Bebê órfão é adotado em funeral
Pai de outras três crianças adotivas, fazendeiro de Moçambique adotou o bebê de cinco dias de vida durante o funeral de sua mãe, vítima do HIV
Por Andrew McChesney, Adventist Mission
As pessoas se reuniram para o funeral da jovem mãe na Igreja Adventista do Sétimo Dia em Milange, um povoado a apenas três quilômetros da fronteira de Moçambique com o Malawi. A mulher havia morrido por complicações da AIDS (síndrome da imunodeficiência adquirida, na sigla em português), apenas cinco dias após dar à luz um bebê. Seu esposo, pai da criança, havia morrido antes, também devido à AIDS.
O pequeno bebê gritava durante o funeral. “Ele estava chorando porque não havia ninguém para cuidar dele”, disse Clemente Mateus Malala, um fazendeiro de 61 anos que estava presente. Após a cerimônia, ao conversar com os parentes do menino, soube que eles tinham pouco dinheiro para comprar leite e fraldas. Ele considerou comprar os itens, mas ficou preocupado imaginando que os parentes poderiam revendê-los. Então, se ofereceu para adotar o bebê.
O menino, Laston, tem hoje cinco anos, e é o menor de quatro órfãos adotados por Clemente e sua esposa. Eles também têm quatro filhos biológicos adultos. Clemente, que cultiva feijão verde e milho em sua fazenda no oeste rural de Moçambique, é um membro ativo da Igreja Adventista e evangelista leigo, que levou 430 pessoas ao batismo nos últimos 13 anos. Porém, nada tocou tanto o seu coração como seus quatro filhos adotivos, que perderam seus pais por causa do HIV (vírus da AIDS).
“Deus me abençoou com o dom de levar pessoas a Ele, mas a verdadeira felicidade vem de cuidar desses órfãos”, disse ele. “Os adultos que eu conduzi a Cristo são capazes de suprir suas necessidades físicas, mas os órfãos sofreriam duas vezes sem mim: suas necessidades físicas não seriam satisfeitas, e eles poderiam perder a salvação.”
O HIV é um grande desafio em Moçambique, e Clemente é um dos cristãos que se esforçam para fazer a diferença. Ele adotou seu primeiro filho órfão, Rojério, ao ver o menino de 2 anos procurando comida na beira da estrada. Os parentes do garoto disseram que seus pais haviam morrido e o entregaram alegremente quando Clemente se ofereceu para criar o menino. Ele também adotou mais duas meninas em circunstâncias semelhantes. Rojério agora tem 15 anos, e as duas meninas têm 11 e 8 anos.
“O mínimo que posso fazer é receber alguns filhos e alimentá-los em minha casa”, disse Clemente. Ele anseia por uma escola adventista em Milange, onde seus filhos adotados possam estudar. “Como igreja, devemos investir na educação, para investir no futuro da igreja”, considera.