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Coluna | Ana Paula Ramos

O nascimento de uma missionária

Minha primeira viagem missionária foi planejada no útero


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O-nascimento-de-uma-missionáriaEu nem tinha nascido ainda quando já comecei a ouvir um papo sobre fazer minha primeira missão. Acho que minha mãe estava entre o quarto e o quinto mês da minha gestação. Ela sabia que eu já podia ouvir. E nesse papo sobre o que seria minha primeira viagem missionária, ela conversava com Deus e com Jesus também. Ouvi várias vezes essa conversa que sempre terminava com um “amém”.

Ela esperava que eu nascesse logo, assim que eu estivesse pronta pra enfrentar esse mundão, claro. Pelo o que eu entendi, se eu não nascesse antes de terminar o mês de abril, eu não embarcaria para a minha primeira missão. Sentia algo muito forte mexendo com a minha mãe quando o assunto era esse, e resolvi encarar o desafio. Ela esperava até o final do mês, mas eu resolvi nascer dia 19/4, duas semanas antes do que o médico tinha previsto. Eu estava curiosa para conhecer meus pais missionários e entender melhor o que isso significava.

Já que eu nasci no tempo que minha mãe pediu ao nosso amigo Jesus, depois de uma semana, ela foi confirmar com a médica se eu poderia participar da minha primeira missão em julho. Achei aquela médica muito legal. Ela até queria ir junto com a gente, de tão empolgada que ficou com o projeto. Foram dois meses de preparo, eu podia sentir a ansiedade do papai e da mamãe e quanto trabalho eles tiveram pra correr atrás de todos os detalhes. Meu passaporte só chegou dois dias antes de embarcarmos, acredita? Nem vou comentar sobre a foto do passaporte, já vi que esse é um problema comum e vou ter que me acostumar.

Mas deixa eu contar a parte mais emocionante dessa história. Eu já tinha ouvido muito falar do Egito, meus pais viveram lá até o meio do ano passado. E minha primeira missão junto com outros 27 voluntários foi para lá, claro! Meus pais têm o Egito como um segundo lar. Eles estavam como que voltando pra casa depois de um ano. Obviamente eu não pude fazer muita coisa, além de arrancar sorrisos e suspiros do pessoal. Aquele negócio todo que acontece com bebês fofinhos. Não sou eu que estou dizendo, era o que eu ouvia o tempo todo. Ainda assim, na minha primeira viagem missionária, vivi momentos únicos.

Como minha mãe diz, eu sou uma esponjinha, observo tudo ao meu redor e dessa forma vou crescendo e aprendendo. A turma trabalhou duro lá no Egito. Reformaram o alojamento de uma escola todinho e ainda passaram uma semana ajudando a comunidade a cuidar melhor da saúde, além dos que passaram no médico e no dentista de graça!

Eles foram servir. S-E-R-V-I-R. Uma palavrinha nova que estou ainda pensando no tamanho do significado dela. Porque o serviço desse pessoal é algo diferente. Algo que mexe com as pessoas. Algo que faz elas se emocionarem e agradecerem tanto às pessoas e a Deus, porque Deus faz parte desse trabalho o tempo todo. E como aquelas pessoas precisavam de ajuda.

Até eu pensei em um jeito de ajudar... Olha que eu só tinha dois meses de vida. E sabe que eu acho que consegui? Todo mundo vinha falar que eu nasci para ser missionária. Não dei trabalho algum para meus pais, dormi bastante na viagem e fiquei bem quietinha quando eles estavam ocupados. Parece que era tudo o que meus pais precisavam. Ainda tenho muito o que aprender. Essa foi apenas minha primeira viagem. Ah, eu não deixei de dar um pulinho lá nas pirâmides com o pessoal, pra pelo menos tirar uma foto, mas esse é outro capítulo da história.

Sei que meus pais continuam orando e torcendo para eu ser uma missionária ativa quando crescer. Até porque todos nós nesse mundo nascemos para ser missionários, né? Gostei desse sentimento bom e dessa ideia de amar as pessoas de um jeito prático. Ajudando quem precisa como Jesus nos ensina. Já fico sonhando com minha próxima missão. E você? Tem desejado e cumprido a sua? Quem sabe vamos juntos na próxima vez.

*A Maria Eduarda completa quatro meses no dia 19/08; filha do Marcos e da Ana Paula Lima que coordenaram o grupo de voluntários em um dos 12 destinos do programa Change Your World 2016, organizado pelo Centro de Voluntariado Berndt Wolter, um departamento do Unasp campus São Paulo. O CYW é composto por projetos de curta duração ao redor do mundo, aberto a qualquer pessoa que deseja dedicar parte de suas férias para servir.

Ana Paula Ramos

Ana Paula Ramos

Missão e Voluntariado

Até onde vão pessoas que se colocam nas mãos de Deus para servir na missão de pregar o evangelho.

Jornalista e escritora, foi voluntária no Egito entre 2014 e 2015, onde mora atualmente com seu esposo, Marcos Eduardo (Zulu), e suas filhas, Maria Eduarda e Anna Esther. É autora do livro Desafio nas Águas: Um resgate da história das lanchas médico-missionárias da Amazônia (CPB).