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Artigo: líder jovem fala sobre os adventistas e o cinema

Cinema? # Eu escolhi ir para a igreja?


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O líder dos jovens adventistas na região Norte do Paraná, pastor Ericson Danese, escreveu um artigo sobre os adventistas e o cinema, confira o artigo na integra:

Seria tão simples, se Deus respondesse por mandamento cada detalhe de nossa vida e de nossas escolhas, no entanto, este era o raciocínio finito dos fariseus do tempo de Jesus. Na vida, alguns problemas aparentemente não encontram precedentes e temos que decidir por princípios e por consciência.

Aspectos comportamentais de nossa religiosidade e relacionamento com as coisas deste mundo frequentemente enfrentam este tipo de desafio. A cultura e as tendências exigem de nós decisões.

Será este o momento, como jovens adventistas, de começarmos ir ao cinema por qualquer motivo? O texto a seguir é minha reflexão pessoal, dentro do contexto dos jovens adventistas do sétimo dia.

Particularmente eu cresci numa época e local, onde aprendemos e ouvíamos dos líderes de que o cinema, teatro, circo, estádio de futebol, bailes, festas e outros lugares de diversões seculares não eram próprios para jovens adventistas. Bem poucos anos atrás, em 2012, a igreja iniciou uma campanha sobre reforma e reavivamento, onde um dos itens, avaliava o estilo de vida e conduta cristã. Neste documento oficial, a igreja expressava sua avaliação negativa quanto a participação de seus membros em lugares de diversões seculares tais como estádios, teatros e cinemas.

Na minha infância de igreja interiorana e conservadora, cresci sem nenhuma dúvida sobre isso, mas os tempos modernos vez ou outra questionam o fato. Penso ainda, que o problema é bem maior, pois gostando ou não, a onda pós moderna nos alcança e somos levados a nadar entre ela. Quando um onda vem, ou você surfa, ou você ‘fura’ ela! O que faremos agora?

Vamos refletir um pouco sobre o cinema:

Parece-me obvio que o local do cinema é frequentado por milhares de pessoas de bem, famílias e pessoas que vão procurar uma diversão normal. Parece-me óbvio que o local é excelente em termos de qualidade sonora e visual. Obviamente é descente do ponto de vista de seus frequentadores. Obviamente é confortável. No entanto, não é a disposição física do local, ou seus adeptos, que me preocupam e sim, quem está no controle das salas de cinema ou na produção dos filmes. Ao entrar numa sala de cinema, que poder você terá de parar, avançar ou desligar o conteúdo exibido? É dito que em casa, ninguém fará isso também, mas tenho total discordância deste ponto de vista, pois já parei diversos filmes e os desliguei assim que percebi que eram dissonantes dos meus valores. Isso cabe a força de vontade de cada um, mas penso que num ambiente coletivo, não controlado, ninguém se sentirá no direito de tomar tal decisão e será muito mais inibido, caso queira levantar-se e sair. Em sua casa você tem o controle nas mãos, mas levantar-se-á e sairá no meio do filme numa sala de cinema? Por outro lado, será que não é hora de também rever os princípios daquilo que você assiste em casa?  O que você não veria no cinema, não deve ver em casa! O cinema em casa pela TV, ou a internet tem muitas vezes sido mais nocivo do que qualquer sala de cinema, mas isso simplesmente não quer dizer que ir a salas de cinema ver filmes seja um hábito recomendável a um adventista do sétimo dia. A reforma e reaviamento deveria chegar a nossas casas e mídias eletrônicas e não, ‘abaixar’ nossas muralhas e irmos em busca de outros campos porque já nos demos por batalha perdida em nosso próprio domínio!

Sobre o lugar cinema, faço menção do testemunho do Dr. Luigi Braga, que você encontra facilmente no youtube e vale a pena assistir. Não comentarei aqui, pois é a experiência pessoal dele, mas acho que vale muito a pena ouvi-lo.

Parece simples entender que o maior problema é o conteúdo do filme, mas infelizmente não temos filmes adventistas sendo exibidos em salas de cinema, com a devida revisão no conteúdo destes filmes. Se tivéssemos filmes adventistas, e um cinema que nós adventistas controlássemos, imagino que eu talvez até iria. Mas não temos! Porém, dado o risco do conteúdo dos filmes, o local pode agravar ainda mais a situação.

