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Coluna | Carlos Magalhães

Como assistir filmes pode ajudar sua saúde emocional

O uso de filmes com finalidades terapêuticas está presente em várias pesquisas acadêmicas internacionais, por isso é prudente conhecer mais sobre o tema.


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Filme Incertezas trata da depressão e será lançado nesta semana na plataforma Feliz 7 Play. (Foto: Divulgação)

A depressão é uma doença emocional em que a pessoa sente uma tristeza profunda, baixa autoestima e um forte sentimento de desesperança. Especialistas têm recomendado alguns filmes como recurso adicional para quem precisa começar a entender a doença ou criar empatia pelos que sofrem. A identificação com personagens inspira e incentiva a busca por melhorias.

Depressão

Depressão é uma doença presente em todo mundo, com mais de 264 milhões de pessoas afetadas [1]. Depressão é diferente das usuais flutuações de humor e tristeza gerados por alguma dificuldade do dia a dia. Quando a depressão dura muito ela pode se tornar uma doença perigosa. Além de provocar um grande sofrimento no paciente, prejudica sua vida no trabalho, escola e família, e pode levar ao suicídio. Segundo a Organização Mundial de Saúde, cerca de 800 mil morrem de suicídio a cada ano e essa é a segunda maior causa de morte entre 15-29 anos de idade [2].

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A depressão e os filmes

Se você costuma assistir filmes, já percebeu que a depressão é um tema bastante explorado. Geralmente, os filmes representam os transtornos mentais de uma forma muito fidedigna. Isso porque tanto o cinema quanto a psiquiatria e psicologia tem seu foco primário no pensamento, comportamento, motivações e emoções. Os filmes também servem e ferramenta pedagógica em algumas escolas médicas. O motivo é que o estudante consegue visualizar no filme situações da vida do paciente que não aparecem numa entrevista no consultório [3].

Além disso, assistir a filmes também pode ser uma excelente forma de terapia. Existem vários estudos científicos que comprovam os benefícios de assistir filmes. Inclusive, isso já tem um nome: filmeterapia ou cineterapia.

Filmeterapia  ou  cineterapia

O psiquiatra Gary Solomon é autor de dois livros sobre cineterapia e diz que a ideia desse método é escolher filmes que espelham problemas ou situações atuais. Por exemplo, se você está lidando com uma doença severa ou com morte de um ente querido, um filme que aborde esses assuntos pode ser útil. Mas, isso não deve ser feito de qualquer forma. Existe um método e você deve primeiramente avaliar com o profissional de saúde que acompanha o seu caso.

De acordo com a doutora Birgit Wolz, a cineterapia é útil para aprender como os filmes nos afetam e para aprender a assistir certos filmes de forma crítica e consciente. A cineterapia não faz milagres, mas permite que usemos os efeitos do filme em nossa psiqué para insights, inspiração, alívio emocional e mudança natural[4].

Após vários estudos, Bernie Wooder, que também é cinéfilo, concluiu que a visualização de filmes como parte da terapia acarreta melhorias do humor aumenta a capacidade de atenção, e reduz os distúrbios relacionados com o foco e ajuda a desbloquear traumas. A teoria de Wooder pode ser comprovada em seu filme Movie Therapy: How It Changes Lives (ainda sem tradução para o português)[5].

Sobre este assunto, a pesquisadora Sorina Dumtrache publicou um estudo científico intitulado Os Efeitos da Cineterapia de Grupo na Diminuição da Ansiedade em Jovens. Os resultados indicaram uma queda significativa na ansiedade entre os participantes do programa de Cineterapia, em oposição aos que não participaram [6].

Como usar os filmes como terapia

O doutor Solomon dá dez dicas sobre como assistir filmes como terapia:

1. Selecione um filme que você gostaria de assistir. Escolha com discernimento, encontre filmes de referência em que diretores e produtores sejam reconhecidos.

2. Foco. Tenha certeza de que não será perturbado, desligue o som do celular para evitar interrupções e coloque as crianças para dormir. Ainda que assista em grupo, faça do filme o foco principal. Evite desvios que o levarão para longe de seus sentimentos e das mensagens que o filme tem a oferecer. Nada de beber, comer, fumar, etc. Foco. Foco. Foco.

