Amigos se unem para doar marmitas à pessoas em situação de rua
O projeto "Maná" acontece há quase um ano e beneficia, por semana, cerca de 30 pessoas.
Por Ayanne Karoline
O dia é sexta-feira. No relógio, já passa das 21h30. É hora de um grupo de jovens adventistas do bairro de Nova Almeida, em Serra, se reunir em carros para distribuir marmitas de comida. Durante cerca de três horas e percorrendo mais de 13 km, eles atendem, aproximadamente, 30 pessoas em situação de rua. O projeto “Maná” acontece toda semana.
No cardápio, arroz, feijão, macarrão e farofa. Às vezes, um kit com pão e chocolate quente. Raramente, roupas também são entregues. Tudo depende das doações arrecadadas durante a semana.
Entre olhares curiosos e papos longos, cada um dos beneficiados é alimentado fisicamente e espiritualmente. Isso porque, além da comida, eles recebem uma oração e alguém para ouvir um pouco sobre seus problemas. Segundo um dos jovens participantes do projeto, Jônatas Gomes Santos, às vezes, alguns só querem orar e conversar. Eles ouvem muitas histórias e ficam sensibilizados com elas.
Destas histórias, o grupo já presenciou pessoas dormindo na chuva, gestante prestes a dar à luz, pessoas que erraram com vergonha de voltar para a família, dependentes de drogas e álcool e, até mesmo, deficiente físico vivendo em tristes condições. “ Cada um tem um motivo para estar ali, são diferentes. Mas todos merecem nossa compaixão e que saiamos de dentro da igreja para ajudá-los”, comentou Jônatas.
Veja depoimento de uma das pessoas beneficiadas, o Everaldo:
Everaldo mora na rua há três anos. Ele saiu de casa após se separar da esposa e não voltou mais, principalmente, após sofrer um acidente, fraturar o maxilar e perder alguns dentes. Hoje, convive com o alcoolismo, a solidão das ruas e o desejo de rever as filhas. “ Ele sente vergonha de voltar. Apesar de morar na rua, trabalha com a venda de caranguejo e está pagando um tratamento dentário para, um dia, ir para casa de cabeça erguida”, contou outro jovem participante do projeto, Brendow Ferraz Bortolini.
“ Minha felicidade é a oração”. Essa foi uma das frases que Everaldo disse a Brendow em um dos encontros, quando recusou a comida e pediu apenas que orassem por ele. O homem, que recebe cesta básica de um outro projeto, ofereceu os alimentos para que fossem preparados pelo grupo adventista e doados a outros colegas da rua.
O projeto completa um ano no mês de junho e conta, em média, com seis pessoas, além daquelas voluntárias que preparam a comida. A ideia surgiu de um outro projeto, o Atos 29, do Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp). “ Apesar de cansativo é gratificante ajudar outras pessoas. Uma das coisas que nos move é chegar em casa, na madrugada de sábado, e ter uma cama para dormir, comida, um chuveiro, um cobertor. Temos tudo, enquanto eles não têm nada. Voltamos porque é maravilhoso ver o olhar de amor e agradecimento com que eles nos recebem, a cada abordagem”, concluiu Brendow.
Informações sobre como ajudar no telefone 99533-1596 (Brendow).