Notícias Adventistas

Coluna | Adolfo Suárez

Alerta! Atenção à omissão e negligência com os filhos

Omissão no trato com os filhos pode ser muito prejudicial para o desenvolvimento deles. Lições práticas que podemos aprender com Davi e os filhos.


  • Compartilhar:

Relação entre pais e filhos é, sem dúvida de amor, mas não deixa de envolver limites e disciplina que evita omissão e negligência. Foto: Shutterstock

Em 2 Samuel capítulo 13, há o registro da triste história de como Amnom, filho de Davi, estupra sua meia-irmã Tamar e depois a rejeita completamente. Posteriormente, outro filho de Davi, Absalão (irmão de Tamar), se vinga convidando Amnom para uma refeição, onde ele é morto. Que tragédia! Em jogo, nesta família, há lições sobre omissão e negligência.

Leia também:

No capítulo 12 do mesmo livro, a sentença havia sido dada: “Você pecou escondido, em segredo, mas eu farei com que isso aconteça em plena luz do dia, para todo o povo de Israel ver” (verso 12, NTLH). Ou seja: “Você aprontou escondido; seus filhos o farão à plena luz do dia”.

Davi era um guerreiro implacável e vitorioso, capaz de combater com seus inimigos e sair vitorioso em lutas territoriais, de conquistas geográficas. Mas ele era um perdedor contumaz quando se tratava de dar exemplo positivo como pai. Seus filhos e filhas o viram se apropriar da mulher alheia, multiplicar mulheres, fazer seu gosto sensual e sexual. E fizeram o mesmo. Corrigindo: fizeram pior.

Omissão

Um dos péssimos hábitos de Davi como pai foi sua omissão. Em 2 Samuel 14: 33 está escrito: “Então Joabe foi conversar com o rei. Aí o rei mandou buscar Absalão, e este veio, ajoelhou-se e encostou o rosto no chão diante dele. E o rei o beijou (NTLH)”. Diante do absurdo do assassinato do irmão, o pai achou suficiente um beijo. Ao que parece, Davi não dirigiu nenhuma palavra de advertência, repreensão ou disciplina ao filho Absalão.

Diante de um mau comportamento dos filhos, esquivar-se de ter uma conversa séria com eles é típico de pais omissos. Pais que, diante do ato delinquente, preferem sorrir e não disciplinar, esquecer e não ensinar, encorajar e não promover transformação. Para a salvação dos nossos filhos, tão ruim quanto seu delito, é não ter pais que lhe apontem o erro, e o convençam do pecado.

É fundamental que os pais sejam capazes de mostrar aos filhos os limites do que se pode e do que não se pode. E quando esses limites são quebrados, é essencial uma conversa disciplinadora. Não apontar o erro cometido implica em manter o filho no caminho da morte. No fim das contas, os pais omissos, que não repreendem seus filhos, estão colaborando com a morte eterna deles.

O choro da negligência

Em 2 Samuel 18:33, encontramos Davi num outro momento ruim; ele chora amargamente: “Ó meu filho! Meu filho Absalão! Absalão, meu filho! Eu preferiria ter morrido no seu lugar, meu filho!” (NTLH)

Davi estava emocionado. Mas permitam-me dizer algo: esse é o choro da negligência. Quero explicar: Mais do que apenas chorar pela morte do filho, penso que Davi chorou pela perda da oportunidade de ter sido um bom pai. O seu choro expressa o lamento pelo mau filho, o péssimo filho que ele como pai ajudara a formar.

Nós pais temos poucos anos para ajudar a formar um bom caráter em nossos filhos e filhas. Nestes poucos anos, deveríamos pedir a orientação de Deus, e segui-la com disciplina e determinação. É provável que isso cause algumas lágrimas nos filhos e em nós pais. Mas certamente isso evitará lágrimas de arrependimento eterno que inevitavelmente virão caso sejamos pais omissos e negligentes.

Educação não é loteria

É verdade que os pais não devem ser totalmente culpados pelo mau caráter dos filhos. Mas é fundamental entender que o bom caráter dos filhos tem a participação direta dos pais. Por isso, é importante entender que a educação dos filhos não é loteria. Os pais e mães têm deveres a cumprir, ações a realizar, comportamentos a mostrar e posturas a ensinar.

Os filhos têm o incômodo hábito de reproduzir o comportamento dos pais. Cedo ou tarde, nossos filhos e filhas farão tudo o de bom que nós pais tivermos feitos; e também tudo o de ruim. Por quê? Nosso modo de viver os impressiona tanto, que é como se imprimíssemos neles nossas digitais, das quais compartilharão pelo resto da vida. Assim, nosso desafio é sermos modelos positivos para os filhos, sob pena de ver neles nossos próprios erros, escolhas nefastas e comportamentos terríveis.

Nossa oração deveria ser: “Querido Pai Celestial, ajude-me a educar meus filhos no caminho da Verdade e da Vida. Mas para isso, ajude-me a ser, antes, um bom filho do Senhor”.

Adolfo Suárez

Adolfo Suárez

Ouvindo a voz de Deus

Reflexões sobre teologia e dom profético

Teólogo e educador, é o atual reitor do Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia (SALT) e Diretor do Espírito de Profecia da DSA. Mestre e doutor em Ciências da Religião, com pós-doutorado em Teologia, é autor de diversos livros, e membro da Adventist Theological Society e da Society of Biblical Literature.