Cascavel ecoa um grito de coragem contra a violência
A cidade paranaense se mobiliza em grande passeata contra a violência
Em uma manhã de sábado, as ruas de Cascavel se transformaram em um poderoso palco de solidariedade e esperança. Centenas de pessoas, unidas por um único propósito, marcharam pela Avenida Brasil na passeata "Quebrando o Silêncio", organizada pela Igreja Adventista do Sétimo Dia. A cidade, conhecida por sua força e resiliência, ergueu sua voz em apoio a uma causa que não pode mais ser ignorada: o combate à violência.
Com o apoio fundamental da Prefeitura de Cascavel, que viabilizou a infraestrutura necessária para o evento, a passeata teve início na Praça do Migrante. Ali, o clima de união e determinação era palpável. Desbravadores, Aventureiros, estudantes do Colégio Adventista, e personagens da Turma do Nosso Amiguinho se juntaram a moradores da cidade, todos prontos para levar uma mensagem de esperança e transformação. Para uma das organizadoras da passeata e coordenadora do projeto para a região central de Cascavel, Claudia Pilger, "foi um desafio, mas também uma grande honra. Ver a resposta da comunidade e saber que estamos fazendo algo que pode realmente mudar vidas, isso não tem preço", disse.
À medida que a multidão avançava pela Avenida Brasil, o ar se enchia não apenas com as batidas das fanfarras, mas com um espírito de mudança. Durante o percurso, foram distribuídos 5 mil folhetos e 2 mil revistas, cuidadosamente preparadas para diferentes públicos – crianças, adolescentes e adultos. Além disso, 500 balões e 250 mãos personalizadas coloriram o caminho, cada um deles simbolizando a rejeição à violência e o compromisso em romper o silêncio.
As ações fazem parte do Quebrando o Silêncio, uma iniciativa da Igreja Adventista que mobiliza milhares de pessoas em oito países da América do Sul no combate a diversos tipos de violência. A cada ano, um tema diferente é abordado.
Tema 2024
Para a edição deste ano, o foco da campanha também está no crescimento saudável e seguro das crianças e adolescentes. Todos os dias, de forma silenciosa, inúmeras delas sofrem algum tipo de abuso sexual e, na maioria das vezes, de pessoas próximas.
Segundo agências da Organização das Nações Unidas (ONU), anualmente 1 bilhão de crianças são vítimas de algum tipo de violência, inclusive de abuso. Dados apontam que 88% dos países têm legislação de proteção, mas menos da metade aplicam as leis.
Assim, o objetivo do projeto é despertar a necessidade de atenção e ação. E mostrar para crianças que certos tipos de carinho não são corretos. Além, é claro, de afirmar aos adolescentes que eles não estão sozinhos e podem conversar com pessoas de confiança e denunciar seus agressores. “Cabe a nós protegermos nossas crianças, garantindo a elas o amor, a segurança e o auxílio que precisam”, destaca Jeanete Lima, educadora e coordenadora do projeto Quebrando o Silêncio na América do Sul.
O final da caminhada, no coreto da Avenida Brasil, em frente à Igreja Matriz, foi coroado por uma apresentação emocionante do Coral Adventista de Cascavel (CAC). Suas vozes, elevadas ao céu, pareciam dizer que há esperança, mesmo nas circunstâncias mais sombrias. Antes disso, um vocal e banda evangélica já haviam aquecido os corações com músicas que falavam de fé e renovação, criando uma atmosfera de reflexão e propósito.
Em um depoimento marcante, a coordenadora geral do projeto para a região oeste do Paraná destacou: "Nosso principal objetivo é conscientizar e dar voz às vítimas de violência. Queremos que todos saibam que existe apoio e que é possível, sim, quebrar o silêncio. Estamos aqui para oferecer essa rede de apoio e mostrar que não estão sozinhos", disse a professora Mirian Jacinto. Sua fala ecoou entre os presentes, reafirmando o impacto que ações como essa podem ter na vida das pessoas.
De acordo com o Disque 100, em 2023, houve 18,7 mil denúncias e 30 mil violações sexuais contra pessoas com menos de 18 anos no Brasil. O que significa que, diariamente, 166 crianças e adolescentes são vítimas de violência sexual no pais.
A passeata em Cascavel não foi apenas um evento para marcar o calendário; foi um movimento de coração, uma manifestação de que o silêncio não deve ser uma opção. A comunidade, ao lado da Igreja Adventista do Sétimo Dia, mostrou que está disposta a lutar pela dignidade, segurança e bem-estar de todos. O "Quebrando o Silêncio" deste ano deixou claro que em Cascavel, a coragem fala mais alto.