Ensinar compaixão é responsabilidade de quem?
A compaixão desempenha um papel fundamental no processo de perdão e restauração dos relacionamentos, e deve ser desenvolvida desde a infância.
Neste mundo turbulento em que vivemos, mostrar compaixão, muitas vezes, é um ato de heroísmo e até mesmo de risco! Mas, como Paulo diz: “Sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus os perdoou em Cristo” (Efésios 4:32, NVI).
Lembrar o perdão imerecido de Deus como pecadores nos encoraja a ser assim com os outros. Além disso, diante do sacrifício de Jesus na cruz, qualquer tentativa humana de mostrar compaixão é ofuscada, mas é preciso fazer isso!
Como uma pessoa se torna compassiva? Como ajudar as crianças a serem compassivas?
O que é compaixão?
Compaixão é um valor humano que combina empatia e compreensão em relação ao sofrimento dos outros. O oposto é a indiferença ou a impiedade. Ser empático está relacionado à compaixão, mas não é a mesma coisa: empatia é a capacidade de sentir o que os outros sentem. Por outro lado, compaixão está em um nível mais alto, é ter compromisso e ferramentas para aliviar o sofrimento.
De acordo com Goleman[1], do ponto de vista neurológico, a compaixão é um reflexo de três funções neuronais ou cerebrais:
- Empatia cognitiva: saber o que acontece com o outro.
- Empatia emocional: sentir o que o outro sente.
- Preocupação empática: parar pelo caminho; parar o ritmo agitado da vida diária e olhar para a outra pessoa.
Compaixão na experiência espiritual
Para os cristãos, a Bíblia é, por excelência, a fonte de exemplos de compaixão, mas o melhor exemplo é Jesus, que teve compaixão de Seus discípulos, dos doentes, dos famintos, dos pobres... de nós pecadores. Use essas histórias para aprender e refletir com as crianças sobre compaixão.
Muitos anos antes das teorias que hoje exaltam a importância da compaixão no desenvolvimento emocional e social, a escritora Ellen White já destacava os benefícios de ajudar os outros. No capítulo 41, “Bênçãos Reflexas”, do livro Beneficência Social[2], encontramos, por exemplo, que:
- Aquele que dá para beneficiar outros se beneficia ainda mais.
- Ajudar os outros dá a uma pessoa satisfação e paz interior, o que é uma recompensa suficiente.
- O prazer de servir aos outros, além de beneficiá-los, também beneficia o corpo: estimula a circulação sanguínea e promove a saúde mental e física.
- Quando a simpatia humana está misturada com o amor e a benevolência e é santificada pelo Espírito de Jesus, torna-se um elemento capaz de produzir um grande benefício.
Por que é importante ensinar as crianças a ser compassivas?
Toda criança nasce com certa tendência a mostrar bondade e compaixão aos outros (pessoas, animais ou coisas). O desenvolvimento desses valores é gradual, e, quando os adultos dão atenção e valorizam essas expressões de amor, sem dúvida, incentivam a criança a continuar essa prática. Mas o que acontece se esses valores não são desenvolvidos? Basta assistir aos noticiários para ver exemplos de maldade, impiedade e indiferença às necessidades e miséria das pessoas, tudo em grande escala!
Como ajudar as crianças a desenvolver bondade e compaixão?
Habenicht[3] menciona algumas diretrizes que podem orientar os esforços dos pais e líderes das crianças. Elas são:
- Expresse profunda desaprovação quando pessoas ou animais são feridos. Estabeleça limites claros sobre machucar os outros. Isso comunica à criança que as outras pessoas têm sentimentos que devem ser respeitados.
- Ajude as crianças a entender como as outras pessoas se sentem. Para ser empáticas, as crianças devem ser capazes de nomear sentimentos e saber em que contextos usá-los. Isso facilitará a tarefa de se colocar no lugar do outro e nos permitirá raciocinar com eles.
- Mostre pelo exemplo como ser bondoso com os outros. Adultos que são calorosos e amigáveis, que exemplificam um comportamento altruísta e que ensinam as crianças a ser generosas e prestativas são o ensino mais eficaz para ajudar as crianças a crescerem altruístas.
- Promova uma visão positiva das pessoas. Pensar o melhor dos outros evita críticas e declarações negativas sobre as pessoas.
- Dê às crianças muitas oportunidades de ajudar. Permita que as crianças tenham muitas oportunidades de ajudar tanto em casa como fora dela.
- Incentive as crianças a pensar em si mesmas como pessoas prestativas e bondosas. Faça disso parte de seu autoconceito. Ajudar as crianças a desenvolver um senso positivo de respeito próprio beneficia muitas áreas da vida.
- Contrarie as inclinações naturais para o egoísmo. Egoísmo e inveja são o oposto de amor e serviço. Ofereça oportunidades para que sejam gentis com os outros e desenvolvam o hábito de compartilhar.
Aproveite e crie situações que promovam esses valores que hoje fazem a diferença no mundo!
Referências:
[1] Goleman, D. “La bondad, la compasión y la neurociencia” (2015). Disponível em: https://eduardoandere.blog/2015/04/02/la-bondad-la-compasion-y-la-neurociencia/
[2] White, E. “Beneficência Social” Disponível em: http://ellenwhite.cpb.com.br/livro/index/45/301/310/bencaos-reflexas
[3] Habenicht, D. “Diez valores cristianos que todo niño debería conocer” (2009). ACES.