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Coluna | Adolfo Suárez

Sentimento de culpa

O sentimento de culpa é tremendamente negativo, pois o medo do julgamento dos outros nos paralisa


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culpa

 

A consciência culpada parece ser um sentimento constante em nossa vida. Como disse o psiquiatra suíço Paul Tournier, “toda a educação, em si mesma, constitui um cultivo do sentimento de culpa, principalmente a melhor educação, aquela de pais bastante preocupados quanto à formação moral de seus filhos e quanto ao sucesso deles na vida. ”

Ao que tudo indica, boa parte do conteúdo educacional – formal e informal –  consiste, sobretudo, em repreensão; e toda chamada de atenção, mesmo sendo discreta e silenciosa, sugere o sentimento de culpa. É como se estivessem dizendo pra nós: “Você não tem vergonha de agir assim? ”

Na verdade, vivemos como que num constante sentimento de culpa no dia a dia. Estes são alguns exemplos:

  • Tirar notas baixas na escola,
  • Mostrar o boletim escolar para os pais,
  • Não ter um comportamento que alegre os pais,
  • Dar um presente que a namorada ou o namorado não aprecie,
  • Não cumprir com as expectativas dos amigos,
  • Não cumprir com as expectativas do cônjuge.
  • Não cumprir com as expectativas da Igreja, etc.

De fato, o sentimento de culpa está presente constantemente em nossa vida, principalmente porque a nossa sociedade leva em conta mais as falhas do que os acertos. E a esta altura uma pergunta fundamental é: Isso é bom? Isso faz bem? Isso prejudica?

Por um lado, o sentimento de culpa é tremendamente negativo, porque o medo do que os outros possam pensar de nós, o medo do julgamento dos outros nos paralisa, nos torna estáticos, nos impede de agir. O servo que escondeu seu talento na parábola dos talentos disse: “Fiquei com medo” (Mateus 25: 25).  No caso deste personagem, a possibilidade de errar, de sentir-se culpado por não fazer um bom negócio, o fez esconder o seu talento na terra, em lugar de trabalhar com ele. Então, quando a pessoa se deixa dominar pelo medo de errar, pelo medo do que os outros possam pensar dela, alimenta um sentimento de culpa doentio, às vezes até falso, ilusório. E isso não é bom.

Por outro lado, um dos grandes e fundamentais temas do cristianismo é a culpa. No âmago do cristianismo está a seguinte ideia: “Nós temos uma dívida com Deus, temos culpa em relação a Deus e precisamos nos libertar dela. ” E certamente uma das coisas que Deus mais faz conosco é libertar-nos diariamente do sentimento de culpa.

Entretanto, é importante pensar no “lado bom” do sentimento de culpa. Sentir-se culpado, ter consciência da culpa pessoal, pode levar o ser humano a procurar libertar-se desse sentimento. E a libertação ocorre pela ação de Alguém que é mais forte do que nós. Apenas o mais forte e que não tem culpa pode me livrar. Aqui entra Deus. O profeta Isaias sintetiza em palavras de rara beleza a questão do libertar-se do sentimento de culpa: “Agora que esta brasa tocou os seus lábios, as suas culpas estão tiradas, e os seus pecados estão perdoados” (Isaías 6:7).

Não precisamos carregar o sentimento de culpa. Se quisermos, podemos pedir a atuação de Deus em nossa vida. Certamente Ele pode tirar de nós todo remorso e culpabilidade. E não apenas Ele poder tirar o peso da culpa; Ele também pode dar-nos poder para viver de tal maneira que não venhamos a cometer erros que produzam culpa.

Vá a Deus em oração, confesse sua culpa; Ele perdoará você, e você será uma pessoa transformada!

Adolfo Suárez

Adolfo Suárez

Ouvindo a voz de Deus

Reflexões sobre teologia e dom profético

Teólogo e educador, é o atual reitor do Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia (SALT) e Diretor do Espírito de Profecia da DSA. Mestre e doutor em Ciências da Religião, com pós-doutorado em Teologia, é autor de diversos livros, e membro da Adventist Theological Society e da Society of Biblical Literature.