Menciono ainda a opinião de Ellen White de que este ‘lugar’ não seria ‘seguro’. Os textos que citarei evidentemente tratam sobre o teatro, mas o transportamos para o contexto moderno do cinema. Faço observação antecipadamente, que nada temos contra a arte da interpretação em si, ou qualquer arte, pois a arte é neutra e apenas veículo de uma mensagem. O primeiro texto que cito dela, fala sobre o conteúdo exibido nestes lugares, o que torna o lugar segundo ela ‘perigoso’.

“Entre os mais perigosos lugares de diversões está o teatro. Em vez de ser uma escola de moralidade e virtude, como muitas vezes se pretende, é um verdadeiro foco de imoralidade. Hábitos viciosos e tendências pecaminosas são fortalecidos e confirmados por esses entretenimentos. Canções baixas, gestos, expressões e atitudes indecentes pervertem a imaginação e rebaixam a moralidade. Todo jovem que costuma assistir a essas exibições se corromperá em seus princípios. Não há influência mais poderosa em nosso país para envenenar a imaginação, destruir as impressões religiosas e tirar o gosto por divertimentos tranquilos e realidades sensatas da vida do que as diversões teatrais.” Trecho de: Ellen G. White. “Mensagens aos Jovens.” iBooks.

O texto adverte seriamente sobre o ‘costume’ de ir ao teatro (cinema). Podemos perguntar: Como se adquire tal costume de ir ao cinema? Ora, quem pode adquirir o costume de beber se evitar o primeiro gole? Quem pode adquirir o costume de ir ao cinema/teatro se evitar ir a primeira vez ou evitar ir por qualquer motivo ou filme que pareça nobre? Se você nunca vai, não desenvolve o hábito, ou costume que segundo ela pode trazer nocivas.

O próximo texto, fala sobre o lugar ser duvidoso e perigoso, ou seja, pode ser que uma vez ou outra possa ter algo bom, mas o risco é tão grande que não vale a pena se expor. Duvidoso, é algo é incerto. Você pode confiar em um lugar que a profetiza de Deus chama de duvidoso?

“O amor a esses espetáculos aumenta cada vez mais, assim como o desejo de bebida alcoólicas se fortalece com seu uso. O único caminho seguro é evitar o teatro, o circo e qualquer outro lugar de diversão duvidosa” Ellen G. White, Mensagens aos Jovens.

Mas e se eu já assisti o filme, posso rever com segurança no cinema? Eu pergunto: Será que vale a pena gastar seu dinheiro com assinaturas de filmes, locadoras virtuais e cinema? Será que vale a pena abrir tais precedentes? Não corremos o risco de sermos enredados pelo costume e desenvolver tal hábito que Ellen G. White caracterizou como perigoso?

O cinema é fascinante! Podemos resistir aos seus encantos? Eu gosto de filmes e vídeos, acho eles tentadores, e você se sente seguro com eles? Cada pessoa é muito diferente, não creio que alguém possa contraria o profeta e dizer que é um local espiritualmente seguro para todos. Quanto tempo você tem gasto com filmes em sua casa ou em qualquer lugar? Eles tem ajudado na sua comunhão?

Chamamos de cinéfilo, quem gosta de cinema/teatro. Quando E. G. White trata o assunto daquele que é um ‘cinéfilo’, ou seja, a pessoa que vai por hábito ao cinema/teatro, ela avalia este meio como forma de recreação:

“Há formas de recreação que são muito benéficas, tanto para o corpo como para a mente. Uma mente esclarecida e seletiva encontrará muitos meios de entretenimento e diversão em fontes não apenas inocentes, mas instrutivas. A recreação ao ar livre e a contemplação o das obras de Deus na natureza trarão muito benefício.” Testemunhos para a Igreja. 4:651-653.

Um ponto para os esportes e para a vida no clube de Desbravadores que promovem recreação ao ar livre!!!

Mas o cinema não poderia ser um método de evangelismo?

Quem duvidaria do poder de gerar ideias e perpetuar conceitos de um filme bem produzido? Ninguém! Nada popularizou mais o espiritismo, a teoria da evolução e o materialismo do que o cinema e a TV. Obviamente a 7a arte é a mais poderosa, pois concentra nela todas as outras formas de arte. Por outro lado, somos abençoado pelo evangelismo televisivo.

  • Creio que podemos fazer evangelismo com ministério de teatros, e particularmente, eu, tenho apoiado muitos deles; • Creio que a igreja deve investir em vídeos, filmes e mídias digitais das mais variadas, particularmente eu, gosto muito disso; • Creio que um filme, tem muito poder de influência. E um filme bom, poderia ter muito poder para o bem.

