Colégio Adventista realiza concurso fotográfico sobre esperança
O concurso estimulou os alunos a enxergarem esperança em meio ao caos dos últimos acontecimentos
O pátio está vazio, as salas também. Mesmo com as aulas presenciais canceladas, alunos de toda educação adventista no centro do Paraná continuam a aprender, tanto sobre assuntos acadêmicos quanto emocionais. Com tantas incertezas, aprender a lidar com as emoções tem sido fundamental. Dentro desse contexto que o Colégio Adventista Portão (CAP), em Curitiba, tem desenvolvido diversas atividades extracurriculares que incentivam a criatividade, e assim, a expressão dos sentimentos desses alunos através das artes.
“A gente tem trabalhado muito esse conceito de criatividade, não só para organizar o espaço de fora, como seu ambiente de estudo, mas também organizar o espaço de dentro. O processo de criação dá margem para que o aluno retrate o que está sentindo,” explica a coordenadora pedagógica do CAP, Késia Lucena.
Uma dessas atividades foi o concurso fotográfico Olhares de Esperança. Qualquer estudante poderia participar. O concurso teve duração de um mês. Os alunos contaram com orientações técnicas sobre fotografia e foi permitido que, se caso preferissem, utilizassem fotos tiradas por eles anteriormente, mas que seguissem alguns critérios. Cerca de 50 alunos inscreveram suas fotos e disputaram entre si. “Juntando as questões trazidas pelos alunos e os últimos acontecimentos, a gente entendeu que seria interessante lidar com esperança, para que o aluno pudesse abrir os olhos para as coisas positivas que ele tem à volta dele e não só o negativo," conta a professora Maysa dos Santos, professora de artes.
Emily Araújo foi uma das vencedoras. Sua foto já havia sido tirada antes da pandemia, em um passeio em família. A fotografia foi tirada no Buraco do Padre, uma cachoeira em Ponta Grossa, interior do Paraná. Emily associou esperança à imagem, porque naquela foto ela enxergava uma luz no fim do túnel. “Não importava se você está no fundo do poço, sempre vai ter alguém pra te dar a mão e ajudar. É preciso ter fé em Deus e coisas boas vão acontecer”, afirma a aluna.
Esperança em meio à dor
Segundo o dicionário, esperança é sentimento de quem vê como possível a realização daquilo que deseja; sinônimo de fé, expectativa e aguardo. A esperança requer uma certa perseverança, acreditar que algo é possível mesmo quando muitos dizem o contrário.
Kevin Kuronuma foi um dos vencedores, e sua foto chamou atenção por mostrar que mesmo na dor é possível ter esperança. Ele sempre se interessou por fotografia e ficou animado com o concurso. O adolescente contou para sua avó e discutiu com ela como poderia demonstrar seu olhar de esperança através de uma imagem. A avó do garoto tinha câncer e, um dia antes do prazo final de entrega das fotografias, faleceu.
A avó em vida já era uma inspiração para o garoto, que queria retratá-la no concurso. No último dia, Kevin organizou fotos que representavam a trajetória da matriarca da família e cartas de amor que seus avós trocaram décadas passadas, colocou em uma mesa fazendo uma composição e fotografando a esperança que ele via na sua avó em vida, e agora a esperança de reencontrá-la em breve. “Eu acho que quando você perde a esperança, você, de certa forma, deixa de existir porque ela é o que te move. Esperança também é ter fé,” comenta Kevin Kuronuma.
“Mesmo sabendo que ela se foi, a gente sabe que tem o reencontro, com a esperança do nosso Jesus voltar. Ao mesmo tempo que temos a dor, temos o acalento de ver Cristo voltar”, confessa Márcia Verner, mãe de Kevin.