de agressões. Ela lembra dos inúmeros comentários dizendo que deveria fazer um favor ao mundo e se matar.

Ao vê-la inconformada e triste com tanta maldade, seu pai decidiu lhe dar um conselho improvável. “Uma das primeiras coisas que ele me disse quando aconteceu tudo isso era que eu precisava perdoar as outras pessoas”, conta Lizzie. “No começo, eu pensei: ‘Você está louco? Não tem como perdoá-las. Elas são muito más’. Mas comecei a enxergar que essas pessoas poderiam não ter uma vida tão ótima. E infelizmente, a única forma de se sentirem melhor é fazendo com que outras pessoas se sintam mal. Isso custou muita oração.”

Um novo olhar

A sugestão de seu pai a fez encarar sua condição de forma mais positiva. Lizzie parou de ter pena de si mesma e, ao invés de se esconder por trás da autopiedade, decidiu encarar seus problemas com otimismo e até mesmo enxergar com humor os benefícios de sua síndrome. “Eu posso comer o quanto quiser e nunca vou engordar”, brinca. “Eu uso lente de contato... apenas uma lente, porque sou cega do outro olho”, continua.

Lizzie conta que quando as pessoas demonstram pena ao ver sua realidade, ela responde animadamente: “Sabe, eu tenho muitas dificuldades, mas está tudo bem... está tudo bem”. Ela ainda ressalta a importância da fé em sua vida: “Quando tenho um dia ruim, eu sei que a única coisa que tenho que fazer é entregá-lo nas mãos de Deus, pois eu sei que Ele me ajudará a superar qualquer coisa”, acredita.

A jovem percebeu que sua doença não poderia limitá-la de se desenvolver intelectualmente e de ser útil para a sociedade. Como seus pais diziam, ela tinha uma síndrome, mas a síndrome não a definia. Ela poderia ser quem quisesse. Uma de suas conquistas profissionais foi sua formação em Comunicação pela Universidade Estadual do Texas. Depois, ela lançou um canal no YouTube para contar sua história e dar lições de autoestima. Hoje, viaja o mundo como palestrante e ainda se tornou autora de livros motivacionais e líder do movimento anti-bullying cibernético.

“Eu vou deixar as pessoas que me chamam de monstro me definirem? Não. Eu vou deixar meus objetivos e minhas realizações serem as coisas que me definem”, reflete Lizzie. “Eu vou usar toda a negatividade das pessoas para acender a chama que me faz seguir em frente”, continua.

Num mundo onde somos condicionamos a colocar nossos defeitos e limitações no volante da nossa vida, não se esqueça que é você quem decide o que lhe define, é você quem escolhe o caminho a seguir. E antes de acreditar nas palavras depreciativas das pessoas ao seu respeito, deixe Deus dizer quem você é.

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Emanuelle Sales

Emanuelle Sales

Imagem & Semelhança

Beleza e vestuário analisados segundo os critérios da Bíblia Sagrada em uma linguagem mais informal.

Jornalista, é criadora do blog Bonita Adventista e autora dos livros Espelho, espelho meu... agora o espelho é Deus; Imagem & Semelhança e Filha de Rei. Viaja pelo Brasil para palestrar sobre imagem cristã, autoestima e valorização pessoal.