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Inclusão

Clássico livro adventista lançado em sistema Braille

Caminho a Cristo agora pode ser usado por pessoas cegas. Obra de Ellen White é uma das mais conhecidas da autora.


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Pastor Alacy segura um exemplar no sistema usado por muitas pessoas cegas em todo o planeta. (Foto Anne Seixas)
Pastor Alacy segura um exemplar no sistema usado por muitas pessoas cegas em todo o planeta. (Foto Anne Seixas)

Uma das obras mais conhecidas da escritora Ellen White, Caminho a Cristo, agora está disponível no sistema internacional Braille. O trabalho é fruto do esforço do Ministério Adventista das Possibilidades (MAP) e deverá beneficiar cegos que conhecem o sistema. O lançamento ocorreu na segunda-feira, 8, durante a Comissão Diretiva Plenária da Igreja Adventista do Sétimo Dia na América do Sul.

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Não há um número preciso de quantas pessoas no mundo atualmente conseguem ler por meio do sistema Braille. A Organização Mundial da Saúde estima que existam cerca de 253 milhões de pessoas com deficiência visual em todo o globo, sendo que cerca de 36 milhões delas são completamente cegas.[1] No Brasil, estima-se que 6,5 milhões de pessoas sejam cegas ou possuam baixa visão. Muitas delas dependem do sistema Braille como meio de leitura e escrita, mas nem todas têm acesso a ele.

Geralmente, pela prática, a pessoa que nasceu cega ou perdeu a visão muito cedo, na fase de letramento, costuma dominar o sistema Braille. Já os que perderam a visão na fase adulta costumam ser a minoria no acesso e aprendizado ao ensino por meio do Braille.

­Mais acesso

Segundo o pastor Alacy Barbosa, diretor sul-americano do MAP,  um dos grandes desafios é tornar os materiais, programas, projetos e atividades da igreja acessíveis a todos. Juliana Santos, conselheira do MAP para os ministérios que atuam com os cegos, explica que o sistema Braille é indispensável para ampliar a evangelização. “A Igreja tem uma grande oportunidade para ser luz nesse sentido. Temos toda a estrutura e condições para isso. O que falta, talvez ainda, é uma maior compreensão da importância disso e que o evangelho precisa chegar de fato todos”, complementa.

O livro Caminho a Cristo foi produzido pela Gráfica Associação de Cegos Louis Braille, de Minas Gerais. A transposição do texto em tinta para o sistema e a produção do livro físico demoraram cerca de um mês. O resultado foi um livro de dois volumes tamanho A4 com um total de 140 páginas (frente e verso).

Processo de produção

Um livro em formato Braille requer mais cuidados, pois toda a leitura se dá por meio de contatos táteis. Por essa razão, o processo de produção deste tipo de material é mais caro e demorado. São basicamente seis passos:

1. O livro original à tinta, em formato pdf, passa pelo processo de linearização.

2. O mesmo livro original passa nas mãos do descritor.

3. O editor Braille (especialista tanto em edição e diagramação quanto no Braille) recebe o texto linearizado e o texto com as descrições (no caso de o livro ter imagens). Assim, começa o processo de montagem do livro no sistema. Coloca todos os códigos necessários, faz a diagramação específica no Braille.

4. O material vai para revisão por outro editor Braille.

5. O material segue ao revisor Braille (obrigatoriamente um profissional com deficiência visual).

6. O livro é impresso em Braille e chega até o leitor por diferentes meios.

Novos lançamentos

Barbosa ressaltou que as sedes administrativas adventistas trabalham para a formação de bibliotecas em Braille nas principais igrejas. No segundo semestre deste ano, a expectativa é que sejam feitos os pedidos desta edição do livro Caminho a Cristo, incluindo em Braille.

Para 2024, segundo o líder, a intenção é a de ter mais dois livros de Ellen White lançados neste formato, além de uma série de estudos bíblicos.

Sistema Braille

O Braille é um sistema de leitura e escrita tátil para pessoas com deficiência visual. Ele é baseado em um código de pontos em relevo que podem ser lidos com os dedos. O sistema foi criado por Louis Braille em 1824, quando ele tinha apenas 15 anos de idade.

O sistema é baseado em um arranjo de seis pontos em relevo, organizados em duas colunas de três pontos cada. Cada ponto é numerado de 1 a 6, e os pontos são combinados em várias configurações para representar as letras do alfabeto, os números e outros símbolos.

Existem 63 combinações possíveis de pontos em relevo neste sistema, incluindo a configuração de todos os pontos elevados, que representa o espaço em branco. Além das letras, o sistema Braille também inclui símbolos para números, sinais de pontuação e caracteres especiais, como símbolos matemáticos e musicais.


Referência:

[1] https://www.who.int/blindness/en/