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Coluna | Ana Paula Ramos

Escolha a toalha, não o paletó

O uso da toalha na Santa Ceia, no tempo de Cristo, evidencia mais do que um rito. Significa ser missionário para servir e não para interesses próprios.


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A toalha da cerimônia de lava-pés e um significado muito mais profundo relacionado com o serviço pelo próximo. Foto: IASD Odivelas

A maior conexão de Deus com a humanidade foi feita por meio do serviço. Um servo foi a escolha de Deus e isso diz muito sobre quem Ele é. Uma forma muito estranha de se conectar a alguém, uma vez que os servos são geralmente invisíveis. E tem a ver com um episódio relacionada a toalha.

Enumere três nomes de pessoas que trabalham na limpeza de sua escola ou trabalho. Tente, agora, enumerar o nome de três pessoas que estão “acima” de você. Muito mais rápido lembrar da segunda lista, não é mesmo?

Por que Deus escolheu agir dessa forma? Talvez, porque essa é a pura natureza de Deus. E ter essa natureza servidora é remar contra a maré, é nadar rio acima. Não faz parte de nós, é algo completamente radical, apesar do peso negativo que esta palavra tem em nossos dias. Infelizmente, nossas motivações para o serviço parecem ser sempre misturadas com interesses próprios. “Cara, vou para uma região bem pobre de um país mais pobre ainda – vou ganhar experiência, vou treinar meu inglês, vai ser bom para o meu currículo, meu, eu sou muito aventureiro.” Nada contra, mas você percebe que o serviço radical é uma raridade, se não for inexistente.

Mateus 25

Olhando a Bíblia, vemos algo bem interessante em Mateus, no capítulo 25. Os justos, aqueles que Jesus disse que deram comida para Ele, lhe deram roupas, o visitaram nas prisões e o atenderam na doença, não se lembravam de ter feito aquilo tudo. Eles não anotaram, eles não colocaram no currículo, eles não tinham recordes das boas obras, porque aquilo lhes era natural como respirar. Estava no coração.

Os servos fiéis de Mateus 25:

- Alimentam os famintos

- Vestem quem está nu

- Visitam os presos

- Socorrem os doentes

- Não se dão conta do bem que fazem

Como se o fizessem a Cristo

Na sala de jantar da última ceia, algo esquisito aconteceu. Os discípulos foram empurrados pela situação a pensarem: Será que eu vou ter que colocar a toalha na cintura, ajoelhar e lavar os pés dos outros? Obvio que não! Óbvio que não! Isso não é para mim.

Não fazia muito tempo que dez discípulos tinham ficado com uma raiva danada de João e Tiago por pedirem para se assentarem perto do trono. Por que ficaram com raiva? Porque eles também pensavam, queriam, desejavam a mesma coisa. “Puxa! Os dois pediram primeiro. Eu deveria tê-lo feito. Que raiva!”, talvez tenha sido esse o pensamento.

Agora, vejamos Jesus. Ele chega, percebe a situação, levanta-se, tira o paletó e coloca a toalha na cintura. Simples assim, porque lhe era natural, porque para Deus é natural servir. Se existe um problema, Deus não usa as palavras miseráveis que costumamos dizer: “isso não é problema meu.” Jesus possivelmente voltou a essa lição que tanto já havia ensinado preocupado com o futuro de seu povo, porque Ele sabia que sem o foco no serviço, sua igreja não teria futuro algum.

 

*Com colaboração de Marcos Eduardo Gomes de Lima (sociólogo e coordenador de projetos sociais e comunitários no Egito)

 

Ana Paula Ramos

Ana Paula Ramos

Missão e Voluntariado

Até onde vão pessoas que se colocam nas mãos de Deus para servir na missão de pregar o evangelho.

Jornalista e escritora, foi voluntária no Egito entre 2014 e 2015, onde mora atualmente com seu esposo, Marcos Eduardo (Zulu), e suas filhas, Maria Eduarda e Anna Esther. É autora do livro Desafio nas Águas: Um resgate da história das lanchas médico-missionárias da Amazônia (CPB).