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Coluna | Diego Barreto

Aborrecendo-se com a igreja II

Os desafios para não vivermos como cristãos em uma igreja morna conforme alerta Apocalipse. Leia esse artigo e reflita.


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Terminei o último texto citando um trecho dos Eventos Finais, de Ellen White, fazendo uma série de perguntas. Recomendo não ler esse texto, sem ter lido o anterior. As perguntas eram: o que realmente quer dizer o seguinte texto? "A menos que se arrependa e converta a igreja que agora está a levedar-se com sua apostasia, comerá do fruto de seus próprios atos, até que se aborreça a si mesma” (Eventos Finais, página 60). E como resolver essa situação? Por que Deus quer que nos aborreçamos com nossos próprios métodos e ações religiosas?

Bem, quanto a última pergunta, sabemos que Deus quer que a gente se aborreça com nossas próprias ações porque “Ele lhes fala pelas bênçãos que lhes remove, a fim de que sejam levados a ver seus pecados, e voltem a Ele de todo o coração. (Patriarcas e Profetas, Ellen White, página 344).

Portanto é estratégico que Deus pare de interferir em tudo o que a igreja faz e permita que ela perceba o caminho que está trilhando por si mesma. Retirar as bençãos não se trata de castigar ou amaldiçoar, mas não interferir a favor. Por isso tantos “bons" projetos, que nós chamamos de “bons”, não têm o efeito transformador e salvífico que desejamos. Porque oramos e planejamos, mas continuamos a ver pouco efeito e reavivamento em nossas congregações. E embora a igreja pareça estar crescendo e se desenvolvendo cada vez mais, menos espiritual ela se torna. Retirar a mão que abençoa é salvar. Pois lança um alerta e compreensão de nossa atual situação.

Estudando sobre Laodiceia em Apocalipse 3 fica bem claro que as palavras de Ellen White são ecos da profecia bíblica. Mas a pergunta que fica tem a ver sobre como resolver essa situação. Qual a resposta para os insatisfeitos? Qual a resposta para nosso caso presente?

Na sequência, a autora afirma: "quando resistir ao mal e escolher o bem, quando buscar a Deus com toda a humildade e alcançar sua alta vocação em Cristo, permanecendo na plataforma da verdade eterna, e pela fé lançar mão dos dons que para ela se acham preparados, então será curada” (Eventos Finais, Ellen White, página 60).

Perceba os ecos entre Apocalipse 3:14-22 e o livro Eventos Finais, página 60:

Apocalipse 3:14-22 - Laodiceia Eventos Finais - Igreja atual
"Eu disciplino e repreendo a todos quanto amo" "comerá do fruto de seus próprios atos, até que se aborreça a si mesma”

 

Quente ou Frio Mal ou bem
"Tu dizes: Sou rico e abastado e de nada tenho falta" "Buscar a Deus com toda humildade"
"Ouro refinado no fogo" "Alta vocação em Cristo"
"Sê pois zeloso e arrepende-te" "Permanecendo na plataforma da verdade eterna"
Vestes brancas e colírio "Pela fé lançar mão dos dons que para ela se acham preparados"

Em suma, o que se propõe a uma igreja morna e aborrecível? Que ela busque a Deus em humildade, sem qualquer idéia pré-concebida de seu triunfalismo ou mesmo qualquer tom de arrogância dogmática ou pessoal. Ver-se superior é o caminho de Laodicéia.

Que ela busque alcançar a “alta vocação de Cristo” que é não viver para si e entregar a própria vida em favor dos outros. A ponto de suportar o sofrimento ou “fogo purificador” em nome do amor a Deus e aos outros.

Colocando Cristo como centro, mas sem sair da “plataforma da verdade eterna” que, desde a criação, passando por Moisés até a eternidade tem sido o alicerce de nosso compromisso de fé. Compreendendo a graça, mas sem obliterar o papel da lei numa vida já convertida e que ama a Deus. Sem vender nossos princípios verdadeiros, que não são questões de comportamento em si, mas que obviamente afetarão até o nosso comportamento.

E com os olhos abertos pelo Espírito Santo, em fé, fazer uso dos dons que Ele concedeu a todos os seus filhos. A igreja precisa caminhar para longe da dependência centralizada em pastores e líderes humanos e caminhar mais na direção de um pensamento orientado pelo “sacerdócio de TODOS os santos”.

Onde todos exercem seu papel crucial, florescendo onde foram plantados, com os dons que Deus conferiu a cada um de nós. Um corpo agindo em perfeita harmonia a partir de uma igreja que reconhece que dons possui, e os usa a favor do Reino. Uma igreja ativa, não porque realiza eventos, mas porque realiza o sonho de Deus em agir conforme os dons que recebeu dEle. Estamos cegos sem perceber que Deus já nos deu poder para realizar Seu trabalho quando nos chamou. O colírio de Cristo, nos ajuda a perceber que temos dons. Que dons temos. E portanto, nos impulsiona a praticá-los.

Então, "escolheremos o bem e resistiremos ao mal" que há em nossos próprios caminhos. Perguntaremos o que Deus quer de nós, em vez de darmos nossas próprias respostas a essa pergunta. Saberemos a exata resposta de Deus quando encontrarmos os dons que Ele já nos concedeu. Porque os dons nos dizem exatamente o que Deus espera de nós. Afinal, foi Ele mesmo quem nos deu.

Resumindo, de maneira didática, precisamos para sair desta: 1- Resistir ao mal, 2- Exercer profunda Humildade, 3- Buscar mais semelhança com Cristo, 4- Agir conforme os dons recebidos pelo Espírito Santo. "Aparecerá, então, na simplicidade e pureza que Deus lhe deu, separada de embaraços terrenos, mostrando que a verdade com efeito a libertou. Então seus membros serão na verdade os escolhidos de Deus, os Seus representantes". — Testemunhos Seletos 3:251, 252-254. (Eventos Finais, Ellen White, página 60).

Diego Barreto

Diego Barreto

O Reino

Vivendo já o Reino de Deus enquanto Ele ainda não voltou. Um olhar cristão sobre o mundo contemporâneo.

Teólogo, é co-autor do BibleCast, um podcast sobre teologia para jovens, e produtor de aplicativos cristãos para dispositivos móveis. Atualmente é pastor nos Estados Unidos.