Alunas realizam campanha contra pobreza menstrual em Curitiba
Mais de 6 mil absorventes foram arrecadados e doados para mulheres sem renda
Alunas do Colégio Adventista Boa Vista (CABV), em Curitiba, criaram a campanha "Ninguém merece usar jornal", com o intuito de combater a pobreza menstrual. As meninas levaram a ideia para o colégio, que as apoiou a arrecadar absorventes. Na última terça-feira (23), mais de 6 mil absorventes foram entregues para o Projeto Esperançar, que oferece suporte para mulheres que terminaram o tratamento de câncer e estão sem renda, e as que enfrentam o abandono pós-tratamento.
Pobreza menstrual se refere à falta de acesso a produtos básicos para manter uma boa higiene no período da menstruação. De acordo com a Organização das Nações Unidas, no Brasil, 25% das meninas entre 12 e 19 anos deixaram de ir à aula alguma vez por não ter absorventes. "Em um debate em sala a gente se deparou com a situação de pobreza menstrual no Brasil e tivemos a ideia de arrecadar os absorventes. Levamos a ideia para a diretora, que nos apoiou", conta a aluna Gabriella Walesko.
Ágata, Julia, Maria Vitória, Gabriella e Verônica, meninas entre 14 e 15 anos, se chocaram ao saber que existiam mulheres sem acesso a um item que elas consideram básico para a higiene feminina. "Eu não imaginava que muitas mulheres precisavam disso, uma questão de higiene básica para as mulheres e muitas não têm," lamenta Maria Vitória Kato, uma das idealizadoras do projeto.
O nome da campanha se refere a um dos materiais utilizados como método alternativo para estancar o sangramento menstrual. Alternativas como panos velhos, folhas de jornal e miolo de pão, entre outros, colocam em risco a saúde. "Quando levamos produtos inadequados em contato com a vagina, levamos bactérias, causando um desequilíbrio da flora vaginal, levando a uma provável infecção", explica a ginecologista Anny Mazzey.
Conscientização
No Colégio, foram colocados pontos de arrecadação e as alunas passaram nas salas de aula apresentando o projeto para outros estudantes. "Ficamos felizes com a iniciativa dessas alunas, por demonstrarem o resultado da Educação Adventista ao longo dos anos. Não pensar só em si, mas no outro também", afirma a diretora do CABV, Rovena Carniatto.
Além disso, nos banheiros femininos do CABV foram colocadas caixas para que as alunas que não têm como comprar absorventes se identifiquem. Só a diretora Rovena tem acesso a esses nomes e fornecerá mensalmente o item para essas alunas.
Conscientizar e ajudar, essa é a ideia do projeto. "A gente sabe que o que arrecadamos não vai passar pro Brasil todo, mas o que a gente começou aqui pode ser influência para outras pessoas começarem também", declara a estudante Verônica Machado.