Mas tenho meus questionamentos sobre se mesmo assim, deveríamos ir a uma sala de cinema, no aspecto comercial usual:

➢ Se é para fazer evangelismo, por que eu deveria pagar para ir a uma sala de cinema? Por que não entregar os DVDs como fazemos com DVDs missionários da igreja? Eu sei que o filme tem um custo e acho justo, que quem o produziu, viva disso e tenha seu retorno, mas será que em algum momento o filme cristão no contexto de espetáculo não se tornará um fértil ramo comercial? Será que em algum momento, quando isso virar hábito, os filmes ditos como evangélicos, não serão ditados por aquilo que ‘vende’ ou ‘faz bilheteria’ em vez das velhas verdades bíblicas, muitas vezes impopulares? ➢ Seria o ambiente comercial do cinema um local para evangelismo? Até que ponto bilheterias e arrecadações vão influenciar esta mensagem?  ➢ Será que poderei orar com meus amigos antes do filme, ou após ele? Será que poderei ao término do filme encontrar local e clima para apelar e orar com meus amigos evangelizados? ➢ Será que se eu assistisse o DVD do filme com meus amigos na minha casa, não teria muito mais opção, clima e local para discutir o assunto do filme e testemunhar pessoalmente? ➢ Será que assistir filme é um hábito que devo cultivar? ➢ Será que todos estamos fortes espiritualmente o bastante para discernir toda a teologia por trás de cada filme, ainda que o filme seja ‘evangélico’? ➢ Será que temos uma produtora de filmes adventista? Que eu saiba não, embora vemos aqui e ali uma ou outra produção independente! Há alguns bons filmes evangélicos que temos visto no mercado, mas será que posso sempre confiar e formar o hábito de ir vê-los? Em algum momento os jovens de minha igreja não serão vítimas de sutis pregações de crenças contrariarias a nossa fé como imortalidade da alma, arrebatamento secreto e muitas outras? ➢ Um evangelismo ecumênico, sem a distinção da mensagem adventista, um evangelismo de todas as igrejas, para levar as pessoas a qualquer igreja é um evangelismo bíblico e escatológicamente correto com nossa visão adventista dos eventos finais? ➢ Por outro lado, se é só entretenimento, porque não faze-lo de forma segura dentro de nossas casas ou ambientes controlados por nossos líderes, pais e famílias? ➢ Devemos deixar nossos pequenos grupos, casas e igrejas fechadas e ir conviver em comunidade nos locais de onde queremos tirar as pessoas?

Num mundo de tantos filmes nocivos para o caráter e os pensamentos, é bom que alguém faça filmes bíblicos ou cristãos, mas ultimamente, temos que ter cuidado redobrado com os chamados filmes bíblicos que misturam todo tipo de teologia estranha. Quanto aos chamados filmes cristãos, como eu disse, há alguns muito bons, mas não penso que seja seguro desenvolver o hábito de ir ao cinema baseado nestas exceções.

Como devo escolher um bom filme?

  1. Não seja o primeiro a ver. Deixe que outros vejam. Leia a respeito. Veja opinião de pessoas que sejam conselheiros sábios. Até hoje não assisti o campeão de bilheteria ‘Avatar’. De tudo o que li e ouvi, já consegui ter a certeza que de acordo com meus valores seria uma perda de tempo. 2. Veja em lugares onde você tem controle sobre o filme, e não onde o filme tem controle sobre você. Já tive a experiência de ver filmes com meu grupo de jovens na minha casa, certa vez, um filme que achávamos que ia ser produtivo do ponto de vista da igreja, ao final, tivemos que ter uma boa conversa e refletir sobre aspectos que simplesmente não podíamos concordar. Duvido que a sala de cinema me dê esta liberdade. 3. Quem são os produtores e distribuidores deste filme e que intensão eles tem? 4. Quem é o diretor do filme? Quais suas crenças? 5. Quem escreveu o roteiro, quais suas crenças? Jesus advertiu que tal como é a árvore, assim são os frutos. 6. Quais as reações dos filmes ou deste filme sobre meus hábitos devocionais? Poderei orar depois dele? Terei vontade de ler a Bíblia depois dele? 7. Qual o tema e ideia central do filme? O que diz a Bíblia sobre este tema?

Sabem? As vezes um bom filme, pode ser simplesmente apresentado no lugar e no contexto errado e com isso, levar uma geração inteira a desenvolver um hábito que pode se tornar nocivo!

