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Alunos e famílias "adotam" cartinhas de crianças carentes e realizam seus sonhos para o Natal

Neste ano, 65 crianças de lar de acolhimento receberam os presentes que mais queriam para esse final de ano.


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Nesse ano, 65 crianças carentes foram presenteadas com o projeto do segundo ano. (Foto: Arquivo CAPA)

Chega o mês de dezembro e muitas cartas são escritas começando com “Querido Papai Noel”. No entanto, há cinco anos, crianças carentes de uma casa de acolhimento para menores de idade na cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, escrevem cartas com o Colégio Adventista de Porto Alegre (CAPA) como destinatário. Neste ano, 65 cartas chegaram nas mãos da Daiane Rebello Havemann, professora do segundo ano do ensino fundamental. Cada carta foi adotada por seus alunos e famílias para realizar os sonhos de Natal dessas crianças.

O projeto “Da aprendizagem à afetividade” surgiu através de uma atividade do livro de estudos das crianças, que tinha como proposta montar um cofrinho para aprender sobre o sistema monetário. Um simples cofrinho fez com que um projeto de altruísmo surgisse na sala de aula do segundo ano. Os alunos passaram a guardar dinheiro dentro desses recipientes com o propósito de comprar os presentes para as crianças. Nem sempre o que é arrecadado atinge o valor necessário, mas os pais contribuem para conseguir comprar o presente pedido na cartinha.

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Laura foi uma das alunas que confeccionou seu próprio cofrinho e juntou dinheiro para o presente. (Foto: Arquivo CAPA)

A professora Daiane entregou as cartas e os cofrinhos às famílias e estes, com os alunos, abraçaram cada pedido. Ela admite que os pais colocam o coração nesse projeto como se cada criança fosse da sua própria família, indo além do que é solicitado nas cartas. “Só neste ano, sete crianças pediram bicicleta e outras ousaram além, pedindo skate, patins, roller e assim por diante. Confesso que quando leio uma cartinha que pede uma bicicleta, meu coração já fica aflito. Mas chega o dia da entrega e a criança recebe o que pediu”, conta Daiane. 

Um projeto para a família

Fernanda Resena Zin é mãe do pequeno Davi, de oito anos. Ela e sua família já estão acostumados a participar de projetos sociais com crianças. No entanto, ela confessa que cada experiência é única. “Eu sabia que eu não sairia do mesmo jeito que cheguei. O coração transborda alegria”, diz.

Para ela, esse ano foi mais do que especial, pois o seu filho não só entendeu o projeto, mas também se envolveu doando uma chuteira novinha que ele havia ganhado. Segundo a mãe, o mais incrível para foi ver essa decisão partindo dele, doando um presente que acabara de ganhar. Além da chuteira, a família também adotou a cartinha de uma criança que queria apenas um presente e acabou ganhando quatro. “Quando escolhemos dar um presente, doamos tempo e amor. Eu bati perna no centro de Porto Alegre atrás do melhor presente para aquela criança e encontrei quatro”, relata.

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Davi decidiu doar sua chuteira para uma das crianças do lar de acolhimento. (Foto: Arquivo CAPA)

Ediane Junges e André Valadares também fizeram parte do projeto neste ano com sua filha Maitê, de sete anos. A ideia de construir um cofrinho foi muito legal para a menina, mas descobrir que o dinheiro iria para outra criança não foi muito animador. Então, chegou a cartinha de uma bebê de seis meses e a mente da pequena mudou completamente. “Entender o quanto a gente pode fazer a diferença e a importância desse ato na vida de outra pessoa fez com que a Maitê se empolgasse muito”, confessa Ediane.

A família se juntou para escolher o presente e até a embalagem, com muito amor e carinho. E quando chegaram no dia para entregar os presentes, o amor e a alegria transbordaram. “Foi uma tarde muito feliz, em que a união de todos que abraçaram juntos esse projeto da professora Daiane fez a diferença na vida de muitas crianças, mas principalmente das nossas, porque tivemos a oportunidade de experimentar aquilo que dinheiro nenhum compra: o amor e a alegria alheia”, completa. 

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Maitê e os pais amaram fazer parte do projeto e dedicaram tempo e amor nisso. (Foto: Arquivos CAPA)

Na casa da família Netto, até o irmão do Victor, aluno da professora Daiane, ficou inspirado pelo projeto. Joice Cefrin Pinto Silveira Netto e Alencar Silveira Netto são pais do Pedro e do Victor e contam que para Victor, desde o primeiro momento que o projeto foi lançado com os cofrinhos, ele já se sentiu motivado nessa grande missão. Quando receberam a cartinha de uma criança pedindo uma bicicleta, Victor sabia que as moedinhas que havia juntado não seriam suficientes para comprar aquele presente. Mas, decidido a dar o que havia sido pedido na cartinha, Victor decidiu doar sua própria bicicleta. 

“O Victor gosta muito de andar de bicicleta e ele queria que o menino da carta tivesse um presente tão legal como o que ele tinha. A bicicleta dele ainda parecia bem nova, pois a correria do ano não permitiu que ele usasse tanto quanto gostaria. Seria um presente perfeito”, detalha Joice.

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Pedro e Victor deram uma lição de altruísmo com suas decisões de doar suas bicicletas. (Foto: Arquivo CAPA)

Pedro, o irmão mais velho de Victor, quando soube que seu irmão daria a própria bicicleta para o menino da cartinha, prontamente ofereceu sua bicicleta para o irmão mais novo. Joice e Alencar não conseguiram conter sua felicidade ao ver o ato de ambos os filhos, tão pequenos, mas com o coração tão grande. “Como pais, podemos ver nossos filhos aprendendo sobre o ensinamento de que é melhor dar do que receber. Somos gratos pelo privilégio de poder participar desse movimento de ação social, que eu entendo como um serviço cristão”, conclui. 

Mudando o mundo, uma criança por vez

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Pais e professores do Colégio foram à Instituição Social Dona Cristina para levar os presentes. (Foto: Arquivo CAPA)

As cartas foram feitas pelas crianças da casa de acolhimento “Instituição Social Dona Cristina” e os presentes foram entregues no mesmo local por alguns dos alunos, pais, professores do CAPA e pela professora Daiane. O projeto “Da aprendizagem à afetividade” alcançou seus objetivos mais uma vez pelo quinto ano consecutivo e a professora Daiane só tem amor em seu coração ao pensar em como isso tem feito a diferença. 

“É uma benção servir ao próximo. O meu maior objetivo dentro da Educação Adventista é ir além do ensino. Deus, em sua infinita bondade, sempre coloca pessoas no meu caminho que estão sempre prontas a me ajudar a fazer o bem àqueles que tanto precisam. Servir e ver a alegria daquele que recebe não tem preço”, garante Daiane.