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Colportora trabalha de bengala e vence desafios na missão

Elba Rosa celebra Dia do Colportor com batismo de amiga, fruto de sua missão


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Elba Rosa tem dificuldade para andar e se apoia em uma bengala, mas isso não a desmotiva de trabalhar no avanço do evangelho por meio da colportagem (Foto: Thalles Paixão)

A persistência de muitos colportores impulsionaram o início da Igreja Adventista no fim do século XIX. Como, por exemplo, a trajetória do pioneiro Guilherme Stein Jr., que depois de ter aceitado a fé adventista, abandonou o ofício de ferramenteiro e dedicou-se integralmente à colportagem. Sua resiliência foi fundamental para a distribuição de folhetos, revistas e livros de casa em casa. Consequentemente, muitas igrejas foram fundadas como fruto desse trabalho. 

Este método de evangelização existe há 143 anos e, hoje, muitas pessoas o vêem não apenas como uma forma de sustento, mas também como um propósito de vida. Com esse senso de missão, Elba Rosa da Silva Sousa tem atuado na colportagem há 23 anos. Seu desafio diário pode parecer simples: caminhar. Devido a um desgaste no joelho esquerdo, Elba se apoia em uma bengala, mas isso não a impede de trabalhar cerca de 6 horas por dia. Sua persistência tem transformado vidas.

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Além das vendas

"Eu senti que foi um chamado de Deus", relata Elba ao recordar o início de seu ministério. Foi no ano de 2001 que ingressou em uma equipe liderada por sua filha. De lá pra cá, já perdeu a conta de quantos materiais já distribuiu e quantas famílias já foram beneficiadas por sua visita. "As pessoas estão sedentas de saúde, de Jesus, e ficam felizes ao desabafar e ouvir o que temos a oferecer. Muitas vezes já ouvi: 'Deus enviou você aqui, porque eu estava orando para Ele me enviar uma pessoa'", afirma. 

O desejo de salvar almas pulsa no coração de Elba e ela já viu cerca de sete pessoas sendo batizadas por sua influência neste trabalho. Ela acredita que muito mais vidas entregaram ou entregarão a vida a Jesus por causa dos materiais que já distribuiu. "A colportagem é uma forma de abrir o caminho para as pessoas conhecerem a Bíblia. A gente planta, vem um e rega e outro colhe", explica sobre o resultado do trabalho de um colportor.

Uma lesão no joelho e uma resposta de oração 

Durante um período, Elba dividia sua semana entre ser cuidadora de idosos e a colportagem. Sem carro, andava mais de 15km por dia, carregando uma pesada pasta de livros. Anos passaram e seu joelho sentiu o esforço físico. Dores na articulação se tornaram frequentes e o ortopedista diagnosticou uma lesão no menisco, que são duas estruturas internas do joelho que servem para absorção e distribuição de força e impactos, além de contribuírem para a estabilidade do joelho.

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Em 23 anos como colportora, Elba já serviu como consultora de casa em casa, palestrante em empresas e, atualmente, palestra sobre saúde e família em igrejas de diferentes denominações (Foto: Thalles Paixão)

A cirurgia foi marcada para o dia 29 de novembro de 2015. "Precisei diminuir o ritmo e foi um período bem difícil, porque o meu marido estava doente e minha filha estava grávida e precisava do meu apoio", conta. Os desafios não pararam por aí. Elba ficou viúva e, devido a lesão no joelho, usou uma cadeira de rodas por um tempo. "Apesar dessas dificuldades, não deixei de estar perto do Senhor", expressa. Já com a muleta, Elba fazia as visitas por meio de carros de aplicativo, mas sentia o desejo de se doar mais na colportagem. Foi aí que fez uma oração a Deus.

Dizia mais ou menos assim, "Senhor, eu não quero mais me casar, mas tenho me sentido sozinha. Se for da sua vontade, me dê um companheiro que tenha o mesmo propósito que o meu, que seja missionário e que tenha um carro para eu não ficar parada", orou. Enquanto esperava a resposta, Elba continuou atuante na Igreja, mesmo de muleta. Após oito anos do falecimento de seu esposo, sua resposta chegou.

Casal missionário

O dia 3 de julho de 2022 marcou o início de uma história de amor e missão. Moadir Vieira de Sousa, também colportor, pediu a mão de Elba em namoro após um dia bem sucedido de trabalho juntos. "Não tive dúvidas que Deus quem nos uniu", declarou ao aceitar o pedido. 

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Elba e Moadir completarão dois anos de casados no dia 29 de dezembro de 2024 (Foto: Thalles Paixão)

O casal vive a missão da colportagem e experimenta em suas próprias vidas os benefícios de saúde que oferecem aos interessados. "Neste ano completo 70 anos e meu marido, 80. Nós dois não fazemos uso de nenhum tipo de remédio controlado porque nossa saúde está ótima. Encontramos nos livros da colportagem tudo o que precisamos para cuidar da nossa saúde física, mental e espiritual", expõe. 

O companheirismo do casal carioca deu tão certo que chamou atenção de Kátia Beatriz Fernandes. Ela foi uma das pessoas afetadas pela chuva no Rio de Janeiro, no início deste ano. Por conta disso, foi à Igreja Adventista de Belford Roxo para receber uma cesta básica. Não tinha objetivo de assistir ao culto, mas algo a fez mudar de ideia. "Elba e Moadir sentaram ao meu lado e foram tão acolhedores que eu decidi ficar e aceitar o estudo bíblico", relata. Ela complementa dizendo que, "a união dos dois me envolveu. A paixão que um tem pelo outro e por Deus é admirável". 

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Colportora Elba canta em batismo de amiga batizanda (Foto: Thalles Paixão)

Neste sábado, 3, foi celebrado o Dia do Colportor como sendo o dia do chamado e da celebração da obra da colportagem. Para Kátia, também simbolizou recomeço de vida. "Tenho o desejo de estudar mais a Bíblia para também ser uma colportora um dia", diz emocionada após o seu batismo. 

Dia do Colportor

No calendário adventista, o primeiro sábado do mês de agosto é dedicado ao Ministério de Publicações. Na região sul do Rio de Janeiro, a celebração contou com seis batismos e programações especiais nas igrejas do território. Para o presidente da Igreja Adventista do Sétimo Dia na região, pastor Geovane Souza, os colportores são peças chave para abreviar a volta de Jesus. "A Igreja Adventista começou com os colportores e ainda hoje tem um papel relevante na missão. São ungidos por Deus e merecem nosso respeito e gratidão". 

Atualmente, mais de 100 pessoas são colportoras na região sul do estado fluminense, entre efetivos e estudantes. Histórias como a de Elba inspiram outros a se unirem ao ministério. "Temos um grupo comprometido com a missão. Deus sempre faz milagres em nosso meio e a perseverança do nosso grupo, como a trajetória da Elba, tem feito a diferença na região", opina o pastor Willian Nunes Ferreira, diretor da área na região.