“Ainda sou um pastor”, emociona-se aposentado ao receber credencial ministerial
Apoio a jubilados leva atenção e promove oportunidades missionárias para aqueles que já encerraram seu período de trabalho
“Ainda sou um pastor!” Essa frase foi ouvida pelo pastor Daniel Baía enquanto entregava a credencial ministerial a um pastor aposentado. Baía é presidente do Clube Adventista dos Jubilados Lagoa Bonita, no interior de São Paulo, e compartilha como é a vida quando o ministério oficial se encerra.
Na Igreja Adventista, é possível que um pastor finalize sua jornada ministerial a partir de 35 anos de trabalho. No caso de Baía, foram 40. Muitos desses anos foram dedicados à área educacional enquanto diretor em várias instâncias do Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp).
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Dezessete anos atrás, quando se tornou um pastor jubilado, pensou: “O que vou fazer agora?” Ele detalha o sentimento da época: “É muito triste quando, de uma hora para outra, deixamos o que mais amamos fazer”, sublinha.
Assim, logo buscou entre seus colegas um projeto para o qual se dedicar. Passou a pregar nas cidades vizinhas, fazer evangelismos, distribuir livros. Esse último, segundo ele, “é uma festa” para o grupo. Passou a liderar, então, o clube que cuida desses pastores.
“A maior carência é de atenção. Eles, por vezes, se sentem esquecidos. Então temos um ministério de visitação”, explica. Essa atividade é voltada especialmente aos que estão mais idosos, com dificuldade de locomoção ou limitações de saúde.
Ministério ativo
Para os mais jovens, ou seja, pastores que estão jubilados há pouco tempo, o desafio é criar projetos para que eles se envolvam em uma atividade missionária. A meta atual é a implantação de uma igreja em uma região sem a presença adventista. Um grupo se uniu para pregar, dar estudos bíblicos e agora acompanham a construção do templo. “Não estou dizendo que vou morrer, mas quando eu vir essa igreja pronta, posso descansar”, pontua Baía, emocionado.
Em Minas Gerais, o pastor Rubens Rogério lidera o grupo dos aposentados. Com 37 anos de um ministério extremamente ligado às causas sociais, hoje coordena o evangelismo e atendimento a indivíduos do sistema prisional. Esse trabalho começou há 15 anos, bem antes da jubilação, e segue ativo em Belo Horizonte e região metropolitana.
Além disso, quer que as novas gerações aprendam com esses homens experientes. “Criamos um projeto de testemunhos, em que eles vão aos cultos para compartilhar suas histórias e criar conexão com os mais jovens”, explica Rogério.
Ele mesmo compartilha os desafios e bênçãos que recebeu ao longo dos 18 anos trabalhando em Guiné-Bissau, Congo e Chade, países africanos que, à época, viviam enormes desafios políticos e sociais, incluindo guerras.
Outra atividade é a assistência em momentos fúnebres. Esses pastores se disponibilizam a atender as famílias enlutadas oferecendo conforto e esperança durante essas ocasiões. Para ele, é importante fazer com que todos se sintam úteis.
“Estou jubilado há dois anos. Quando me fizeram a proposta, aceitei de bom grado. Quero dar a oportunidade para os mais jovens trabalharem”, declara Rogério. Além disso, reforça: “Se eu não fosse pastor, seria pastor”, porque, segundo ele, é só isso que sabe fazer e “fará até que todos estejam no Céu!”
Prestes a completar 64 anos, está cheio de disposição para continuar seu ministério.
Cuidado e incentivo
Todas essas atividades são incentivadas pelo Instituto Adventista de Jubilação e Assistência, o IAJA, que é uma entidade da sede sul-americana da Igreja Adventista do Sétimo Dia que cuida das famílias ministeriais que já encerraram seu trabalho ativo.
Elias Silva, diretor do IAJA, destaca que o objetivo é justamente oferecer condições para que os pastores continuem ativos, compartilhando sua experiência com os pastores mais jovens. “A instituição tem o papel de fazer com que eles se sintam integrados ao ministério da Igreja. E essa experiência que eles têm não pode se perder. Isso precisa ser utilizado”, afirma.
Para dar ainda mais suporte a essas pessoas, 15 líderes de associações de jubilados no Brasil estiveram no primeiro Encontro de Líderes Jubilados, que aconteceu na sede sul-americana da Igreja Adventista nos dias 3 e 4 de junho para conversar, trocar experiência e conhecer detalhes sobre processos e procedimentos úteis para manter o cuidado com cada um desses homens e mulheres que tiveram um ministério ativo dedicado à Igreja. E enfatizaram que estão à disposição para o trabalho.
“Eu tiro uma lição de vida muito grande, que é a dedicação dessas pessoas para a Igreja no passado e a continuidade dessa dedicação no presente. Isso faz com que eu queira ter essa mesma disposição quando for a minha vez”, reflete Silva.
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