Ações de conscientização e atendimento à comunidade marcam dia mundial da saúde bucal na Bahia
No dia mundial da saúde bucal, estudantes do curso de odontologia retomaram projetos sociais, atenderam comunidade e realizaram feira de saúde na Bahia.
Estudantes da Faculdade Adventista da Bahia ensinam como evitar doenças e ter mais qualidade de vida através da higiene oral
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a cárie é a segunda doença mais comum do mundo. Manter a higiene oral ajuda a evitar problemas dos mais simples aos mais graves. Foi com esse propósito que a Federação Dentária Internacional (FDI) instituiu, em 2007, o Dia Mundial da Saúde Bucal, comemorado no dia 20 de março.
A Faculdade Adventista da Bahia foi a primeira instituição da Rede Adventista de Educação a implantar o curso de odontologia na América do Sul e o curso foi estabelecido com o propósito de atender as necessidades da comunidade e a incentivar o trabalho missionário nessa área.
Essa data(20) foi escolhida para dar início a mais um projeto de atendimento à comunidade, em que grupos de dez alunos estarão se dirigindo à uma cidade para realizar atendimento odontológico de restauração, cirúrgico e também de prevenção.
Neste domingo, trinta pessoas receberam atenção social no centro comunitário dirigido pela Igreja Adventista em Camaçari, no distrito de Cristo Rei, na Bahia. A população foi beneficiada e os atendimentos foram parte de uma série de conferências realizada pela Missão Calebe no local.
No mesmo dia, ocorreu uma Feira Vida e Saúde na cidade de Cachoeira-Ba e outro grupo de estudantes do curso esteve envolvido no atendimento à comunidade através de informações sobre cuidado com a saúde bucal, triagem e procedimentos básicos.
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Juan Barrientos, coordenador do curso de odontologia da Fadba fala sobre como conscientizar a população é fundamental para os alunos, para o curso e para a profissão. A maioria das doenças que são restauradas, que precisam de intervenção ou precisam do dentista, poderiam ter sido evitadas.
“Então nessas ações, os maiores atendimentos foram realizados na área de prevenção. Foram encontrados alguns casos de hipertensão, hiperglicemia, pacientes que estavam com um nível de açúcar muito alto no sangue e não puderam ser atendidos, pois demonstrava risco para a saúde deles naquele momento”, explica.
Isso serviu para conscientizar as pessoas sobre a importância de manter uma saúde geral estável. A preocupação não é só com os dentes, mas envolve o corpo todo. Juan conta que a partir dessas ações os alunos e os pacientes entendem na prática que o dentista não vai só atuar na área da boca, mas precisa ter uma visão completa, do corpo todo.
Outros projetos
Outras ações acontecem aos sábados, através do projeto “Eu amo a missão“, que assiste famílias da comunidade que são previamente cadastradas e recebem profissionais de diferentes áreas da Fadba. Os estudantes de odonto realizam triagens, orientações básicas de cuidado para todas as idades e direcionamento para a clínica escola em caso de necessidade.
O curso de odontologia da Fadba também é conhecido por envolver os alunos em projetos missionários em outras regiões. Além das ações mensais de feiras de saúde e projetos locais, o curso incentiva movimentos de longa duração em parceria com agências da Igreja Adventista do Sétimo Dia, como a ADRA e o Serviço Voluntário Adventista (SVA).
A clínica de odontologia da Fadba atende em média 150 pessoas por semana, entre crianças e adultos. São realizados todos os tipos de procedimento, desde os mais simples aos mais complexos. Parte dessas pessoas vieram através de ações de triagem na comunidade e todas recebem orientações sobre cuidados básicos e um kit de higiene bucal.
Odontologia e missão
Desde a formatura da primeira turma de odontologia da Fadba, dezenas de egressos decidiram participar de projetos voluntários, dedicando parte da sua atuação profissional ao trabalho missionário, ação promovida e incentivada desde a graduação, como explica o estudante Felipe Storch, que conclui o curso no final deste ano.
