Recentemente, em casa, tivemos uma conversa interessante. Um passarinho fez ninho em uma das plantas do quintal, e meu filho de 13 anos ficou curioso: “Mãe, se a gente mexer muito ali, será que ele vai embora e abandonar os filhotes?” A preocupação dele me fez pensar em como o respeito pela natureza pode (e deve) ser parte do crescimento espiritual dos nossos filhos. 

O Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado em 5 de junho, é uma oportunidade perfeita para lembrar que o cuidado com o planeta é um ato de fé e obediência. Deus nos confiou a Terra como um presente e uma responsabilidade. Segundo Gênesis 2:15, o ser humano foi colocado no jardim para “cuidar e guardar” — ou seja, somos mordomos da criação. 

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Infelizmente, vivemos tempos em que o consumo desenfreado e o desperdício têm sufocado a sensibilidade ecológica. Mas como cristãos, somos chamados a viver de maneira diferente. Como pais, temos a missão de ensinar desde cedo que cuidar da natureza é parte da mordomia cristã — um estilo de vida que reconhece Deus como Criador e Sustentador de todas as coisas. 

Cuidado: o que falamos e o que fazemos pode ensinar o oposto 

Muitas vezes, ensinamos com palavras, mas desmentimos com atitudes. Jogar lixo pela janela do carro, deixar luzes acesas sem necessidade, desperdiçar alimentos ou usar sacolas plásticas em excesso são comportamentos comuns entre adultos que contradizem o cuidado com a criação de Deus.  

Da mesma forma, ignorar a coleta seletiva ou tratar animais com indiferença revela uma mordomia incoerente. As crianças e adolescentes observam tudo isso com atenção. Quando dizemos que é importante cuidar do planeta, mas nossas ações mostram o contrário, acabamos ensinando o oposto do que queremos. É preciso lembrar: a educação ambiental começa com o nosso próprio exemplo, mesmo nos pequenos detalhes. 

Como ensinar isso aos filhos? 

Além do exemplo, que é sempre o ponto de partida mais poderoso, podemos considerar outras formas de ensinar nossos filhos a cuidarem da criação de Deus com consciência e propósito. A seguir, algumas ideias práticas que podem ser aplicadas no dia a dia da família. 

• Associe a Bíblia à natureza 

Leia com eles textos como Salmos 24:1 (“Do Senhor é a terra e tudo o que nela existe”) e fale sobre como tudo pertence a Deus — e não a nós. Outros textos relacionados: Salmos 104:24, Romanos 1:20 e Gênesis 1:31. 

• Reflita com eles sobre o que veem e vivem 

Vivemos em um tempo em que crianças e adolescentes estão constantemente expostos a vídeos curtos — reels, shorts, stories — que mostram o que outras pessoas fazem, tanto coisas boas quanto atitudes irresponsáveis. Muitas vezes, esses conteúdos apresentam desafios arriscados, maus-tratos a animais, desperdício de alimentos ou comportamentos destrutivos com o meio ambiente. Outras vezes, mostram ações inspiradoras, como resgates de animais, reciclagem criativa ou projetos de preservação.

Esses vídeos são ótimos gatilhos para conversas significativas. Em vez de apenas proibir ou criticar o que veem, os pais podem usar esses momentos para refletir junto com os filhos: “Você acha que isso respeita a criação de Deus?” ou “Como você se sentiria se alguém fizesse isso com o seu bichinho de estimação?” Essas perguntas ajudam a desenvolver consciência crítica e empatia. 

Da mesma forma, atividades simples do dia a dia — como uma caminhada ao ar livre, um passeio ao parque, cuidar de uma planta ou observar um ninho de passarinho — são oportunidades para ensinar sobre escolhas conscientes, respeito à vida e responsabilidade como filhos de Deus. A natureza, quando observada com atenção, se torna um excelente livro didático espiritual. 

• Ore pela criação 

Incluir esse tema nas orações familiares mostra que se trata de algo importante diante de Deus. Ore agradecendo pela natureza e pedindo sabedoria para cuidar dela. 

• Crie projetos práticos em casa 

Montar uma horta em casa (mesmo que em vasos), reaproveitar materiais para criar brinquedos ou objetos úteis, separar o lixo reciclável com as crianças e registrar juntos as belezas da natureza em um “diário da criação” são formas práticas de desenvolver responsabilidade e sensibilidade ecológica.  

Também é possível propor um “dia sem desperdício” em família, fazer mutirões de limpeza em espaços públicos, plantar árvores ou promover, na igreja ou Escola Sabatina, pequenos projetos de cuidado com o meio ambiente. Atividades como essas mostram que proteger a criação é algo concreto e acessível — e pode ser vivido com alegria e propósito. 

A escritora norte-americana Ellen White nos lembra que “Deus deseja que Seus filhos apreciem as Suas obras e se deleitem na singela e serena formosura com que adornou nosso lar terrestre” (Caminho a Cristo, p. 85). Ela também afirma: “Coisa alguma que possa ser utilizada deve ser lançada fora. Isso exigirá sabedoria, premeditação e cuidado constante. Foi-me apresentado que a incapacidade para economizar nas coisas pequenas é uma das razões de muitas famílias sofrerem a falta das coisas necessárias da vida” (Orientação da Criança, p. 135) 

Cuidar da Terra é mais do que um dever ecológico, é um ato espiritual de gratidão e reverência. Ao transmitirmos isso aos nossos filhos, formamos uma geração que entende que cada escolha conta, e que mordomia não se limita a finanças: inclui todo o cuidado com o que pertence ao Senhor. 

Que tal começar hoje mesmo uma nova prática em família para viver essa verdade de forma concreta e espiritual?