O grande conflito e a Lava-Jato
O que o grande conflito espiritual tem a ver com tanta corrupção que vemos na política, em países como o Brasil? Leia o artigo e entenda.
Eu quero ter a pretensão de estabelecer um paralelo entre a Operação Lava-Jato da Polícia Federal e o tema do Grande Conflito entre o bem e o mal, moldura do plano da salvação levado a efeito por Jesus Cristo. Na semana que escrevo, tombou preso, um senador de República e, junto a ele, um banqueiro dos mais ricos da Federação.
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Sem paixões políticas e buscando o maior cuidado jurídico de que se possa valer um “iniciado” em Direito que militou anos nessa área como repórter criminal, parece inegável que a Lava-Jato tem chegado a alguns escaninhos inimagináveis do centro do poder! É claro que existem interesses profundamente ocultos no bastidor da política brasileira. Como diz um amigo: “Nesse país, nao se pode fazer um filme de bang-bang… Não tem mocinho”! Tirande essas ressalvas, o que é necessário ainda para que se perceba a podridão das relações institucionais, federativas e sociais? Aqui no Peru, um pouco mais de longe, assisto aos capítulos desse incrível enredo que, sinceramente, não imagino o desenlace…
Depois de introduzir o tema, aqui começo meu paralelo. Ao longo do ministério tenho lidado com todo o tipo de objeção à mensagem bíblico-cristã, em especial à mensagem adventista. A última delas, transcrevo a seguir: “Vivo uma busca inconsciente de uma vivência religiosa sempre sabotada pelo meu ceticismo. Tenho profundo interesse pelo outro, luto para ter uma vida mais contemplativa e verdadeiramente rica. (…) Todo esse meu ‘cristianismo intuitivo’, vamos chamar assim, precisa da figura humana para se completar. Tenho dificuldade de abstração. Nao conseguiria experimentar a vida com tanta riqueza baseada num conceito etéreo, intangível. Confesso-te minha profunda dificuldade de acreditar em Deus. Não seria arrogante a ponto de me dizer ateu, mas eu só enxergo a força humana, a força das pessoas em tudo que atribuímos a Ele”.
Virtude humana
Como fazer com que uma pessoa com esse nível de crença na “virtude humana” possa aceitar que, de fato, vivemos inseridos na moldura do grande conflito entre o bem e o mal? Como fazer as pessoas entenderem que nossa “virtude” é um “trapo de imundície”? Como fazê-las aceitar que tudo começou no céu, um lugar idilicamente perfeito, com a rebelião de um anjo que quis ser igual a Deus sendo o primeiro depois d´Ele em importância? Como vão compreender que a humanidade depende de Cristo e de seu retorno para sua própria redenção, quando a crença na “virtude humana” é o concreto em que se apegar? E, no meio de tudo isso, eles têm de crer no intangível e no etéreo plano de um Deus que se revela pela Bíblia, um escrito humano inspirado pelo próprio Deus! Percebem como o modelo cristão precisa ser digerido?
O que talvez a Lava-Jato esteja fazendo também seja colocar em letras gigantes o tamanho da inaptidão humana para gerir sua pequenez ante valores como poder, dinheiro e influência de um lado e ética, moral e caráter de outro. Quando um senador da República vai preso e a maior operação policial registrada nesse país avança em todas as frentes do poder, passando desde a elite do empresariado nacional até os tentáculos mais longínquos dos lobbies escusos que permeiam as instâncias públicas, parece clara a falência da crença na “virtude humana”!
O que ainda é necessário para que se perceba que mais aparentemente inverossímil que a compreensão do Grande Conflito como possível explicação do remédio divino para o mal do ser humano é aceitar a potencialidade humana como automedicação contra o mal que o próprio homem engendra com sua “virtude”? Em palavras mais simples: o que é mais absurdo? Crer no homem ou crer em um Deus que quer salvá-lo? Sejamos honestos com nossa própria consciência! A cada novo golpe do “terrorismo religioso” do ISIS, a cada nova prisão da Lava-Jato, parece latente a degradação da capacidade humana de gerenciar sua existência.
E, lá no final, admitamos para fins de argumento, o retorno de Cristo e a vida eterna que tanto pregamos e esperamos foi de fato uma grande utopia. Pois eu preferiria crer nessa utopia que, ao final, estaria levando ao nada da não-existência pessoas bem melhores do que as que crendo na “virtude humana” têm levado esse país e esse mundo ao caos social! À medida que outras operações Lava-Jato surgem nesse mundo, que o sejam não para defenestrar um partido político, mas para que o próprio homem prove que Deus não foi feito à sua imagem!