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Ação de voluntários leva dignidade para dependentes químicos

Aracaju, SE... [ASN] O álcool é a droga lícita mais consumida no Brasil, afirmam os especialistas. De acordo com o 2° Levantamento Nacional de Álcool e Drogas, estima-se que 11,7 milhões de brasileiros são dependentes de álcool. E não é preciso ir mu...


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Projeto leva respeito e dignidade para dependentes químicos

Projeto leva respeito e dignidade para dependentes químicos

Aracaju, SE... [ASN] O álcool é a droga lícita mais consumida no Brasil, afirmam os especialistas. De acordo com o 2° Levantamento Nacional de Álcool e Drogas, estima-se que 11,7 milhões de brasileiros são dependentes de álcool.

E não é preciso ir muito longe para confirmar as estatísticas. Em diversos pontos da cidade, em praças, calçadas, marquises é possível encontrar pessoas que estão privadas de praticamente tudo em decorrência do vício.

José César do Nascimento é uma dessas pessoas. Atualmente com 48 anos de idade, José bebe há mais de 31. Por conta da bebida já perdeu emprego, família e a dignidade. “Tudo começou com os amigos, amizade você sabe como é que é, uns chamam para um barzinho, outros chamam para tomar uma cervejinha e aí vai, quando você menos percebe já está tomando uísque, cachaça, ‘pedra 90’ e por aí vai. Quando eu conheci o álcool tinha 17 anos de idade, hoje tenho 48. Por causa da bebida perdi minha esposa e minha filha que ficaram em São Paulo. Depois disso, me envolvi ainda mais com o álcool”, declara triste.

Profissional do rádio, César, como é conhecido, possui registro como radialista e já atuou como locutor em diversas emissoras em Sergipe e em São Paulo, porém a força do vício o puxou para baixo, para a degradação, para a vergonha e o desprezo. Longe do mercado de trabalho, César passava os dias zanzando pela Praça Teotônio Vilela em frente à Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD) do Conjunto Ponto Novo em Aracaju (SE) onde foi encontrado por Sílvia Albuquerque, voluntária da IASD que desenvolve um projeto social que atende dependentes químicos em álcool.

De acordo com Sílvia, a ideia surgiu há alguns anos durante a realização de um evento na praça em frente à igreja. “Nós realizamos há quatro anos um evento denominado Natal Solidário, esse evento aconteceu na praça em frente à nossa igreja, praça que também abriga um número razoável de dependentes químicos em álcool. Fiquei comovida com a situação daquelas pessoas e decidi que deveria ajudá-las de alguma forma”, relembra Sílvia.

Desde então um grupo de voluntários da IASD organizados por Sílvia passou a realizar uma vez por semana um café da manhã na praça para essas pessoas. Atualmente, o grupo alcançado pela igreja é composto por quase 20 pessoas entre homens e mulheres que são recepcionados todas as terças-feiras na igreja para um desjejum, palestras e meditação na Bíblia. César afirma que esse simples gesto de solidariedade tem feito a diferença em sua vida. “O projeto é muito bacana, é muito importante mesmo. Dona Silvia teve a ideia de tirar a gente da praça, de chamar, de convidar a gente para ser acolhido na igreja. Foi uma pessoa de muita atitude ao colocar essa ideia em prática. A igreja me oferece ensinamento e aprendizado, e embora seja pouco tempo que a gente passa aqui, são momentos que fazem a diferença no meu comportamento, inclusive na maneira como atualmente eu trato o álcool e o fumo. Estou conseguindo diminuir o consumo dos dois gradativamente. Já estou limpo há quatro dias”, afirma César.

Ao todo sete voluntários atendem os acolhidos, que além do desjejum, das palestras e da meditação oferecem uma cesta básica mensal e cursos em pinturas e preparo de pães integrais. Hoje, César realiza pequenos trabalhos como pintor residencial e aos domingos atua como locutor voluntário em uma rádio comunitária. [Equipe ASN, Rogério César]