3. Leia antes sobre o que é o filme. Leia o que outros comentaram sobre o filme.

4. Tome nota. Destaque os assuntos que você está interessado em procurar no filme. Mantenha um lápis e papel por perto e faça um diário do que você está sentindo enquanto assiste ao filme. Antes de começar, diga a si mesmo que você vai se concentrar em seus sentimentos

5. Não perca o início do filme. A cura começa no momento em que os atores começam a atuar, isso incluiu os créditos de abertura.

6. Assista o filme do início ao fim. Tire as mãos do controle remoto ou não deslize o vídeo.

7. Tente se identificar com um personagem ou situação. Que sentimentos você experimenta? Procure as razões que trouxeram esses sentimentos à tona. O que está acontecendo na tela que lembra algo do seu passado ou alguém que você conhece ou uma vez conheceu? Você tem evitado coisas ou tem feito algo que lhe tenha dado um sentimento de culpa, raiva, tristeza, etc.

8. Tome algumas notas sobre o que você está vivenciando. Não se preocupe com o aspecto das anotações ou com o que você está dizendo. Apenas ponha seus pensamentos no papel. Use um gravador e grave seus pensamentos, se preferir, mas continue avançando pelo filme.

9. Depois que o filme acabar, desligue sua tela e fique sozinho por alguns momentos. Não se apresse para fazer outra coisa. Use o tempo para ser introspectivo e auto explorador. Olhe para suas anotações e escreva mais sobre o que você está vivenciando. Mantenha suas anotações em um lugar onde você possa refletir sobre elas nas semanas e meses que virão; nunca destrua o que você escreveu

10. Construa uma biblioteca de seus pensamentos. Escreva seu próprio livro de filmes de recuperação. Quer você assista aos filmes sozinhos, ou em grupo, com o tempo você experimentará um tremendo crescimento e cura pessoal.

Pontos negativos e cuidados

O problema da Cineterapia é que nesse método a pessoa pode querer se tratar sozinha e isso pode ser ruim se ela escolher um filme que pode provocar o efeito adverso. Então seguem alguns conselhos se você pretende usar esse método:

-Nem todo filme sobre depressão é bom para os depressivos. Alguns filmes podem ser bastante irreais e ajudar a criar ou manter estigmas e preconceitos acerca dos profissionais de saúde ou dos pacientes.

-Ninguém deve cancelar sua próxima consulta terapêutica para maratonar uma série ou planejar o uso da cineterapia como um substituto para o aconselhamento profissional. Assim como a arte e a musicoterapia, a cineterapia pode ser uma ferramenta muito útil quando incorporada dentro de um processo terapêutico.

-Os filmes também podem exacerbar algumas condições mentais. Acontecimentos emocionalmente carregados no cinema podem ocasionalmente trazer memórias traumáticas reprimidas.

Os filmes são parte da nossa história e podem ser um verdadeiro exemplo de como a arte imita a vida. Os filmes podem ajudar a você mesmo ou no apoio de amigos e familiares que estão no caminho da cura da depressão. A cineterapia pode ajudar a melhorar as habilidades sociais e de comunicação dos pacientes e no desenvolvimento da empatia naqueles que acompanham os doentes. É importante que, na cineterapia, os filmes sejam escolhidos com discernimento e que ela seja acompanhada por profissionais.

Incertezas

Neste mês de junho, a Igreja Adventista estará lançando um projeto de alcance mundial chamado Incertezas. O objetivo é abordar questões que tem levado muitas pessoas a sofrerem com a depressão. Na próxima sexta-feira, 05 de junho será lançado o filme Incertezas na plataforma de streaming feliz7play.com. Para conhecer mais sobre o projeto, acesse Incertezas.


Referências

[1] https://doi.org/10.1016/S0140-6736(18)32279-7

[2] https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/depression

[3] https://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/17167

[4] https://psychcentral.com/blog/how-watching-movies-can-benefit-our-mental-health/

[5] https://blogdescalada.com/documentarios-aventura-felicidade/

[6] https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1877042814024331

Carlos Magalhães

Carlos Magalhães

Igreja Conectada

Como levar a mensagem de Cristo ao maior número possível de pessoas usando a tecnologia digital

Graduado em Publicidade e Propaganda, é mestre em Administração pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e por anos atuou no segmento de e-Health. Tem se dedicado ao desenvolvimento de estratégias de evangelismo na internet há mais de 10 anos, e atualmente é o gerente de Marketing Digital da sede sul-americana da Igreja Adventista.