Paulo foi sábio ao dizer:

“Tudo me é permitido”, mas nem tudo convém. “Tudo me é permitido”, mas eu não deixarei que nada me domine” I Coríntios 6:12

Só porque precisamos aprender a usar o controle remoto em casa, não quer dizer que devo me entregar ao controle das salas de cinema coletivas.

Gostaria ainda de mencionar um pequeno trecho de um filme que assisti. Irônico não? Mas é um filme interessante.  No filme evangélico chamado ‘A Viagem, uma jornada no tempo’, o personagem Dr. Carlion viaja no tempo do século XIX ao século XX para ver como seria a igreja e a sociedade cristã de cem anos a frente de seu tempo. Na ficção, Dr. Carlion procura uma igreja para ir adorar, pois era um homem religioso. O personagem do filme pergunta se há algum grupo que se reúne frequentemente para estudar a Bíblia, pois esse era o hábito dele no tempo dele, e então, surpreso ele descobre que os membros da igreja já não se reúnem para ler a Bíblia e sim para ir ao cinema. Dr. Carlion não sabe o que é cinema e decide acompanhar seus irmãos na fé do seu futuro pós moderno. Quando o filme inicia, ele fica impressionado. Mas então, num momento cômico, o Dr. Carlion é mostrado saindo correndo da sala de cinema em direção funcionário da portaria. Dr. Carlion grita: “Parem o filme, parem o filme! Este filme está mostrando um homem que blasfema o nome de Deus!”. Todos olham para o personagem do século XIX e riem muito dele. Carlion sai decepcionado com o que a comunidade da igreja havia se tornado.

Será que se começarem os adventistas a irem em salas de cinema, algum de nós sairá como o Dr. Carlion? Será que somos pessoas do século XIX vivendo no século XX? Ou será que somos pessoas de princípios, vivendo em meio a tempos seculares e afastados da piedade e devoção? Ou será que estamos prestes a nos tornar como o futuro secularizado apresentado na ficção do filme que mencionei?

Num tempo em que a Igreja Adventista do Sétimo Dia está clamando por Reavivamento e Reforma por parte dos seus membros, seria a hora ir ao cinema? Seria este o momento de jejum, oração e confissão, ou momento de dizer, “á... já que assistem em casa, vamos ver lá também!”? Seria o momento disso? Será a exibição de filmes em salas de cinema o método de evangelismo que faltava? Será que a pregação da mensagem final depende da qualidade de som das salas de cinema? Será que em dias de igrejas secularizadas, cada vez mais vazias nos cultos semanais, é hora de ir para o cinema? Será que em dias nos quais vemos os jovens deixando de fazer culto jovem sábado a tarde, e muitas vezes em alguns lugares, dormindo todo o sábado, para esperar o pôr do Sol e sair a noite, será que é hora de estimularmos ir ao cinema? Que influência isso terá nas gerações futuras? Se eu for ao cinema ver filmes bíblicos ou filmes evangélicos, será que minha geração ficará apenas nestes filmes ou irá mais longe?  E quem vai dizer qual é o filme que pode e qual não pode ser assistido no cinema ou em qualquer outro lugar? Vamos deixar esta escolha tão subjetiva, sendo que ela tem tamanho poder de influência? Será que a próxima geração não irá ainda mais longe e relaxará os princípios ainda mais?

Quem se dispõe a ter a certeza das respostas das minhas perguntas, deve assumir as consequências diante de Deus em responder por esta e pela próxima geração!

Alguém aqui está seguro diante de Deus, que é a vontade de Deus que seu povo gaste tempo indo ao cinema e desenvolvendo esse hábito?

Sabem de uma coisa? Nunca fui ao cinema e não sinto que eu tenha perdido alguma coisa!

Exatamente por nunca ter ido, não posso julgar quem vai. Mas tenho direito a ter minha opinião, pois todo mundo tem a sua hoje em dia. Siga sua consciência diante de Deus, eu apenas quis compartilhar com você as minhas razões, se elas não te bastam, procure as tuas próprias. Releia os textos do livro Mensagens aos Jovens, ore e reflita. Eu não vou julgar quem foi, quem vai ou quem irá, não sou melhor do que estes. Mas em dias de tantas necessidades na igreja, se me convidarem para ir .... direi: Cinema? ‪#‎Euescolhiirnaigreja! [Equipe ASN / Texto: Ericson Danese]