Felipe teve a oportunidade de participar de feiras de saúde por cidades do recôncavo, um projeto de missão realizado na Chapada Diamantina, atendimentos na clinica escola e serviços voltados à atenção básica no período de férias.
“Foi uma experiência incrível, que me tornou ainda mais apaixonado pela área da saúde. Sem dúvidas também fui beneficiado de alguma forma no contato com outras pessoas. Foi uma troca de experiências”, acrescenta.
Uma das maiores dificuldades relatadas pelo estudante durante os atendimentos é a falta de informação. De acordo com Felipe, em alguns casos, as pessoas não sabiam a forma correta de escovar os dentes, o que causava uma série de problemas bucais.
“Em algumas cidades era difícil o acesso à saúde para essas pessoas. Alguns informavam que o profissional de saúde passava mais de 3 meses sem ir ao posto de saúde para fazer atendimentos. Isso dificultava em encontrar vagas para ser atendidos”, relata.
Contexto histórico
Em 1988, ano de criação do Sistema Único de Saúde(SUS), ficou estabelecido que a saúde bucal é parte integrante da saúde geral do indivíduo e está diretamente relacionada às condições de alimentação, moradia, trabalho, renda, meio-ambiente, como também ao acesso aos serviços de saúde e à informação, sendo responsabilidade e dever do Estado a sua manutenção.
Segundo dados de 2018 do Conselho Federal de Odontologia (CFO), o Brasil é o país com maior número de dentistas no mundo, com mais de 312,4 mil profissionais da área e já alcançou a 2a colocação em produção científica mundial relacionada à área de odontologia.
De acordo com a Biblioteca Virtual em Saúde, vinculada ao Ministério da Saúde, a saúde bucal tem ligação direta com a manutenção da saúde integral e na qualidade de vida das pessoas. A boca exerce funções importantes, que refletem na saúde do organismo como um todo.
Higiene bucal
Além de exercer um papel fundamental na fala, na mastigação e na respiração, a boca é a maior cavidade do corpo a ter contato direto com o meio ambiente, sendo a porta de entrada para bactérias e outros microorganismos prejudiciais à saúde.
A saúde bucal é multifacetada e inclui a capacidade de falar, sorrir, cheirar, saborear, tocar, mastigar, engolir e transmitir uma série de emoções através de expressões faciais com confiança e sem dor, desconforto ou doença do complexo craniofacial.
Uma boa higiene bucal diminui o risco de desenvolvimento de problemas bucais e dentários. É importante ressaltar que as doenças da boca têm relação direta com o fumo, com o consumo de álcool e com a má alimentação.
O papel do profissional
A mais recente Pesquisa Nacional de Saúde, feita pelo IBGE em 2019 e divulgada em setembro de 2020, constatou que, dos 162 milhões de brasileiros acima de 18 anos, 34 milhões perderam 13 dentes ou mais. Pior: 14 milhões perderam todos os dentes.
Além disso, menos da metade dos brasileiros consultou um dentista nos 12 meses anteriores à data da entrevista. As consequências vão da perda dental até o acometimento de problemas de saúde mais graves.
O dentista tem um papel essencial por ser o primeiro profissional a identificar sinais relacionados a fatores de risco ao futuro possível aparecimento de doenças crônicas não transmissíveis, até mesmo casos mais graves, como o câncer bucal.
Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) mostra que são registrados aproximadamente 15 mil novos casos da doença no Brasil a cada ano. Desse total, cerca de 50% resultam em óbitos, por falta do diagnostico precoce.
Segundo estudo do Instituto do Coração(InCor), 45% das doenças cardíacas e 36% das mortes por problemas cardíacos estão relacionadas a infecções bucais não tratadas.
Responsabilidade social
O curso de odontologia da Fadba se propõe a realizar projetos sociais, feiras de saúde, pesquisas, estudos, triagens locais e os atendimentos básicos para que a população tenha acesso aos cuidados com a saúde bucal desde a infância até a fase adulta, com o propósito de contribuir para a diminuição de problemas futuros que seriam causados pela falta dessas orientações.