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Coluna | Diogo Cavalcanti

Porque Ele virá

O que o Apocalipse fala a respeito de quando Ele, Jesus, voltar a esse mundo.


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Arise! Shine! Jesus is comming!

Levanta-te! Brilha! Jesus está voltando!

O slogan da 60ª Assembleia da Conferência Geral da Igreja Adventista deste ano remete à nossa razão de ser, à nossa mensagem e missão. Tudo o que somos e construímos até aqui como igreja está alicerçado nesse fundamento. Pregamos em mais de 200 países, edificamos igrejas e escolas, escrevemos, publicamos, ensinamos milhões de alunos todos os dias, falamos em rádio, TV e na Web; fazemos cirurgias com braços robóticos e somos missionários em vários lugares porque cremos nesta mensagem. Somos adventistas. Acreditamos que o mesmo Jesus que empoeirou os pés em Nazaré virá nas nuvens do céu, “com poder e muita glória” (Mateus 24:30). E isso não é motivo para orgulho, porque essa mensagem não nos pertence. Nós pertencemos a ela, assim como outros que não são “deste aprisco” (João 10:16).

No Apocalipse, essa promessa é reafirmada como em nenhum outro livro das Escrituras, a começar pelo primeiro capítulo. Pode-se deduzir a volta de Jesus logo no versículo 1, no qual se fala das coisas que “em breve devem acontecer”. A palavra grega para “breve” (tachei) cuidadosamente foi repetida no fim do livro (ver 22:6), confirmando a certeza das coisas que logo vão ocorrer, incluindo-se a maior delas! No versículo 3, a referência é mais aberta: “o tempo está próximo” (ho gar kairos engys). A palavra “tempo” (kairos) não deve ser entendida no sentido cronológico (do grego cronos), mas em um sentido específico de “época adequada”, “tempo oportuno”, de um “evento decisivo” que marcará o clímax da história.

Se os primeiros versículos fizeram referência indireta à volta de Jesus, o sétimo não poderia ser mais claro: “Eis que vem com as nuvens, e todo olho O verá”. O sujeito (no sentido gramatical) desta frase é o terceiro dos três Remetentes do Apocalipse (v. 4-6): Jesus Cristo. O Apocalipse confirma, em plena harmonia com os evangelhos e as epístolas de Paulo, que Jesus (1) virá (conforme João 14:1-3); (2) nas nuvens (conforme Atos 1:9, 11); (3) todo olho O verá (conforme Lucas 17:24); (4) incluindo-se até quantos O traspassaram (conforme Marcos 14:62); (5) todas as tribos [grupos étnicos] da terra se lamentarão ao vê-Lo (conforme Mateus 24:30). Ou seja, Jesus não virá só para os Seus, secretamente, como alguns gostariam, mas publicamente, para o mundo todo.

Sem demora

Não só acreditamos que Jesus voltará, mas que virá logo. Ele próprio nos deixou os sinais que indicam a proximidade desse evento (Mateus 24; Marcos 13; Lucas 21), e as cartas apostólicas confirmam que Cristo voltará em breve. Porém, nenhuma demonstra isso tão clara e enfaticamente quanto o Apocalipse. Já em 2:16, Jesus afirma pela primeira vez: “Eis que venho a ti sem demora” (erkomai tachy), expressão que se repete ao longo do livro (3:11; 11:14; 22:7, 12, 20). As coisas que “em breve” (tachei, de tachús) devem acontecer apontam para Aquele que vem sem demora (tachús), de maneira rápida, ágil, veloz e pronta.

O Apocalipse não minimiza o senso de urgência da volta de Jesus. A vinda se expressa em outras passagens, em outras formas e metáforas (2:5; 2:25; 3:3) e sempre transmite a ideia de proximidade e certeza. Diante disso, surge uma questão inevitável: Por que Jesus afirma, desde o primeiro século, que Ele virá em breve? Será que a igreja foi enganada ao longo da história cristã, sendo que Jesus sabia que não voltaria em pelo menos dois milênios?

Há uma resposta universal e válida de que o fim (eschaton) da vida representa a “vinda” de Jesus para a pessoa. A escatologia pessoal não é teoria, mas fato. O destino se decide nesta vida (Hebreus 9:27). Contudo, é possível entender cada fase da história da igreja como tendo um início e um fim, o que também denota um tempo de avaliação e juízo. Cada fase é solene e exige decisões que impactam o destino eterno da igreja.

Assim como a igreja de Éfeso precisava se arrepender para que seu candeeiro não fosse removido, também Laodiceia precisa fazer a fim de que não seja “vomitada” (Apocalipse 2:5; 3:16). Jesus fala sobre “vir” a Éfeso (2:25), a Tiatira (2:25) e a Sardes (3:3). Em cada época, a igreja teve seu eschaton (fim) coletivo, demonstrando sua resposta aos conselhos divinos e decidindo seu destino que logicamente tem relação com a vontade individual das pessoas (boa ou má) e, do ponto de vista da recompensa eterna, com a volta de Jesus. Afinal, o juízo de todas as igrejas se dará no retorno de Cristo, pois: “Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de Deus não tem a vida” (1 João 5:12).

Então, chegamos ao propósito da volta de Jesus. “Eis que venho sem demora, e comigo está o galardão que tenho para retribuir a cada um segundo as suas obras” (Apocalipse 22:12). O anúncio do breve retorno serve para que estejamos preparados, porém, mais do que uma advertência, é uma doce promessa para aqueles que clamam do fundo do coração pela vinda do Reino Deus (Mateus 6:10) e que aguardam a volta de Jesus como a “bendita esperança” (Tito 2:13) – quanto mais nos dias terríveis em que vivemos! “Em Patmos o discípulo amado ouve a promessa: ‘Certamente venho sem demora’, e sua resposta sintetiza a prece de toda a igreja: ‘Amém. Vem, Senhor Jesus’”. Apocalipse 22:20 (O Grande Conflito, p. 135).

Diogo Cavalcanti

Diogo Cavalcanti

Apocalipses

O universo das profecias bíblicas e suas respostas para as inquietações atuais

Formado em Teologia e em Comunicação Social, e pós-graduado em Letras, trabalha na Redação da Casa Publicadora Brasileira (CPB). É um dos editores de livros, entre eles, o Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia.