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Coluna | Emanuelle Sales

O mundo fake das blogueiras

De um tempo pra cá, parece que as blogueiras dominaram o mundo. O título de blogueira cool é para poucas, mas a influência que esse grupo tem sobre o universo é tremendo. O produto usado por uma it girl num dia esgota nas lojas no dia seguinte, e não...


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Não deseje as iguarias que lhe oferece, pois podem ser enganosas (Provérbios 23:3).

De um tempo pra cá, parece que as blogueiras dominaram o mundo. O título de blogueira cool é para poucas, mas a influência que esse grupo tem sobre o universo é tremendo. O produto usado por uma it girl num dia esgota nas lojas no dia seguinte, e não importando o preço! Mesmo que ninguém nunca tenha ouvido falar da tal coisa ou marca, de repente ela se torna “indispensável”. “Necessitoooo”, gritam suas seguidoras nas ondas cibernéticas. Eu mesma já caí na besteira de adquirir tanta coisa inútil por influências desse tipo.

As blogueiras postam o famoso Look do Dia, criticam produtos e fazem um milhão de indicações, e as leitoras entram em delírio, levando cada opinião dada como regra de vida. Acreditam cegamente que a sugestão de quem está do outro lado da tela é sincera. Mas confiar nisso é o mesmo que achar que a Xuxa realmente usava Monange. Fique ligada, entre um papo de amiga aqui e ali está o salário de quem vive de posts, ou melhor dizendo, publiposts. Já dizia o sábio Salomão: “Não deseje as iguarias que lhe oferece, pois podem ser enganosas” (Provérbios 23:3). No contexto do capítulo, somos alertados a saber diferenciar uma atitude amiga de uma interesseira e exibicionista.

A indústria fashion tem investido uma nota preta em publicidade por meio dessas garotas líderes de audiência. Outdoor e comercial na TV parecem meios de comunicação tão primitivos, já que um blog reúne especificamente seu público-alvo. E foi por isso que a revista Galileu as definiu como pessoas "cheias de audiência no site e de dinheiro no bolso”. Na matéria, havia o alerta para a publicidade disfarçada, que engana muitas de nós. “Algumas blogueiras cobram R$ 1,3 mil por uma simples menção de marca em seus perfis de Twitter ou até R$ 80 mil por mês pelo espaço de um banner. O detalhe é que a maioria delas faz isso sem dizer que está sendo paga por isso”, afirma.

Temos de abrir os olhos e parar com essa ingenuidade. A reportagem da Galileu ajudou muita gente a perceber que estava correndo loucamente no caminho entre uma empresa (A) e seu bolso (C), que era traçado pelas blogueiras (B). Ela abordou um caso que causou grande escândalo na internet, sendo um dos assuntos mais comentados na rede por um tempo. Tudo girava em torno de uma ação publicitária da sandália de plástico da marca Melissa. Nela, o fabricante levou duas blogueiras famosas para conferir a inauguração de uma loja do produto em Nova York. Em suas páginas, as duas só falavam coisas positivas sobre a marca. Não imaginavam que algumas colecionadoras e fãs incondicionais da marca alertariam todo mundo que elas nunca usavam o calçado, e que uma delas já o havia até chamado de “porcaria”. Todo mundo percebeu que a misteriosa mudança de atitude era porque estavam sendo pagas para isso.

As empresas compram pessoas, que por sua vez devem nos comprar (mas deixando a fatura por nossa conta). Não devemos acreditar em todas essas “verdades absolutas” declaradas por gente influente. “Meninas, esse é o melhor creme hidratante do mundo”, é o tipo de afirmação que ouvimos e lemos o tempo todo. Mas nós sabemos que é logisticamente impossível experimentar todos os cremes do mundo pra dizer qual é o melhor de todos. E ainda tem outra questão, cada pessoa reage de uma forma aos produtos. O que é bom pra uma pode ser terrível para outra.

Tome cuidado! Nomear como espelho de vida pessoas que possuem realidades tão distantes das nossas — tanto no quesito espiritual quanto no financeiro — é um grande perigo. Ainda assim, as leitoras veem fotos dessas blogueiras cheias da grana e comentam: “Que sapato deuso esse seu Valentino”, “tô in love por essa sua bolsa Chanel”, “pirei com esse seu vestido da Dolce & Gabbana”. Ao contemplar tanto luxo, muita gente deseja um estilo de vida Tiffany, mesmo que tenha um orçamento de C&A. Se for preciso, muitos vão se atolar em dívidas para suprir a ganância. Vivem assim... com cifrões nos olhos e com oito cartões de crédito na sua bolsa da Gucci.

Todos querem ser iguais a alguém, custe o que custar. Ou melhor, custe o quanto custar. Pessoas não compram produtos, compram uma imagem, um ideal. Aquilo que você comtempla molda sua identidade e sua alma. Isto é bíblico. Pela contemplação somos transformados. Por exemplo, ao contemplar um fashionista, você irá querer ser como ele. Contemplando um neurótico por beleza, logo o imitará. Contemplando quem é do tipo mal educado, rapidamente agirá como ele. Simples assim! Olhe as pessoas, mas contemple apenas aquelas que antes de tudo contemplam a Deus. O apóstolo Paulo foi corajoso em dizer: “Tornem-se meus imitadores, como eu o sou de Cristo” (I Coríntios 11:1). Ele jamais se mostraria como modelo se não tivesse certeza de que seu espelho inicial era sempre Deus.

Emanuelle Sales

Emanuelle Sales

Imagem & Semelhança

Beleza e vestuário analisados segundo os critérios da Bíblia Sagrada em uma linguagem mais informal.

Jornalista, é criadora do blog Bonita Adventista e autora dos livros Espelho, espelho meu... agora o espelho é Deus; Imagem & Semelhança e Filha de Rei. Viaja pelo Brasil para palestrar sobre imagem cristã, autoestima e valorização pessoal.