Campanha de adventista une mãe e filho
Victor estava desaparecido há cinco meses e foi encontrado com a ajuda de uma mobilização na internet.
Um celular que apita sem parar. Grupos de WhatsApp e Facebook que dormem tarde e acordam cedo demais. Graças a essas ferramentas que a fotógrafa Paula Menezes Castro, do Rio de Janeiro, conseguiu unir novamente uma família.
Na última semana soubemos da história de Victor Soares, um rapaz de 20 anos que havia sumido de casa, em São Paulo. Foi através da ajuda de moradores do Rio de Janeiro que o jovem conseguiu reencontrar a mãe. Mas o que não sabíamos é que tudo começou com o trabalho de uma adventista.
Moradora de Petrópolis, Paula Castro frequentemente ia ao Rio de Janeiro cuidar de sua avó, bastante doente. Sua última visita foi cheia de surpresas, boas e ruins: sua avó veio a falecer, mas Paula ajudou mãe e filho a se reencontrarem.
Ela estava na casa de sua avó, no bairro do Flamengo, zona sul do Rio de Janeiro, quando percebeu a presença de Victor nas ruas próximas à casa e que ele necessitava de ajuda. "Ele não parecia estar drogado. Ficava quietinho sentado, mas às vezes gritava e dormia nu na calçada, parecendo atormentado", relata a fotógrafa.
Paula contactou as autoridades, mas depois de muitas transferências do problema de um órgão para o outro, ela decidiu buscar ajuda em outro local: a internet. Deu um depoimento no grupo de Facebook dos moradores do bairro e a repercussão foi enorme. "Houve muitos compartilhamentos e acabamos criando um grupo de whatsApp de monitoramento do rapaz. Três bairros se envolveram."
Um grupo de WhatsApp que dormia tarde e acordava muito cedo. E ninguém demonstrou se importar. As pessoas que eventualmente se aproximaram de Victor conseguiram coletar informações suficientes para achar o perfil de sua mãe no Facebook. Foi assim que Rejane Soares, corretora de imóveis de 44 anos, descobriu onde estava seu filho, desaparecido há cinco meses.
Durante os quatro dias seguintes Rejane se preparou para ir ver o filho enquanto os moradores do Rio de Janeiro seguiam monitorando. O "rastreamento do bem" teve a ajuda da Secretaria de Desenvolvimento Humano da cidade e, quando chegou o dia do encontro, Paula esteve do lado da mãe de Victor todo o tempo.
A adventista hospedou Rejane em sua chegada e acompanhou a família e o grupo de monitoramento sem parar. Os outros moradores ainda se admiram com a dimensão do engajamento dos bairros, mas Paula afirma a todos que lhe abordam: "apenas cumpri com meu dever de cristã".
Hoje Victor está em acompanhamento psiquiátrico e sua mãe está em casa de amigos esperando pelo momento de levar seu filho de volta para casa. Paula voltou a Petrópolis para uma nova busca: por outro emprego. Ela conta que as últimas semanas foram de muitas mudanças, mas que ajudar as outras pessoas é o verdadeiro dever cristão, não importam as circunstâncias.