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Carnaval e a Bíblia: o que precisamos entender 

Conheça algumas reflexões sobre como essa festividade pode impactar cristãos que adotam princípios defendidos na Bíblia


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A Bíblia traz uma série de orientações sobre a postura do cristão e sua relação quanto a temas específicos (Foto: Shutterstock)

Várias são as tentativas de explicar a origem do Carnaval e isso sugere que é muito difícil saber com certeza sua história e, mais provavelmente, que a festa celebrada atualmente seja herdeira de múltiplas tradições. Na história ocidental, no entanto, é possível que sua origem esteja ligada miticamente ao deus grego Dioniso. 

Abandonada na ilha de Naxos por Teseu, Ariadne não teve muito tempo para lamentar sua solidão, pois a chegada de Dioniso despertou sua paixão imediatamente. Com o casamento, passam a celebrar sua alegria no litoral da Grécia. Em cada local que paravam, seu barco, cheio de vinho e flores, era colocado sobre um carro e puxada por bois, transitando sobre a cidade levando música, dança, vinho e sensualidade para a multidão que os acompanhava. Mais tarde, em Roma, essa festa passou a ser conhecida como carrum navalis.i 

Realidade brasileira 

No Brasil, o Carnaval como conhecemos foi herdado da festividade portuguesa chamada “entrudo”, que mesmo com sua origem pagã, já havia sido incorporada no calendário cristão, marcando o início da quaresma. A quaresma é um período litúrgico que antecede a Páscoa e costuma ser celebrado por algumas religiões como as igrejas Católica, Ortodoxa, Anglicana e Luterana. Assim, apesar de fazer parte da identidade brasileira, o Carnaval é uma importação de festivais religiosos e culturais bastante antigos.ii 

Sobre o ambiente carnavalesco 

Considerar o Carnaval apenas como uma manifestação cultural não é suficiente para avaliar sua influência para um cristão que se pauta pela Bíblia. As iniciativas de órgãos públicos de criar campanhas de conscientização específicos para o Carnaval sobre infecções sexualmente transmissíveis, acidentes de trânsito, uso moderado de álcool, violência contra mulheres e crianças, possuem uma indicação clara.  

Evidenciam que o ambiente carnavalesco é caracterizado pela exibição sensual, prática de sexo casual, uso e abuso de álcool e drogas, entre outras coisas. Será este um ambiente adequado dentro de uma cosmovisão cristã? 


O que a Bíblia diz?  

“Ai dos que se levantam pela manhã e seguem a bebedice e continuam até alta noite, até que o vinho os esquenta” (Isaías 5:11). Apesar do texto parecer se encaixar na experiência dos foliões, nenhuma passagem bíblica adverte sobre o Carnaval propriamente dito. Alguns princípios, contudo, podem ajudar a nortear os cristãos a respeito da festividade.  

A Bíblia alerta de maneira decisiva contra o uso de bebidas alcóolicas (por exemplo Provérbios 20:1; 23:29-32; Oseias 4:11; Lucas 21:34; 1 Coríntios 6:9,10; Gálatas 5:19-21). Apesar da crença de alguns de que a Bíblia não condena o uso moderado de álcool, mas apenas a embriaguez, não é certo que existam níveis seguros de consumo alcóolico, sendo a abstinência total um caminho mais acertado. 

Além disso, decisiva é também a norma bíblica quanto à pureza moral e sexual (Mateus 5:27, 28; Efésios 5:3 ,4; Gálatas 5:19-21; 1Tessalonicenses 4:3-8). É muito difícil imaginar um cenário em que tais recomendações poderiam ser observadas durante o Carnaval. Essas duas áreas são apenas exemplos que sugerem que essa festa não se mostra como um ambiente próprio para o cristão. 

Para onde ir?  

Nos últimos anos, algumas igrejas têm adotado a iniciativa de realizar uma espécie de projeto evangelístico em que um grupo de membros tenta chamar a atenção dos carnavalescos com cartazes com dizeres como “Jesus te ama”. A iniciativa parece ter uma boa intenção, mas é válido refletir sobre a eficácia de uma ação que pode ser de pouco significado para quem está festejando em contraste com a exposição ao ambiente já citado.  

Como alternativa, outras aproveitam esse momento para retiros espirituais de verão, oferecendo oportunidade para crescimento espiritual e comunhão com Deus e a comunidade.   

Esse período, portanto, suscita reflexões sobre o estilo de vida cristão e o comprometimento que cada crente individual tem com a fé que professa. Os lugares que se frequentamos, os ambientes que escolhemos, nossas ações do dia a dia destacam, em grande medida, se vivemos, “acima de tudo, por modo digno do evangelho de Cristo” (Filipenses 1:27). 


Diego Bispo é pastor, pedagogo, e trabalha em Guarujá, no litoral de São Paulo. 

Referências:

i SZPILMAN, R. Uma versão mítica da origem do carnaval. Disponível em: https://portalespiral.cp2.g12.br/index.php/interludio/article/view/1541
ii JUNIOR, R. L. O carnaval como manifestação popular: Um paralelo entre a concepção beltraniana de carnaval em Recife e Olinda e o surgimento do carnaval carioca. Disponível em: https://revistas.uepg.br/index.php/folkcom/article/view/19192/209209215145