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Coluna | Carlos Nunes

Heróis por um dia

Em uma sociedade que celebra heróis por um dia, Jesus surge como o verdadeiro heroi que está sempre conosco.


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Ainda faz pouco tempo que o mundo pop rock perdeu um de seus maiores ícones: David Bowie. E digo pouco porque ainda se sente o efeito pós-morte no que tange ao crescimento dos acessos a suas músicas e clipes via aplicativos e demais fontes. Grandes hits têm sua assinatura em criação e performance, entre os quais a música Heroes. Essa canção tem como refrão a frase “nós podemos ser heróis, apenas por um dia”. Talvez esteja aí a causa da onipresença de Bowie e outros artistas ícones midiáticos que, vivos ou mortos, insistem em permanecer em nosso imaginário. Eles são heróis, apenas por um dia!

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A indústria cultural tratou de engendrar seu modus operandi de maneira que como uma teia prende a quase todos a partir da ideia de que eles, os ícones, podem ser nossos heróis, se consumirmos diariamente seus produtos. Eles têm prazo de validade. Por isso se renovam a cada novo ciclo. Deles, Bowie talvez tenha sido o mais eficaz na apropriação da estratégia. Tanto assim que a mesma indústria cultural cunhou a expressão “camaleão” para defini-lo. Ele sempre buscou se reinventar porque necessitava permanecer linkado, conectado, acessado… Na ânsia de continuar “herói, apenas por um dia”! Somos assim também! Infelizmente, eu diria, mas somos. Queremos a relevância, o holofote, a proeminência, a referência e, com tudo isso, nossos seguidores virtuais ou reais. Poucos de nós buscamos o sucesso profissional ou pessoal com vistas ao anonimato ou o obscurantismo. As relações humanas pulsam pelo desejo do reconhecimento ainda que por um dia! Talvez por isso mesmo a Igreja busque esse objetivo por meio de seus projetos.

A Igreja também precisa se reinventar a cada novo dia, ano, ciclo, sob pena de se ver desmobilizada ou inerte ao avanço da relevância social das chamadas ONGs que, a despeito da mensagem espiritual, ganham espaço corporativo cada vez mais preponderante na vida em sociedade. Não é mero acaso que o novo slogan corporativo mundial ou a nova revolução mundial seja “Colaboração, a nova revolução”! O estranho nisso tudo é que pregamos e anunciamos um herói, não apenas por um dia! A assertividade de Jesus Cristo residiu e reside justo no fato de que Ele permanece relevante com a mesma mensagem mais de dois mil anos depois da Sua morte. Nenhum Bowie será capaz de tanto! Cristo não foi especialista em marketing viral, flashmob, clipes, tweets ou posts viralizados. No entanto, não há ninguém tão conectado com o mundo de hoje quanto Ele, o nosso herói não apenas por um dia! Sua ética do Sermão do Monte, a contracultura do mundo como afirma John Stott, Sua entrega voluntária na cruz, Sua obra intercessora no Santuário Celestial e Seu retorno a esta Terra a fim de buscar e salvar para sempre os que nEle confiaram e viveram, são prova de que esse herói nunca caduca.

Seu tempo foi ontem, é hoje e será eternamente, como declara o autor de Hebreus. Eu creio nesse herói que pode, sim, fazer de mim um ser humano melhor aqui, mas, sobretudo ali, na dimensão da eternidade! Fora de Cristo, David Bowie estava certo: “Nós podemos ser heróis, apenas por um dia”. Em Jesus, eu terei dias infindáveis para adorar o Herói da minha salvação! Sua obra não acabou com Sua morte, pois Seu legado permanece escrito e vívido em cada coração que se entrega todos os dias a Ele, e Seu amor segue incondicional. Só Ele mesmo para dar a vida por nós, sendo ainda pecadores! Bowie e os demais são heróis de gerações subservientes ao desejo deles pelo sucesso. Usaram e usam cada um de nós pelo seu projeto pessoal de estrelato, ainda que apenas por um dia. Cristo não! Tudo o que fez não tinha por objetivo a auto-exaltação ou egocentrismo. Ele queria nos salvar! Obrigado, meu Herói!

 

Carlos Nunes

Carlos Nunes

Ética Prática

Assuntos relacionados à ética sob o ponto de vista cristão e os dilemas enfrentados pelas pessoas no seu cotidiano.

Teólogo, atualmente exerce seu ministério pastoral no Peru. Jornalista profissional há mais de 20 anos, foi repórter nos jornais Diário Gaúcho e Zero Hora, e professor no curso de Jornalismo do Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp).