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Coluna | Adolfo Suárez

Jesus devolve a vida ao filho da viúva de Naim

No tempo de Jesus, nenhuma legislação garantia a manutenção para as viúvas e não havia fundos de pensão.


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Ser viúva nos tempos de Jesus Cristo não era bom negócio

Ser viúva nos tempos de Jesus Cristo não era bom negócio

Jesus era extremamente competente na arte de entender as pessoas, qualquer pessoa. O relato Lucas 7:11-17 prova isso.

Ser viúva nos tempos de Jesus Cristo não era bom negócio. Nenhuma legislação garantia a manutenção para as viúvas; não havia fundos de pensão. Como elas haviam sido dependentes de seus maridos, tornavam-se dependentes de seus pais ou famílias, ou das famílias de seus maridos.

Entretanto, havia algumas orientações humanitárias que aliviavam um pouco a situação.

  • O filho mais velho assumia a família, se tivesse idade. Ele tinha a responsabilidade de sustentar a mãe.
  • Ao fim de um triênio, havia uma ajuda que beneficiava as viúvas (Deuteronômio 14:29).
  • As viúvas poderiam participar gratuitamente de uma colheita lenta (Deuteronômio 14:29).
  • Podiam participar livremente de banquetes (Deuteronômio 16:11, 14).
  • A lei as protegia contra a opressão e a fraude (Ezequiel 22:7; Malaquias 3:5). Mas muitas vezes essas leis ficavam apenas no papel.
  • A Lei do Levirato favorecia as viúvas, e consistia em que um irmão ou parente (do lado do marido) assumisse a viúva como sua mulher. Mas essa lei não era absoluta e permitia certas margens.

Na atualidade, as mulheres que ficam viúvas, ou aquelas que – por força das circunstâncias – precisam cuidar sozinhas de seus filhos também enfrentam dificuldades. Sei disso porque minha mãe ficou viúva aos 34 anos, com cinco filhos para cuidar. Ela nunca quis se casar novamente. Creio que Deus tem um cuidado especial com mulheres que, como a minha mãe, precisam enfrentar a vida sozinhas. É por isso que é significativo este milagre narrado por Lucas.

Algumas lições do texto

Creio que podemos extrair pelo menos três reflexões fundamentais desta narrativa.

  1. O poder de Deus

Jesus transformou a dor da mãe em alegria quando devolveu a vida ao rapaz. Certamente esse milagre não era esperado e nem imaginado por essa mãe. Isso nos mostra que não há obstáculos que Deus não possa vencer para efetuar Seus propósitos. Ele tem controle de todos os meios possíveis para fazer o que deseja.

Deus pode fazer coisas espetaculares para todos nós. Mesmo diante de situações complicadas e sem solução aparente, você e eu podemos confiar em que, se Deus quiser, Ele pode fazer algo em nosso favor.

  1. A compaixão de Jesus

Este é o único relato de milagre em que Lucas menciona explicitamente a compaixão de Jesus. Compaixão é ter piedade, pena, dó, condolência do outro. Jesus teve pena da viúva, se condoeu com a situação dela. Ellen White nos informa que esse filho era o único sustento e conforto terrestre para essa mulher. Jesus sabia que ser viúva não era uma boa situação. Por isso, inicialmente, Ele lhe transmite compaixão com as palavras “Não chores”. Nessa frase curta percebe-se a expressão de muita simpatia. É muito importante lembrar que nossas palavras, ditas com carinho, podem aliviar o sofrimento de muita gente. Cristo é nosso exemplo na forma como devemos falar com os outros.

A seguir, Jesus Cristo tocou o caixão. Pelas leis cerimoniais, esse ato poderia deixá-lo impuro; Ele não se importou. Jesus entendia que mais importante do que cumprir cerimoniais é aliviar a dor das pessoas.

A compaixão de Jesus não diminuiu. Ainda hoje podemos ouvir Sua voz simpática dizendo: “Conheço as vossas lágrimas; também Eu chorei. Aqueles pesares demasiado profundos para serem desafogados em algum ouvido humano, Eu os conheço. Não penseis que estais perdidos e abandonados. Ainda que vossa dor não encontre eco em nenhum coração na Terra, olhai para Mim e vivei” (Desejado de Todas as Nações, p. 483).

  1. A iniciativa de Jesus

A viúva não pediu o milagre. Jesus Cristo fez o milagre por iniciativa própria.

É certo que a Bíblia afirma que “quem pede recebe” (Mt 7:8). Mas a Bíblia também afirma que “Ele nos amou primeiro” (1 Jo 4:19). No milagre para a viúva, vemos uma descrição clara da salvação. Nós não buscamos a Deus; nós não temos competência e nem sensibilidade para isso. Nós estávamos longe de Deus, éramos hostis a Ele (Col. 1:21).

Sempre ouvimos que precisamos vir até Deus, que precisamos dar o primeiro passo em direção a Ele. Mas a história da salvação mostra que Deus teve compaixão de nós. Ele tomou a iniciativa e enviou seu Filho à Terra para que, com Sua morte, Jesus viesse ao nosso encontro e nos desse oportunidade de salvação.

Jesus tomou a iniciativa, e tudo o que podemos fazer é aceitar pela fé a dádiva maravilhosa da vida que só Ele pode dar. A viúva não tomou a iniciativa, mas Jesus conhecia sua necessidade. Por isso, Ele foi até ela, e fez para ela um milagre que ela nem havia pedido.

Poder e compaixão

Jesus tem poder; Jesus tem compaixão; Jesus toma a iniciativa. Essas são três mensagens claras neste milagre.

Realmente, Deus é espetacularmente amoroso, e cuida de nós em qualquer circunstância. Todavia, é provável que alguém pense: “Eu precisei de Deus, e eu não senti Deus perto de mim”. É verdade. Deus às vezes parece se ausentar de nós. Mas, será isso mesmo?

O episódio da viúva de Naim nos mostra que a suposta ausência de Deus não dura para sempre. Mas também nos mostra que a vida é feita de contratempos, de angústias, de desafios, de mal-entendidos. Nisso tudo, há um Deus que nos acompanha, e que se dispõe a fazer algo.

É provável que você esteja precisando que um milagre seja realizado em sua vida. É possível que você já tenha feito tudo o que podia fazer, e ainda não aconteceu o que gostaria. Talvez seja o momento de deixar Deus agir com poder e compaixão, permitindo-lhe tomar a iniciativa de conduzir sua vida do jeito que Ele achar melhor.

Isso só é possível permitindo que Deus tome a direção da nossa vida, e suplicando-lhe por sensibilidade para entender Sua vontade.

Adolfo Suárez

Adolfo Suárez

Ouvindo a voz de Deus

Reflexões sobre teologia e dom profético

Teólogo e educador, é o atual reitor do Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia (SALT) e Diretor do Espírito de Profecia da DSA. Mestre e doutor em Ciências da Religião, com pós-doutorado em Teologia, é autor de diversos livros, e membro da Adventist Theological Society e da Society of Biblical Literature.