“Nos tratam com amor”, diz abrigado sobre adventistas no Programa Emergencial de Inverno
Programa Emergencial de Inverno (PEI) completa uma semana nesta quarta-feira (26). Veja como a Igreja Adventista administra o local
São Paulo, SP … [ASN] Uma semana após a inauguração do Programa Emergencial de Inverno (PEI) e a opinião dos abrigados sobre o atendimento é de um tratamento humanizado baseado no amor. O pensamento é unânime entre a maioria dos 120 moradores em situação de rua, que pernoitam no Canindé, São Paulo (SP), no abrigo administrado pela Igreja Adventista.
Emerson da Silva, 38 anos, questionado sobre como está sendo atendido, ressalta os ótimos dias vividos no abrigo. “Nos tratam com amor”, afirma o homem que há três anos, todos as noites, até a abertura do local, tenta dormir na rua junto à esposa, grávida de quatro meses. “Na rua não tem como dormir, enquanto um dorme, outro fica acordado, não tem segurança”, conta.
Na noite mais fria do ano em São Paulo, quando a temperatura baixou para 12°, o casal lembra que estava no relento, tentando montar um “barraco” para se proteger do frio. Depois da difícil experiência, ambos querem ficar protegidos dos perigos da rua até o dia 30 de agosto, data do término do PEI.
Muitos lamentam o fechamento, pois no local, eles recebem alimentação, produtos de higiene, toalhas, roupas, alas para pouso e banho. O coordenador, pastor Daniel Donadeli, junto à equipe, faz o que pode para ajudá-los. “A prefeitura deu toda a parte da estrutura, nós ficamos com o atendimento”, conta.
Apesar de o local não ter lavanderia, o pastor até tenta conseguir baldes para os abrigados lavarem suas roupas. “Desde o início, eles mudaram a visão sobre nós. Eles começaram a perguntar sobre a igreja e pedir oração. Nós oramos com eles, e alguns, nós até já conseguimos abrir a Bíblia”, conta.
Voluntariado
De acordo com o presidente da Sede Administrativa da Igreja para o norte da cidade, pastor Aguinaldo Guimarães, a instituição religiosa tem arcado com algumas despesas, como alguns insumos, água e o pagamento de 26 colaboradores remunerados até o final de agosto. Empresas privadas têm doado parte do valor para cobrir os gastos, junto das doações no projeto Recolta - em que os membros arrecadam dinheiro para projetos evangelísticos.
Outra parte do atendimento é formado por voluntários. Carla Rodrigues tem dedicado um dia da semana aos serviços gerais do abrigo. “Eu faço para cumprir a obra de Deus”, comenta. Sem dormir durante a madrugada de terça-feira, 25, ela explica que tem sido um aprendizado e o exercício da gratidão pelas bênçãos que recebe.
Donadeli ainda enfatiza que nem todo colaborador ou voluntário precisa ser membro da Igreja Adventista para ajudar. “Temos aqui até muçulmanos no grupo”, conta.
Atendimento
De acordo com o coordenador, a rotina consiste em recolher moradores da rua os e fazer o cadastramento com a entrega dos kits. Logo é servido o jantar e a liberação dos leitos para o pernoite.
No refeitório, enquanto esperam a refeição, uma TV está sintonizada no canal Novo Tempo. “As ASAs também vêm trazer as roupas. Aqui precisamos de roupas e calçados masculinos, pois 95% dos abrigados são homens”, conta o coordenador. O local não dispõe de atendimento para menores de 18 anos e animais de estimação.
Na inauguração, a expectativa era que o número aumentasse para mil leitos nesta quarta-feira, 26. Mas o número de vagas permanece em 460. O coordenador conta que a procura permanece baixa, e ainda, há outro abrigo ao lado do PEI, que divide os grupos de moradores de rua.
Regras
De acordo com os abrigados, apesar de existirem regras dentro do abrigo, a administração tem mantido o respeito no livre arbítrio de cada morador, deixando-os confortáveis. “Tem gente que não aproveita e não quer reconhecer, prefere ficar na rua. Aqui o povo é crente, quer fazer o bem pra nois”, conta Emerson. [Equipe ASN, Michelle Martins]
Serviço
Local: Rua Comendador Nestor Pereira, 75, Canindé, São Paulo,SP
Horário de funcionamento: 19h às 8h